Uma entrevista exclusiva com a banda de heavy metal mais irreverente da Itália
Formação:
O Profeta – Voz e Controle das Massas
A Fera Assanhada – Guitarra e Serrotes Elétricos
O Anão Merlino – Coros, Coreografias e Ritos Vudu
O Carrasco Maléfico – Coros, Teclados, Coreografias e Machado Sangrento
O Alquimista Sombrio – Baixo e Poções Erradas
O Orco Cruel – Bateria, Medo e Maldade
O Infame Cruzado – Guitarra, Torturas e Pés Sujos
No vasto panorama da música metal italiana, Gli Atroci representam uma exceção única, unindo ironia e teatralidade a uma paixão genuína pelo Metal. Ativa desde 1995, a banda de Bolonha se tornou um verdadeiro culto para os fãs, graças aos seus shows icônicos e letras cômicas que brincam com os estereótipos do gênero. Com uma discografia rica em músicas memoráveis e colaborações extraordinárias, Gli Atroci continuam a provar que a música pode ser tanto uma experiência divertida quanto um ato de fé.
Nesta entrevista exclusiva, os membros da banda compartilham sua missão, experiências surreais e planos futuros, levando adiante o Evangelho do Metal com uma devoção única.
A origem de um culto musical
Como nasceu o projeto “Gli Atroci”? Qual foi a fagulha que levou vocês a unir o heavy metal com a ironia?
“Foi o Metal que nos guiou até este mundo mortal. Viemos da 5ª dimensão e, ao observar vocês, percebemos que o planeta Terra estava — e ainda está — infestado de muita música que não é Metal. Isso é simplesmente inaceitável, e por isso descemos entre vocês.”
A banda se apresenta como uma entidade extradimensional com uma missão clara: defender o Metal autêntico e difundir seu culto.
Inspirações e criatividade sem limites
Quais artistas ou bandas mais inspiraram o estilo musical e a atitude de vocês no palco?
“São os outros artistas que se inspiraram em nós, às vezes até inconscientemente. Se neles corre Metal verdadeiro, então eles são dignos de existir!”
Como nasce uma música de Gli Atroci? Vocês começam com o texto, a música ou uma ideia divertida que querem desenvolver?
“Não temos um método fixo e utilizamos todos os métodos que você mencionou, mas obviamente tudo começa com o Metal que nos permeia.”
A abordagem espontânea da banda também se reflete na preparação de seus shows ao vivo, caracterizados por uma teatralidade única.
Os shows de vocês são muito cenográficos e teatrais. Quanto tempo dedicam para preparar os espetáculos, e como os planejam?
“Tudo acontece de forma muito espontânea e não deve haver pressão ou esforço. Quando sentimos esses elementos negativos, então temos a prova de uma tentativa de infiltração “truzza” e imediatamente afastamos isso de nós.”
Ironia e mensagens imortais
Em um panorama musical muitas vezes sério, qual é a principal mensagem que vocês querem transmitir com a sua ironia?
“Onde há Metal, há música verdadeira e fé verdadeira. Quem sabe unir o que é justo ao que é alegre terá vida eterna!!!”
Uma mensagem que se traduz em momentos hilários tanto no palco quanto no estúdio.
Qual foi o momento mais divertido ou surreal da carreira de vocês, seja no estúdio ou durante os shows?
“Sem dúvida, ao vivo, quando algo dá errado. Por exemplo, alguém já caiu do palco por não perceber que estava no limite. Uma noite, em comemoração a um aniversário, tivemos uma bela guerra de tortas na cara, para a alegria do público. Alguém rasgou as calças no meio de uma música, e outro, ao tentar dar um high five em um fã na primeira fila, acertou direto no olho dele.
No estúdio, sem dúvida, os erros ao tentar executar as partes. Algo memorável, especialmente para o público italiano, foi a inesquecível sessão de gravação com o lendário Alvaro Vitali, o número um absoluto das comédias sexy italianas dos anos 70. Um grande profissional, com uma enorme experiência.”
Colaborações e público
Vocês colaboraram com diversos artistas italianos de destaque. Qual foi a colaboração mais significativa para vocês, e por quê?
