Os BOZOO, banda italiana de stoner rock, chega com tudo em seu autointitulado álbum de estreia, lançado em 11 de outubro de 2024 pela Argonauta Records. Com 11 faixas distribuídas em 46 minutos e 11 segundos, o álbum mistura stoner clássico como já conhecemos, com grunge ácido e rock alternativo, criando uma identidade musical que desafia expectativas.
A jornada do BOZOO começou em 2019, com a proposta de abraçar as raízes do stoner enquanto explorava novos horizontes. Este álbum, cuidadosamente elaborado, é uma prova do comprometimento da banda em criar uma música marcante, imersiva e repleta de reviravoltas que prendem a atenção.
Análise Faixa a Faixa:
- Mayday (2:21): A faixa mais curta do álbum, mas explosiva. “Mayday” te captura imediatamente com sua energia vibrante. A música já começa com vocais diretos, embalados por um som denso, característico do stoner rock, mas com uma pegada moderna que equilibra rapidez e melodia. O refrão, simples e cativante, se repete de forma pontual, grudando na mente quase instantaneamente. É um hit potencial para rádios, ideal para animar qualquer momento.
- Flushing Action (3:31): A faixa desacelera o ritmo, introduzindo um som mais cadenciado com uma pitada de pop rock. O refrão também é um daqueles que se instala na mente, fácil de cantar junto e cheio de energia. A faixa se diferencia por um uso mais proeminente de instrumentais do que letras, criando uma tensão que culmina em uma explosão dramática de peso na segunda metade. Esse elemento surpresa dá à música um dinamismo que a destaca.
- Cut (5:04): Para mim, um dos destaques, é a segunda faixa mais longa do álbum e traz uma sonoridade impressionante. Começa devagar, com riffs densos e atmosféricos, mas, aos 25 segundos, muda drasticamente para algo mais acelerado e enérgico, mantendo o peso dos riffs intacto. A entrada dos vocais após o primeiro minuto transforma a faixa em uma experiência cativante, com um equilíbrio entre momentos introspectivos e refrões vibrantes. O destaque vai para o segmento instrumental na segunda metade, onde o baixo pulsante e os tambores acelerados conduzem a música a um clímax explosivo.
- Scott Mary (4:26): Essa faixa inicia com um riff mais swingado, e uma linha de baixo vibrante que remete a bandas como The Strokes. É uma faixa cheia de groove, que equilibra momentos dançantes com um refrão mais pesado. O fechamento da música adiciona um toque de intensidade, tornando-a uma faixa versátil.
- Rolling (4:25): Esse é um exemplo de como a banda mistura diferentes elementos em uma única faixa. Começa com um instrumental dançante, mas logo se transforma em algo sombrio e acelerado, antes de desacelerar novamente para um segmento melódico com um coro feminino intrigante. A alternância entre leveza e densidade cria uma experiência multifacetada e hipnotizante, quase como ouvir duas músicas diferentes em uma só.
- Skizzen (4:56): É uma faixa intensa que deixa de lado as influências dançantes para mergulhar em uma sonoridade mais pesada e introspectiva. Com vocais arrastados e instrumentais densos, ela lembra o estilo de bandas como Alice In Chains. É o tipo de refrão que facilmente conseguimos enxergar o riffman Jerry Cantrell fazendo. O refrão marcante e os riffs carregados de peso criam uma atmosfera sombria e envolvente.
- They Call Me Nobody (3:37): Com um baixo estalado e riffs longos, “They Call Me Nobody” equilibra peso e energia em um mix que alterna entre momentos lentos e refrões vibrantes. A faixa transporta o ouvinte para uma jornada quase psicodélica em sua execução instrumental.
- Bare Brench (4:08): Traz uma vibe melancólica, com vocais arrastados e uso criativo com um pouquinho de reverb. É uma faixa emotiva que convida o ouvinte a se conectar com sua atmosfera introspectiva. O solo instrumental é um ponto alto, trazendo um desejo de cantar junto e se perder na emoção da música.
- Two Holes (3:41): Essa é uma faixa cheia de energia, com instrumentais quebrados que constantemente desafiam as expectativas. A vibe punk/grunge aparece de forma sutil, mas eficaz, enquanto o refrão é daqueles que gruda imediatamente, deixando uma boa impressão.
