Ebola in Liberia

Novamente a humanidade entra em alerta máximo, e novamente é contra um inimigo que não é visível a olho nu, que não pode ser combatido da melhor maneira que a espécie humana sabe combater, mais uma vez esse inimigo não pode ser detido por munição letal e muito menos com bombas atômicas ou de nêutrons. Novamente o inimigo é uma bactéria, um vírus, tão pequeno quanto nossa medíocre percepção de unidade como espécie, ao contrário do nosso novo , velho inimigo, que a milhares de anos vive em uma unidade tão grande que se torna um, se adapta e muta quase que instantaneamente mesmo estando em hospedeiros diferentes.

Mais uma vez o continente mais prejudicado é o mesmo que mais foi explorado, mais usurpado, estuprado, devastado ideologicamente, politicamente e massacrado culturalmente, a África. Novamente avalanche de preconceitos recai sobre os filhos da África, novamente morrem em sua terra por um vírus duvidosamente surgido lá, e novamente, ironicamente “limpa” o continente de suas raízes, novamente varre a pele negra que se amontoam como sacos de lixos infectados nas portas de hospitais que na verdade são depósitos aonde se amontoam homens, mulheres e crianças de todas as idades.

Basta fazer uma visita em um desse locais que chamam de hospitais, basta ver os relatos do povo nativo que morre aos montes sem ter muito que fazer e nem muito que esperar, e sabem por quê? Estamos falando da África o continente esquecido pelos mesmos que usurparam , exploraram e sugaram tudo que lá tinha, reviraram todo o continente, culturalmente, religiosamente, ideologicamente… E deixaram-na para trás.

Entre em um desses locais e verá homens mortos no chão esperando a retirada de seus corpos retorcidos, lembranças do momento final do sofrimento, enfermeiros, alguns sem luvas, sem material adequado para a situação, em meio a fluidos corporais que escorrem pelo chão até a porta. Uma menininha de aproximadamente 4 anos caída no chão envolta em seu próprio mijo, com a boca sangrando com os olhos abertos, estalados, baldes de vômitos, crianças deitadas ao lado de corpos que antes eram seus Pais e Mães, são limpos com cloro, o mesmo cloro que limpa o chão…

Makeni ( Serra Leoa ) esta devastada pela doença, ai o governo com apoio das nações que fazem parte da campanha humanitária, coloca uma grande área em quarentena, porém as pessoas morrem a espera … Morrem sentados sob uma árvore, morrem nos centros de isolamentos, hospitais fétidos, inundado por poças de dejetos infecciosos, sendo tratados por enfermeiros sem preparo algum, sem conhecimento técnico na prática apenas um treinamento via Power Point!!!

O mundo manda ajuda, norte americanos, chineses, é verdade, mas o Ebola vem ganhando a guerra. Graças ao descaso do Ocidente, que esperou a doença bater em sua porta, invadir seu território para ai sim se mostrarem preocupados, a ajuda humanitária seria trocada por um bombardeio atômico no continente, é o desejo de muitos Países Europeus, que olham para o continente com o mesmo olhar de ave de rapina de seus antepassados, ainda sentem o cheiro do Ouro, da Prata e dos metais preciosos, eles são mais valiosos do que os corpos Negros apodrecendo ao ar livre. Enquanto indústrias farmacêuticas travam uma verdadeira corrida, não para salvar os povos africanos, mas para lucrarem milhões com monopólios e financiamento de pesquisas, que ao final irá favorecer apenas as nações ricas, ex – imperialistas (ex??? acho que ainda o são), enquanto a áfrica morre seus filhos são discriminados e sofrem agressões físicas e psicológicas mundo a fora. Vejamos o caso aqui do Brasil, Cascavel, aonde o biólogo Abdoulaye Telly Diallo é hostilizado nas ruas, se ele senta em um restaurante, pessoas se levantam e chegam ao ponto de falarem para ele sair do local, e chegou a perder a chance de trabalho quando informou sua origem… Guiné.

Até os imigrantes Haitianos, que nunca tiveram um único caso em seu País estão sendo hostilizados.

Ai se analisarmos nossa nova sociedade brasileira, nosso histórico racista e xenofobico, fica claro e cristalino que o preconceito não é receio e o ódio racial pelos descendentes de escravos é latente, com Ebola ou sem Ebola a vida na África nunca foi fácil, desde a chegada dos Europeus por lá, e todo povo espalhado no mundo pela diáspora, sofre ainda hoje os preconceitos de pessoas que não conseguem entender a diversidade humana e pior ainda, não consegue perceber que o capitalismo, que o sistema constituidamente global , não deixa espaço para os povos que eles mesmos massacraram , jogaram na miséria, que foram destruídos ideologicamente, geograficamente e humanitariamente… ou seja, eles seguem o plano do século 18, exterminar com aquele “probleminha” de o que fazer com os escravos agora livres!? Desde o início a idéia foi exterminá-los do mundo civilizado, negar acesso e deixa-los morrer pelo “veneno” Europeu.

A Ebola destrói a África, os Europeus destruíram á África,os Norte Americanos exploram a África, os Brasileiros exploram a África.

 

Por Panda Reis  –  [email protected]

Facebook - Comente, participe. Lembre-se você é responsável pelo que diz.