Sob um calor que prometia exigir muito bloqueador, viveu-se uma nova jornada do Knotfest no Chile, desta vez celebrando os 25 anos do álbum de estreia homônimo da banda, com convidados à altura da celebração. O evento aconteceu no novo Parque do Estádio Nacional, uma área situada ao sul, atrás do Estádio, em uma superfície plana de tamanho aproximado a metade da pista de atletismo do recinto. Com capacidade para mais de 30 mil pessoas, como nesta edição, reuniu uma diversidade de pessoas de várias idades e estilos, transformando-se em algo além de um simples festival. Que se torne, esperamos, um evento familiar para desfrutarmos nos próximos anos.

Poppy apresentou um show sólido, com um excelente som e potência, diante de uma grande quantidade de público presente. Uma garota doce com uma alma de Marilyn Manson, que conquistou um público fiel, fazendo-o cantar e dançar suas músicas, com transições que iam desde uma melodia suave que até lembra Beach Boys, até uma brutalidade inusitada. O público já começou a dançar logo de entrada com o cover de Bad Omens: V.A.N.. Fica claro que a youtuber sabe como interagir com a plateia, a qual ela conquistou durante toda sua apresentação.

BabyMetal foi a surpresa do festival. Para quem não conhece a cultura japonesa, a banda pode parecer uma novidade, mas no Japão já é comum a formação de bandas do tipo “idols”, que cantam e fazem coreografias. No entanto, nenhuma havia antes adotado o estilo de música pesada. Agora, existem outras bandas com essa abordagem, como Maximum the Hormone (que já visitou nosso país) ou Creepy Nuts, mas nenhuma com garotas dançando ao ritmo do som pesado. Eu não imaginava a quantidade de fãs que elas tinham em nosso país: o público cantou, pulou e obedeceu aos comandos das meninas, que pediam para aplaudir ou formar mosh pits, resultando em um espetáculo amplamente apreciado. Foi incrível ver a quantidade de fãs, incluindo “machos barbados” com camisetas da banda. A apresentação foi refrescante, completa e verdadeiramente arrasadora. A única coisa incômoda foi a quantidade de poeira levantada pela loucura que provocaram com faixas como Megitsune, RATATATA e, claro, Gimme Chocolate!

Fotografia: cortesía

Amón Amarth, a banda vikinga por excelência, subiu ao palco com um cenário feito sob medida para eles, com grandes figuras de vikings em cada lado do palco. Eles começaram com a brutalidade que os caracteriza, tocando The Pursuit of Vikings, e o público rugiu em resposta. Impecáveis, potentes, fizeram de sua presença algo imponente. Johan Hegg gritou orgulhoso que o baterista Jocke Wallgren é chileno e, para homenagear, ele usava uma camiseta da seleção nacional. Hegg também agradeceu a fidelidade do público chileno, bebendo de um chifre e nos premiando com as músicas Guardians of Asgaard e Raise Your Horns. E, claro, não faltaram aqueles que “remaram” como em todos os shows deles.

Enquanto isso, o público clamava por água, pois o calor estava intenso. Como a água estava sendo distribuída em pequenos recipientes selados, aqueles que conseguiam alcançar um jogavam para as áreas onde o público estava mais necessitado, mostrando a solidariedade entre aqueles que estavam sedentos.

Fotografia: cortesía

Mudvayne esteve à altura, oferecendo um show completíssimo e extenso. Havia fãs para todas as bandas, e esta não foi exceção, já que era a estreia deles em nossas terras, ainda mais especial após a reunião em 2021, depois de uma separação de 11 anos. A performance no palco foi alucinante, e a banda revisitou alguns dos seus maiores sucessos, incluindo Fall into Sleep, Dull Boy e World so Cold, encerrando o show com a icônica Dig.

Fotografia: cortesía

Disturbed foi uma das bandas que gerou maior expectativa, já que houve um chamado massivo para boicotar sua apresentação devido ao apoio incondicional de David Draiman a Israel, em razão de sua origem judaica. No entanto, o que se viu foram apenas algumas vaias e gritos de apoio à Palestina, que quase passaram despercebidos. Fora esse episódio, a apresentação foi impecável, alcançando pontos altos com os covers Land of Confusion, de Genesis, e The Sound of Silence, de Simon & Garfunkel. Este último criou uma atmosfera deslumbrante, dando a sensação de estarmos diante de uma orquestra. O show foi encerrado com as poderosas Down With The Sickness e Inside The Fire.

Fotografia gentileza de productora Fenix

Slipknot era, claro, o ponto alto mais esperado da jornada, ainda mais no contexto da celebração dos 25 anos do álbum de estreia Slipknot, lançado em 1999. Do disco, a banda tocou 14 faixas, o que, somado à grande experiência de vê-los ao vivo, com um show de luzes incríveis, os característicos macacões vermelhos e suas máscaras inconfundíveis, demonstrou não só a energia musical, mas também o impacto visual que causam. Foi uma verdadeira exibição de presença de palco, um espetáculo completo, acompanhado pela poderosa voz de Corey Taylor. Devo confessar que cantei com todo o fôlego Wait and Bleed, minha faixa favorita deste álbum. Foi um bombardeio de energia, e, tema após tema, eles nos impactavam com seu show. Durante cada pausa, Corey tentava interagir com o público, prometendo que, em sua próxima visita, falaria mais em espanhol.

A apresentação passou rápido demais, provando que o tempo é realmente relativo quando se está curtindo ao máximo. Ninguém acreditava que o show havia terminado, pois a banda se despediu sem muita parafernália, apenas agradecendo e saindo do palco. Os espectadores só começaram a sair quando todas as luzes foram acesas, mas estavam totalmente e absolutamente satisfeitos com essa maratona de energia.

Setlist Slipknot

  • Dream Weaver (Gary Wright song)
  • 742617000027
  • (sic)
  • Eyeless
  • Wait and Bleed
  • Get This
  • Eeyore
  • Tattered & Torn (Sid Wilson Remix)
  • Me Inside
  • Liberate
  • Frail Limb Nursery
  • Purity
  • Prosthetics
  • No Life
  • Only One
  • Mudslide
  • Spit It Out
  • Surfacing
  • Scissors

Nota review: Claudia Toro

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