Como o titulo mesmo sugere, trata-se de um disco de fechamento da carreira da banda que um dia foi apenas um pseudônimo para Steven Wilson, que no início da carreira fazia tudo sozinho, desde os instrumentos até o processo de pós-produção. Mais especificamente, em 1993, os membros Colin Edwin, Richard Barbieri e Chris Maitland (posteriormente substituído por Gavin Harrison) uniram-se a banda para performances ao vivo e em 1996, tornaram-se uma banda de vez com o primeiro lançamento de um álbum de estúdio gravado na íntegra pela banda e não só com Steven, Signify. Infelizmente, o álbum em questão não conta com o carismático Colin Edwin.
Steven Wilson foi questionado muitas vezes, depois de ter seguido com firmeza em sua carreira solo e sem mais indícios de material no Porcupine Tree, se ele voltaria com a banda. Ele sempre respondia que provavelmente sim, para uma espécie de despedida, turnê de reunião ou coisa do gênero, nem ele mesmo definia de forma exata. Afirmava também que não fazia muito sentido voltar com uma banda depois de ter encontrado tanta liberdade em uma carreira solo. Portanto, dá pra concluir que esse trabalho muito provavelmente é o ultimo da história da banda. Triste notícia para os maiores fãs da banda. Apesar de Steven Wilson estar constantemente lançando projetos pessoais e discos em sua carreira solo.
Vou contar um pouco da minha experiência ouvindo C/C. Eu tinha acabado de assinar Youtube Music e coloquei o disco pela primeira vez pra ouvir na estrada viajando com meus pais. E já a primeira faixa, já pega de surpresa qualquer ouvinte. Logo no início da música, uma linha solo frenética de baixo com aquele ritmo que só músicos conseguem explicar todas suas complexidades de forma mais exata. E não é muito diferente ao longo do disco, um disco bem progressivo, distorcido e bastante pesado. Eu ainda não o ouvi o suficiente para afirmar que gostei muito, no geral não tive uma má impressão do álbum em questão, e a marca estilística da banda está bem impressa ali, você consegue ouvir e dizer “isso é Porcupine Tree” ao mesmo tempo que, ainda assim, soava minuciosamente diferente dos outros álbuns da carreira.
Sem dúvida, essa estranheza que senti, apesar de ter gostado do álbum, foi a falta da psicodelia e melancolia nas músicas, coisa muito presente desde os primeiros trabalhos de Steven no final dos anos 80. O álbum parece focar mais no aspecto progressivo, que a banda sempre teve, e no peso de suas músicas mas com certeza, carece da sensibilidade extremamente autêntica do Porcupine Tree.
Quem acompanha a carreira solo de Steven Wilson sabe que a música foi para caminhos que nunca se imaginaria antes que iriam. De forma bem humorada, isso é constantemente relacionado pelos fãs ao fato dele ter se casado e então alterado seu humor para escrever suas músicas. Cada álbum foi ficando menos progressivo e até menos rock na verdade. Até cover de Taylor Swift teve. Honestamente, enxergo muita honestidade nesse artista e não acredito que haja razões comerciais por trás de tudo isso, também não acho que discos como Hand. Cannot. Erase (2015) em diante sejam ruins. Inclusive, acho que há uma vibe “art rock” muito forte ainda em seus trabalhos. Mas, pode ter distanciado fãs mais “hardcore” do músico.
“Quem acompanha a carreira solo de Steven Wilson sabe que a música foi para caminhos que nunca se imaginaria antes que iriam.”
Essa hipótese pode explicar um pouco da falta da melancolia em C/C, que talvez seja o único ingrediente faltando para tornar o álbum ainda mais autêntico em si. Mas ainda assim, tenho um máximo respeito pela banda, seus músicos e esse possível último trabalho. A banda não destoa muito da proposta que sempre teve, e entrega justamente aquilo que os fãs saudosistas vêm perseverando por todo esse tempo. C/C é como uma volta no tempo de um artista que já deixou praticamente claro que está em outra frequência hoje em dia. Em suma, Closure/Continuation é realmente um disco com a cara do Porcupine Tree, entrega agressividade, peso, ritmos acelerados e não convencionais mas carece de space rock, músicas etéreas e viagens progressivas e psicodélicas.
Nota: 7/10