- Over You (3:31): A faixa explora um território mais obscuro, tanto nos vocais quanto nos instrumentais, e se destaca por sua atmosfera sombria, oferecendo uma experiência bastante diferente do restante do álbum.
- Choked Noise (6:31): Fechando o álbum, é a faixa mais longa e ambiciosa. Misturando referências de Queens of the Stone Age com o peso do stoner clássico, a música é densa, arrastada e, surpreendentemente, dançante. É uma faixa que encapsula perfeitamente o espírito do Bozoo: experimental, ousado e irresistível.
Considerações Gerais:
Desde os primeiros acordes, o álbum do Bozoo exala energia. Os riffs de guitarra carregados de fuzz e as linhas de baixo pulsantes constroem uma paisagem sonora envolvente e impossível de ignorar. O grande diferencial está na imprevisibilidade: cada faixa é um verdadeiro plot twist. Quando você pensa que o som seguirá uma direção já familiar, o Bozoo quebra suas expectativas e apresenta algo novo, completamente diferente. Essa abordagem cria um dinamismo que mantém o álbum fresco do início ao fim. Cada música é única e carrega o DNA característico da banda, com mudanças de ritmo que desafiam os padrões tradicionais do gênero.
As influências que permeiam o trabalho são notáveis e, ao mesmo tempo, bem assimiladas. É possível identificar ecos de Arctic Monkeys, The Strokes, Queens of the Stone Age, Foo Fighters, Alice in Chains… mas sempre traduzidas para um som próprio. Além dessas referências, há toques de Pop Rock, Grunge e Punk, que surpreendentemente se entrelaçam de forma harmônica dentro de uma base Stoner. O resultado? Uma nova identidade: os Bozoo!
Liricamente, o álbum mergulha em temas complexos e pessoais. As letras são objetivas, mas carregadas de emoção, criando um vínculo imediato com o ouvinte. Os vocais reforçam essa conexão, entregando uma interpretação crua e sincera que ressoa profundamente. A honestidade nas letras e a disposição para experimentar com estruturas musicais fazem de cada faixa uma experiência única e cativante.
Já sobre a capa, é uma obra que transmite intensidade e emoção, com um trailer em chamas em meio a um cenário que remete a um deserto. As cores vibrantes do desenho capturam o olhar de imediato. O detalhe do homem de costas, observando as chamas, para mim sugere essa contemplação diante do caos — um reflexo, talvez, da própria sonoridade do álbum, que mistura densidade e explosões criativas. É uma capa que instiga e já dá um vislumbre do que está por vir: uma experiência intensa, caótica e envolvente. Eu adorei!
Se você, assim como eu, é fã de Stoner Rock e busca uma abordagem nova para o gênero, este álbum é um must-listen. Bozoo apresenta um equilíbrio entre peso, melodia e experimentação, criando uma obra que ultrapassa suas influências e estabelece um novo padrão. Vai te surpreender a cada momento e certamente vai deixar sua marca!
O que diz a banda:
O álbum de estreia do Bozoo é uma intensa fusão de experiências de vida, expressas em músicas que deixam uma impressão duradoura. Cada faixa possui seu caráter único e entrega um impacto direto, sem rodeios desnecessários. A qualidade viciante deste trabalho irá te cativar, e, antes que perceba, você estará totalmente imerso em seu som. Esteja pronto para embarcar em uma jornada sem volta, enquanto o primeiro opus stoner do Bozoo convida você a uma exploração sonora profunda e permanente.
A decisão de lançar este álbum foi impulsionada pela profunda exploração da autenticidade nos sons do gênero stoner e pelo desejo de projetar-se para o futuro. Com riffs cuidadosamente elaborados e estruturas de músicas bem planejadas, o Bozoo buscou superar expectativas convencionais, esforçando-se para oferecer uma experiência musical autêntica e sem concessões. Cada nota e elemento foram escolhidos meticulosamente para refletir as raízes do gênero, ao mesmo tempo em que abraçam novas abordagens e experimentações.
A música do Bozoo é uma fusão de influências, onde o stoner clássico se mistura perfeitamente com o grunge ácido e o rock alternativo. Riffs pesados, linhas de baixo afiadas e baterias poderosas formam a base de uma experiência sonora que se desenrola sem adornos supérfluos.
Ficha Técnica:
Banda: BOZOO
Álbum: Bozoo
País: Italy
Label: Argonauta Records
Data de Lançamento: 11/10/2024
Duração: 46 min 11 sec
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