No dia 25 de outubro de 2024, a banda belga de Symphonic Black Metal Artefacts deu vida ao seu aguardado primeiro álbum completo, intitulado The Titan Chronicles, Pt. II: Lucius.
A formação da banda é composta por músicos experientes: Siegfried Mercelis (teclados e orquestrações) e Niklaas Reinhold (vocais), ambos com vasta experiência na banda Lemuria. Inclui também membros e ex-membros de Slaughter The Giant, Manic Movement, Lost Department e Valkyre.
Após o lançamento de dois singles e um EP, a banda apresenta ao mundo o primeiro capítulo de sua ambiciosa trilogia The Titan Chronicles. Este trabalho não é apenas um álbum, mas uma experiência sonora e narrativa de complexidade única, combinando a grandiosidade das orquestrações sinfônicas com a intensidade do black metal. Gravado, mixado e masterizado por Bram Dewachter e Tim Van Doorn no estúdio Big Dog Recordings, o som de Lucius une seu Symphonic Black Metal com toques de progressivo, criando uma sonoridade que transporta o ouvinte para um universo cinematográfico. Nos faz mergulhar em uma jornada épica com guitarras afiadas, baterias imponentes, vocais dramáticos e orquestrações de tirar o fôlego.
A banda vai além da música, construindo uma narrativa grandiosa que se desdobra em desdobra em um mundo onde os destinos de heróis e vilões se entrelaçam, levando os personagens a enfrentarem as consequências de suas escolhas em um cenário de guerra e destruição.
Lucius é uma obra de 72 minutos dividida em 9 faixas, cada uma oferecendo uma experiência imersiva e envolvente, que alternam entre momentos de intensa brutalidade e passagens melódicas de beleza impressionante. Embora seja tecnicamente o segundo álbum da trilogia, ele se apresenta de forma intrigante como a primeira parte da história, o que adiciona um mistério à narrativa. Acompanhe!
Análise faixa a faixa:
- Prologue: Gods And Mortals – 3:48
A introdução do álbum é sombria e cinematográfica, iniciando com um clima de tensão. A música, curta e envolvente, traz tambores, coros e elementos que lembram uma trilha sonora celta, ou viking, talvez, criando uma atmosfera perfeita para imergir o ouvinte no universo do álbum. Seu piano, orquestrações imponentes e coros contribuem para a construção de um clima épico e narrativo.
- Nephereth – 7:47
Esta faixa dá continuidade à tensão do início, mas logo se intensifica com guitarras e os vocais brutais de Niklaas Reinhold. A voz transita entre growls e narrativas profundas, enquanto as orquestrações de Siegfried Mercelis intensificam o drama. A letra oferece uma jornada épica e trágica, com um protagonista que enfrenta forças externas e internas, buscando redenção e propósito diante de uma dor avassaladora.
- The Tower Of Irth-Anshar – 7:19
Começando com uma melodia introspectiva de piano, essa faixa se transforma em algo épico, com uma energia cativante e riffs poderosos. O refrão é memorável, e a alternância de crescendos orquestrais e intensidades instrumentais mantém a faixa interessante, mesmo sendo longa. A letra reflete sobre a fragilidade da lealdade, corrupção e a busca por justiça, enquanto a queda de Irth-Anshar simboliza a destruição causada pelo mal e as consequências das escolhas feitas no universo fictício.
- Dragonfall – 13:19
A faixa mais longa do álbum, e apesar de eu geralmente não ser fã de músicas tão extensas, ela realmente me conquistou. Sua estrutura conta uma história rica, alternando entre momentos sombrios e rápidos, com vocais intensos e coros que acrescentam emoção à narrativa. Essa música oferece uma experiência épica e é uma das joias desse álbum. A letra explora temas como moralidade, heroísmo e sacrifício, focando na luta entre a escuridão e a luz. A jornada de Lucius e Asmael contra forças como Dorghul reflete sobre como poder, vingança e destino moldam tanto indivíduos quanto civilizações, onde a vitória sempre vem com um preço elevado.