“Além do já mencionado Alvaro Vitali, gostaríamos de lembrar o saudoso Freak Antoni, a voz dos Skiantos. Ele é o pai e o primeiro criador do gênero ‘demencial’ como o conhecemos hoje. Antes dele, essa palavra tinha apenas o significado ‘médico’. Todos nós o consideramos um verdadeiro intelectual, e recomendamos também sua produção literária.
Outra figura de grande importância é Pino Scotto. Ele é, por excelência, o nome histórico do Metal italiano e é uma pessoa autêntica, exatamente como parece ser. Michele Luppi, dos Whitesnake, é um grande amigo há muitos anos, e com ele sempre temos performances de altíssimo nível.”
Como o público reage à música e ao humor de vocês? Vocês já receberam algum feedback inesperado ou particularmente curioso?
“O retorno é sempre positivo, porque onde há Metal, há beleza e positividade. Temos um público variado e cheio de aparências ‘loucas’, mas, pensando bem, quem pode realmente se considerar normal ao refletir sobre isso?”
O futuro do Metal e de Gli Atroci
Na opinião de vocês, qual é o estado atual da cena metal na Itália? Há algo que vocês gostariam de ver melhorado?
“A cena melhorou em relação ao passado, mas ainda sofre com a falta de público, e isso dificulta o crescimento de todas as estruturas que poderiam apoiá-la (casas de show, gravadoras, agências…).”
O que está por vir para o futuro de Gli Atroci? Novos álbuns, turnês ou projetos especiais no horizonte?
“Estamos, obviamente, trabalhando em novas músicas, com algumas ideias que são novas para nós, mas com toda a calma de que precisamos. Queremos lançar material novo de uma forma que seja adequada ao nosso estilo. Um grande ‘Metalsaluto’ a todos os leitores de culturaempeso.com, e quem sabe um dia possamos espalhar nosso Verbo em seu maravilhoso país!!”
Ursus Production: A nova realidade da organização musical
Gli Atroci foram protagonistas de inúmeros eventos organizados pela Ursus Production, mais uma vez demonstrando como sua música e estilo têm o poder de energizar o público e apoiar a cena underground com paixão e energia.
A Ursus Production, de Marino Tarabocchia, é uma empresa jovem e dinâmica, fundada em 2024 em Trieste, com o objetivo de revolucionar a organização de eventos musicais. Especializada no suporte a realidades underground, a Ursus Production foca principalmente no norte da Itália, trazendo ao palco bandas locais e estrangeiras em parceria com a Mostro Production, de Carlo Balasini.
Unindo experiência e paixão, essas duas realidades trabalham juntas para promover a música independente e criar uma cena mais inclusiva e vibrante. Sua dedicação ao setor representa uma grande oportunidade para quem vive de música e para os fãs em busca de experiências autênticas.
EXTRAS
A banda se forma em Bologna em 1987 como um projeto de estúdio e se torna ativa ao vivo apenas em 1995. Um dos primeiros grupos na Itália a misturar sonoridades metal com letras cômicas, Gli Atroci rapidamente se destacam na cena underground, com demos elogiadas como Capra Vagante (1995) e L’Era del Metallo Bianco (1996). A combinação de elementos medieval-fantásticos com estereótipos exagerados do metal garante à banda uma identidade única e a atenção do público e da crítica. Com o primeiro álbum homônimo lançado em 1999, que se tornou um clássico, a banda consolidou hits como “Peppino l’Usuraio” e “I Guerrieri del Metallo” com a colaboração de Freak Antoni (Skiantos). Seguiram-se outros álbuns marcantes, como L’Armata del Metallo (2004) e Metallo o Morte (2009), sempre com participações ilustres como Pino Scotto e Michele Luppi. Após uma pausa de dez anos, Gli Atroci retornam em 2019 com Metal Pussy, e em 2022 lançam o EP I Grandi Insuccessi – Volume 666, seguidos pelo EP Riesumazioni em 2024, que revisita sucessos antigos com novas versões. Com uma formação variada e um estilo irreverente, Gli Atroci permanecem uma entidade imortal dedicada ao Metallo.
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