Já se passaram alguns anos desde que uma banda mexicana de heavy metal se apresentou ao lado de uma sinfonia. Desde então, o legado parece imortal. O local é o Multiforo 246, localizado no norte Roma, um lugar agradável e tranquilo à noite… Uma noite que se tornaria fria e nebulosa, à medida que o faraó aparecia.
Achamos o local bastante apropriado, muito aconchegante, com bar de drinks, petiscos variados e preços acessíveis. Várias mesas e cadeiras foram organizadas no local, embora não durassem a noite toda.
Quando o acesso foi liberado, algumas dezenas de roqueiros começaram a ocupar as mesas e, quando a cortina se abriu, a banda do Estado do México Ángel de Metal se viu com muitos olhares voltados para eles. Poucos minutos depois das 21h, os riffs começaram a encher o Multiforo.
No baixo, a linda Karla; na bateria, Miguel Mejía; como guitarrista, Eduardo; e como vocalista e também guitarrista, o querido Miguel “AnHell”. Juntos, eles agitaram um local lotado, com mensagens de incentivo e gratidão. Entre as músicas apresentadas estavam “Alas de Acero”, “Noche de Cuero” e “Devorando el Asfalto”. Guitarras rápidas e contundentes que trouxeram boas vibrações e contagiaram a todos com sua energia.
Depois de alguns minutos, os acordes agressivos começaram a soar: a banda Panic estava iniciando seu show. A essa altura já havia muitos participantes de pé e os espaços começavam a fechar enquanto o death metal ressoava com músicas como “Humanidad de Mármol” e “Resisiendo el Dolor”. Alguns começaram a mover a cabeça ao ritmo da música.
Panic também tocou o clássico “Sinfonías de Acero” do álbum Marcha de Muerte. Os primeiros empurrões entre os participantes apareceram enquanto ressoavam os últimos acordes desta banda, que estava em hiato há vários anos. Foi uma apresentação sólida e técnica, deixando o público animado e pronto para o que estava por vir.
Diante de um Multifórum completamente lotado, a cortina se abriu e o faraó apareceu: Khafra estava aqui. Apresentaram seu álbum XXXV Live Session, uma tremenda remasterização do “disco negro”, um dos títulos mais importantes do heavy metal mexicano. Entre gritos e cantos, os participantes se emocionaram com “Preferimos Morir”, que desencadeou um mosh cheio de energia; algumas mesas foram até empurradas!
O clima dos “Khafrones” estava às alturas quando “No Pararemos de Rocanrolear” foi cantado a plenos pulmões. Os punhos se ergueram enquanto o público continuava a aquecer os solos magistrais de Héctor Uribe.
Por sua vez, “Dama de la Mentira” não decepcionou. O público ergueu as cervejas, gritou e pediu mais heavy metal. A energia que Khafra transmitiu foi ótima. Entre os agradecimentos, Pazcual Meza contou uma anedota sobre como escondeu sua bateria com medo de que seu pai a descobrisse e a queimasse. Além disso, incentivou todos a continuar lutando pelos seus sonhos.
No final da noite, chegou o momento que muitos esperavam. Os acordes de heavy metal foram seguidos por um grito avassalador: “Uma estrela luminosa, vomitando fogo é! Noite fria e nebulosa!” As pessoas começaram a fazer mosh, a maioria gritava, outros gravavam e, curiosamente, no meio do público havia alguém que não se enquadrava no ambiente do metal, mas que curtia ao máximo. Ele até acabou no mosh com um sorriso, aproveitando a atmosfera que Khafra gerou.
Foi uma noite excepcional, deixando claro porque Khafra é uma lenda. Seus fatos falam por si. Esperemos que não demore muitos anos até que eles retornem ao CDMX. O público e o local fizeram um ótimo trabalho, com áudio impecável. Até breve, Khafrones!!