- Interlude: Her Brine Embrace – 5:59
Esta música funciona como uma pausa melódica, um “novo capítulo” na história do álbum. Sons de mar e pássaros criam uma atmosfera tranquila e, ao mesmo tempo, épica, remetendo a uma jornada marítima, antes de nos preparar para a segunda metade do álbum. É um interlúdio que ativa a imaginação e transmite a sensação de chegada a um novo destino.
- The Path of No Return – 12:36
A segunda faixa mais longa do álbum tem um início melancólico, marcado por chuva e piano, a música gradualmente se transforma em uma jornada épica. A crescente agressividade vocal e a mudança entre momentos rápidos e calmos criam uma atmosfera envolvente, com um refrão que eleva a canção. Há uma quebra interessante com vocais limpos e melódicos, além de quebras de tempo no instrumental, que enriquecem ainda mais a faixa. A inclusão de vocais femininos também adiciona uma camada cativante. A letra reflete sobre a fragilidade da moralidade humana, explorando como a traição e a perda podem levar à destruição pessoal. O final trágico de Lucius, que percebe tarde demais o peso de suas escolhas, ilustra a irreversibilidade das ações e o preço da decadência.
- Augur the Age of Darkness – 11:10
Esta faixa se inicia com um clima misterioso e evolui para um cenário épico e brutal. Ao redor dos 5 minutos, há uma transição para uma parte mais densa e com mais peso, culminando em um segundo movimento que aumenta ainda mais a intensidade. A letra reflete sobre poder, engano e a luta entre forças opostas pelo controle do mundo, enquanto questiona as noções de heróis e vilões e as consequências de escolhas irreversíveis.
- Corruption (Glory For The Fall) – 8:07
Com uma base de Black Metal, mas incorporando elementos quase de um power metal, essa faixa é rápida, pesada e impactante. Acho que tenho a minha favorita aqui! A letra explora a corrupção da alma humana e as consequências das escolhas feitas, abordando a busca por redenção, mas também reconhecendo que algumas ações não podem ser desfeitas. O tema central é a inevitabilidade da queda, mesmo diante da busca por glória final.
- Epilogue: For The Dead And The Undying – 5:18
O final do álbum é uma canção quase inteiramente instrumental, com uma voz feminina que surge na metade da música, acompanhando o instrumental de forma etérea. Os riffs de guitarra são rápidos e marcantes, criando uma sensação de conclusão. A música, fluida e melódica, é um fechamento imersivo e triunfal para a narrativa épica do álbum, trazendo uma sensação de fechamento com toques de grandiosidade.
Considerações Finais:
A banda não economiza esforços em nenhum aspecto: orquestrações grandiosas, coros poderosos e muita intensidade. Realmente me prendeu! É uma experiência imersiva que combina música, narrativa e visuais, criando algo verdadeiramente especial. Ele desperta a imaginação. Percebemos realmente suas influências de bandas como Dimmu Borgir, Cradle of Filth, SepticFlesh e Fleshgod Apocalypse, mas os Artefacts construíram sua própria identidade, com um enfoque progressivo e uma ambição narrativa que se destaca no gênero. É complexo. É verdadeiramente ÉPICO!
Este álbum de estreia estabelece um novo padrão não apenas para os próximos capítulos de The Titan Chronicles, mas também para o black metal sinfônico como um todo. Com uma riqueza de detalhes, qualidade de composição e execução técnica excepcionais, Lucius se posiciona como um álbum essencial para os fãs do gênero.
A capa do álbum, que ilustra o confronto entre o protagonista Lucius e o Titã aprisionado por milênios, complementa perfeitamente o conceito épico da história.
Para aqueles que apreciam obras ricas, complexas e de alta qualidade, Lucius é uma audição obrigatória. Agora, com grande expectativa, aguardamos o desdobramento das próximas partes dessa trilogia épica.
Apoie a banda: