Segundo dia do Hell Of A Weekend! Dia dedicado ao punk rock e ao hardcore mais melódico, mas nem por isso menos agitado, menos caótico ou menos zangado! A juntar a isto uma estreia absoluta em Portugal há muito aguardada, falamos dos míticos Descendents mas já lá chegaremos.
A abertura da noite contou com sangue novo, jovens na idade e jovens enquanto banda. Os Overcrooks são uma banda luso brasileira com influências do punk rock e hardcore dos anos 80 e 90, e paixão pelo skate (algo que aliás está patente no nome da banda, sendo que overcrook é uma manobra deste desporto), a energia própria do seu estilo musical é uma constante ao longo do concerto que deram na noite de domingo no LAV. A ajudar à associação do skate com o punk rock estavam expostos dois skates em palco. Com um álbum lançado em 2023 de seu nome “Skate Rock Don´t Let Me Sleep” que acabou por ser tocado na integra abrindo com “Immigrant Life”. À semelhança do 1º dia com os Last Hope, também os Overcrooks tiveram uma parte significativa do publico a ver de perto a sua atuação formando também alguns momentos de mosh. Na reta final surge “Whole Lot Less” cover a Sub Society e o curto mas dinâmico set da banda termina com “Skate Destruição” seguida dos devidos agradecimentos à organização e publico presente.
Setlist
Immigrant Life
I Really Wanna
What´s All About
Devils Toy
Backyard Bowl
Someday You´re Gonna Die
Mental Revolution
Whole Lot Less (Cover Sub Society)
Session In The Abyss
Live 4 Today
Skate Destruição
A banda que se segue apesar de vir de longe já começa a conhecer os cantos à casa, falamos dos suecos Misconduct que já por cá tinham andado em Outubro durante o Lisbon Tattoo Rock Fest, e que pelos vistos por vontade dos próprios voltarão em breve. Apropriadamente o tema de abertura foi “Family” do disco “One Step Closer”, isto porque os Misconduct já nos começam a considerar família, não é descabido visto que grande parte do publico mostrava conhecer o trabalho da banda, cantando em conjunto com o vocalista Fredrik Olssen. Além da energia debitada em palco na forma de vários saltos, são diversos os recados deixados pelo frontman, como banda ativista que são preocupam-se com o estado atual do planeta, seja a nível politico ou ambiental como ficou patente em “Peace, Love & Unity” dedicada ao trabalho da Greenpeace.
Com quase 3 décadas de existência os suecos trouxeram na bagagem temas de praticamente toda a discografia, no entanto foi do álbum de 2013 “Blood On Our Hands” que mais temas foram tocados, “Blood On My Hands”, “Just A Second” ou “Never Going Down” são exemplos desses temas com bastante adesão do publico no sing along! Com um “à vontade” suficiente perante o publico português, os Misconduct estrearam um tema novo (“Stunder Som Har Flytt”) cantado em sueco! Escusado será dizer que aqui ninguém arriscou cantar com a banda. “No Boundaries” levou a mais um momento alto com o frontman a relembrar que só sem divisões e limites poderá haver união entre todos os seres humanos. No final ficou então a tal promessa de nos voltarmos a ver em breve!
Setlist
Family
Ready To Go
Just A Second
Blood On My Hands
Hell Song
Punk Rock Holiday
Solution
Closer
Stunder Som Har Flytt
No Boundaries
Never Going Down
Bro
Peace Love & Unity
Naya
A terceira banda da noite sofreu com alguns problemas técnicos, que atrasaram a sua atuação alguns minutos, mas que nem por isso ensombrou a prestação dos A Wilhelm Scream. A banda de New Bedford do luso descendente Nuno Pereira conseguiu rapidamente fazer com os tais problemas técnicos fossem esquecidos, ou não estivéssemos a falar de uma das bandas de hardcore melódico mais promissoras dos últimos tempos. Com uma legião de fãs bastante ampla, os AWS têm fama (e o proveito) de proporcionar concertos de uma energia brutal! E foi isso que aconteceu, nenhum dos elementos da banda se mantém muito tempo no seu lugar percorrendo o palco a grande velocidade executando vários saltos com as respetivas guitarras. Os fãs, esses respondem à letra com crow surfing e mosh constantes.
