No passado sábado realizou-se a edição do Guillman Fest 2023, as portas abriram muito cedo revelando um nível de produção muito avançado quer a nível de palco, equipamento e som. Não é segredo para ninguém que devido à alta recessão que o país vive desde a morte do ex-presidente Chávez em 2013, todas as produções do país tiveram um declínio, assim como as produções de eventos de metal. Por esta razão, a criação e realização deste festival não é apenas uma luta para manter os festivais vivos, mas também uma luta para manter o metal vivo para as novas gerações.
Uma anedota engraçada e muito peculiar da minha infância, foi que quando eu tinha 16 anos costumávamos ir aos festivais de metal em Barquisimeto e chamávamos aquele estado venezuelano ocidental, Barquisimetal e agora Valência provou ser a capital do Metal, carregando vários festivais.
A banda de Death Metal mais antiga da Venezuela começou a abrir o palco, DEATH MORTOR, seguido por death metallers melódicos COLLATERAL DETRIMENT… À medida que a tarde avançava, mais pessoas de diferentes estados chegavam, os grandes nomes do Heavy Metal subiam ao palco ALLUVION.
nos deliciando com sucessos como “Marquês de Sade” e”La maldición del Faraon de Tutancamon”.
Eram 4:00 da tarde, o clima estava a nosso favor, comandados por Ennio di Marco, deram entrada a mais uma banda expoente do Heavy Metal: HORUS, com sua famosa música “El inmortal”, com uma voz de timbres impecáveis.
Foi o momento de uma das bandas que o público mais gostaria; divulgando seu mais recente álbum: Feliz de morir, com GABRIEL ARCANHELL, (Vocalista), LUIS CELIMENE (Guitarra), JOHAN MALDONADO (Guitarra), ARGENIS ÁLVAREZ (Baixo), HUMBERTO MÁRQUEZ (Bateria), os grandes expoentes do metal estavam quebrando o palco .
Lembremos que Gabriel Arcanhell além de vocalista do WOR, é também seu designer gráfico, Diretor Audiovisual de seus videoclipes e foi quem desenhou a capa do single “Amigos” de Alto Voltaje.
Ele é um artista completo e isso foi visto não só na música do WOR, mas também na encenação do mesmo, alguns integrantes usavam flanelas alucinatórias para a banda como promoção, tinham dois outdoors com o logo nas duas pontas do palco e houve mudanças de figurino por parte do vocalista para cantar “God of War” que seria lida ao fundo, NO A LA GUERRA, SI A LA PAZ.
Resumindo, podemos dizer que os WOR deixaram tudo em palco como sempre e mostraram-nos o quanto estão empenhados no metal e em continuarem ativos como banda. 10/10.
A voz indiscutível de Alto Voltaje, que muito nos lembra Axel Roses, nublou-nos com o seu Hard Rock, que gravou o seu videoclip ao vivo, que fez estremecer os fãs; Na hora de interpretar a música “Friends” pôde-se apreciar a execução perfeita dos instrumentos, comparando com a versão de estúdio.
A encenação da banda foi bem produzida, todos os integrantes vestidos de acordo com a temática tanto de seu gênero quanto de suas letras, houve uma pequena deficiência na hora da projeção das imagens no telão, pois muitas vezes apenas o logo com o efeito glitch, logotipo muito bom por sinal e um ou outro design muito bem executado.
Na execução 8/10, na encenação 10/10, na produção Audiovisual, um pouco deficiente.
A luz estava escondida e o Sr. KASINO nos encantou na bateria e sendo o vocalista ao mesmo tempo, seu filho dividiu o palco com ele, com sua marcante guitarra Hello Kittie, eles tocaram suas músicas mais icônicas. De referir que não houve muita produção gráfica e audiovisual no palco, embora tenhamos visto no caso da WOR que havia outdoors no palco, juntamente com projeções com desenhos profissionais, nesta ocasião a produção foi um pouco deficiente.
Mas o virtuosismo da guitarra ganha muito crédito 6/10
Já era noite, o festival cumpriu integralmente os horários estipulados, as pessoas comportaram-se impecavelmente e não houve qualquer problema em matéria de segurança, refira-se que fomos a única imprensa internacional presente no festival.
Chegou a hora da apresentação de uma das bandas favoritas da noite deste editor, a pesada e crua banda ODIN.
A multidão havia crescido e a banda de metal mais ativa da Venezuela estava no palco, no momento de interpretar seu single, “Sueño o Realidad” você podia ouvir a forte potência do pedal duplo junto com o baixo e a voz carregada de força e poder dos grandes da ODIN, uma experiência incomparável.
Vale ressaltar que o sistema de iluminação e os VJS que foram exibidos no telão foram muito bem produzidos, por sua vez os integrantes estavam com maquiagem de guerra e roupas nórdicas, o que criou uma boa encenação para complementar suas letras e seu posicionamento ideológico e mitológico. 10/10
Estas deram lugar a uma das bandas mais esperadas da noite pelos mais novos da casa, aqueles que viriam a fechar o cartaz das bandas nacionais. GUILLMAN, posso dizer que essa banda teve o show mais produzido, iluminação totalmente programada que combinou o tom da luz com a música que estavam tocando.
As guitarras, baixo e bateria eram estridentes como anos atrás e os lyric videos da projeção acompanhavam a música, junto com imagens que acompanhavam as canções, como “El DR. Kanoche”.
E o tão esperado momento chegou, os brasileiros, novos donos do Death Metal, aqueles que fizeram sua apresentação no Wacken e assinaram com a Napalm Records, estariam fechando: CRYPTA.
Como sempre, seu som impecável fez todos os metaleiros tremerem com sua música KALI, aquela destruidora de egos, libertadora de almas, UMA MULHER!
A encenação das brasileiras, como sempre, está impecável, insinuando com suas vestimentas a força que o Death Metal tem tanto nas letras quanto na sonoridade.
É a segunda vez que as brasileiras se apresentam em solo venezuelano e o público ficou mais do que feliz com sua apresentação e seu som potente. Podemos supor que as novas gerações de meninas vão querer seguir seus passos e ser musicistas em vez de donas de casa . Temos uma geração importante de alívio para o metal e para a paridade de gênero não só na música, mas também no metal, por isso é tão importante o papel que essas meninas estão desempenhando, se apresentando constantemente em vários festivais e produtoras, abrindo espaços para elas pela sua máxima difusão, não só porque são impecáveis no que fazem, mas também porque o metal tem uma cara nova e é a das mulheres.
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