Temas recentes como “GIMMETHESHAKES” ou “Be One to No One” do ultimo trabalho da banda “Lose Your Delusion” (2022) elevaram ainda mais a atuação da banda. São vários os agradecimentos feitos num português com sotaque americano bastante cerrado, que Nuno Pereira faz ao publico, bem como um pedido de desculpas pelo contratempo inicial “Isto tá fo**do, tá!” brincou o vocalista, mas já estava tudo mais que esquecido e animação continuou em palco e no pit. “Ruiner” (2005) foi particularmente bem representado no set escolhido, com 4 temas a serem tocados, a começar logo pelo tema de abertura “Me vs. Morrisey in the Pretentiousness Contest” mais tarde a meio do set “The Kids Can Eat a Bag of Dicks” e finalizando “The King is Dead”. Mais uma vez a prestação dos AWS foi irrepreensível e cheia de energia, os próprios sabiam que a banda mais esperada eram os Descendents mas nem por isso deixaram de dar tudo em palco!
Setlist
Me vs. Morrissey in the
Pretentiousness Contest (The Ladder Match)
I Wipe My Ass With Showbiz
GIMMETHESHAKES
Killing It
Be One to No One
The Kids Can Eat a Bag of Dicks
Boat Builders
The Last Laugh
Anchor End
The Horse
Figure Eights in My Head
Famous Friends and Fashion Drunks
The King is Dead
Foram muitos anos de espera (quase tantos quanto os de existência da banda) para podermos ter finalmente os míticos Descendents a tocar em Portugal, quem se deslocou ao LAV no domingo dia 21 de Julho não escondia a felicidade no rosto. Quem também se mostrou muito feliz por cá estar foi a própria banda logo a partir do momento que entrou em palco com acenos e sorrisos para o publico. Da prestação da banda à setlist escolhida tudo foi irrepreensível, parecia que nos queriam dizer “estivemos este tempo todo sem cá vir, mas têm aqui estas 30 e tal malhas que tão depressa não vão esquecer”! E assim foi, temas mais ou menos recentes como “Feel This” de “Hypercafium Spazzinate” (2016) que abriu o concerto dos Descendents perfeitamente entrosados com clássicos como “Hope” ou “Silly Girl” que se seguiram de imediato.
Foi assim que durante uma hora e picos, clássico atrás de clássico, um LAV quase esgotado saltou, dançou e fez crowd surfing como se não houvesse amanhã. Fomos presenteados com uma boa parte dos temas de “Milo Goes To College” (1982) o seminal disco da banda, tido como um dos melhores do género. “Bikeage”, “I´m Not a Punk” e “Myage” foram todas cantadas a plenos pulmões pelos fãs da banda. “All” (1987) o álbum que juntou a atual formação também não foi esquecido e mais uma vez temas como “Clean Sheets”, “Coolidge” e a curtíssima “No,All!” fizeram as delicias de todos. No meio disto tudo, Milo, Bill, Stephen e Karl não acusam cansaço e mostram a cada musica que tocam que após mais de 4 décadas é isto que os mantem vivos! Milo fez mesmo questão de descer ao fosso e misturar-se com o publico partilhando o microfone em várias musicas. De mencionar também os temas tocados de “Everything Sucks” (1996), único trabalho da década de 90 que reuniu a banda após um hiato de 8 anos e que é particularmente apreciado pelos fãs. Desde o sing along em “I´m the One” ao circle pit formado em “Coffee Mug”, todo o espirito da década esteve lá! Na reta final, durante “Subarban Home” o microfone de Milo voltou mais uma vez a percorrer o publico e a atuação viria a terminar com “Smile”. Após uma breve saída de palco com alguns acenos ao publico, a banda voltaria a entrar novamente para um encore de mais 4 musicas, encerrando definitivamente com “Get The Time” deixando todos extasiados e com a esperança de que a despedida seja mesmo só um até já!
Setlist:
-Feel This -No, All
-Hope -Without Love
-Silly Girl -Myage
-I Like Food -When I Get Old
-On Paper -Coolidge
-Wanna be Bear -Coffee Mug
-Clean Sheets -I Don´t wanna Grow Up
-Everything Sux -I´m The One
-Nightage -Bikeage
-Victim of Me -Thank You
-Nothing w/ You -Suburban Home
-I’m Not a Punk -Smile
-Rotting Out Encore:
-My Dad Sucks -Good Good Things
-Van -Global Probing
-‘Merican -Grudge
-Weinerschnitzel -Get The Time
Para quem já não acreditava que tal noite viesse a ser possível, a Hellxis Agency provou o contrario ao arriscar e ser diferente. As duas noites do Hell Of A Weekend ficarão na memória de quem esteve presente, a vontade de que se volte a repetir é também uma certeza! Vemo-nos para o ano?