No sábado passado, 14, se reuniram na sevillana Sala X Makara, Dreem Ripper, It Came From the Void e Beheading Samsara para realizar um evento que estavam preparando há muito tempo.

Às vezes é um pouco complicado fazer um show quando já houve algum evento naquela semana, mas é ainda mais difícil quando há mais shows programados na mesma data. Isso não foi obstáculo para que as bandas sevillanas MAKARA e BEHEADING SAMSARA realizassem um concerto que estavam há anos preparando com os valencianos DREEM RIPPER, ao qual se uniram os barceloneses IT CAME FROM THE VOID na SALA X.

Makara atuando na Sala X

O primeiro prato deste menu de bandas underground era MAKARA, que, após muito tempo, voltavam a tocar em casa. Naquele momento, eu estava um pouco cético sobre a quantidade de gente que iria, considerando os outros shows daquele dia, mas, felizmente, a resposta do público me surpreendeu positivamente. Com uma introdução instrumental, Djentkara, era hora de os quatro colocarem a máquina para funcionar e fazer a galera se divertir. É claro que não podemos esquecer que havia pessoas prontas para fazer moshpits sempre que podiam, mas era preciso esquentar um pouco com Sculpture by Hate e Living as Two. O público estava com a energia a mil e queria liberar essa adrenalina nos moshs com Of the Grateful e Dethroned. Obviamente, não podiam deixar de agradecer à sala, técnicos, público e, sobretudo, às bandas que tornaram esse projeto possível. Aproximando-se do final, Worship Decay foi quase o ponto final, mas não perderam a oportunidade de felicitar a mãe de Jesus, o vocalista do grupo. Encerraram com The Animal Self para deixar a barra bem alta.

Abrir um show costuma ser uma tarefa complicada. Por sorte para MAKARA, o concerto teve todas as condições para que saíssem com a cabeça erguida após tanto tempo sem notícias deles: grande som, boa iluminação e um público que estava lá dando tudo do início ao fim.

Dreem Ripper após sua apresentação na Sala X

Era hora de uma das duas primeiras bandas “de fora”, pois era o turno de DREEM RIPPER de arrasar no palco. Depois de uma introdução para entrar no clima, começaram com Parasite para mostrar a Sevilla do que são feitos. Após essa bola de demolição, seguiram com Mental, onde, para minha surpresa, finalmente vi algo que só tinha visto pela internet: fazer um moshpit com churros de piscina. Poucas vezes me diverti tanto em um show, e, sem dúvida, essa entrou na lista. Seja de forma tradicional ou com os churros, a ação não parava tanto embaixo quanto em cima do palco com Bacteria e Perpetial Motion, pois a movimentação na sala era constante. A música que também foi um detonante, Virus, serviu como um nexo para que os quatro membros da banda se apresentassem. Com Dying Inside, houve um jogo de luzes que caiu como uma luva, a sinergia entre o som e a iluminação era incrível, dando um toque especial para tornar a apresentação perfeita. O que é bom, por infelicidade, sempre tem um fim, por isso Rage e Closed Minds foram as responsáveis por fechar o concerto.

Acreditei que neste show aconteceria o problema que às vezes ocorre de ver uma assistência menor na sala depois de ter assistido aos amigos/familiares. Porém, tive que engolir minhas palavras, já que DREEM RIPPER preparou um show que ficou gravado na memória de todos que foram ver.

Era hora de seguir com os convidados à capital andaluza, pois era o turno de IT CAME FROM THE VOID. Também houve um momento um tanto cômico logo no início, pois Mark, o baterista da banda, demonstrou de sobra a energia que tem ao tocar, pois foi necessário reiniciar sua introdução devido à força com que tocava. Após o reajuste e essa “toma dois”, a introdução voltou a tocar e começou oficialmente a festa com Cordyceps. Apresentaram a banda e seguiram com Aiming Mirrors e You Only Live Once. Houve tempo também para agradecer às bandas por incluí-los neste projeto e promover sua música, algo que foi ótimo para seguir com Crystal Walls. Também houve uma surpresa, pois estrearam um novo tema do que será seu novo trabalho, uma canção que poderíamos classificar mais como uma balada (dentro do seu estilo, claro) chamada Black Threads. Acho que não preciso nem dizer que esse grupo era uma dose de adrenalina no palco, por isso os moshpits não cessavam durante seu show. Embora já não restasse muito tempo para continuar se mexendo com os barceloneses, tocaram Shadow of your Bliss e anunciaram que estavam saindo com No Place to Hide. Mas isso não seria tudo, pois era um daqueles momentos em que havia tempo para mais uma, mas não seria de qualquer maneira. Para interpretar um dos clássicos já consagrados do Slipknot, Psychosocial, se juntaram aos microfones Abraham de BEHEADING SAMSARA e Andrés de DREEM RIPPER para um fechamento apoteótico.

It Came From the Void no final de seu show

Mais uma banda de fora que me deixava cético quanto à atitude do público, mas, novamente, tive que engolir as palavras, pois havia ainda mais gente. A apresentação de IT CAME FROM THE VOID começou com força (literalmente, se lembrarmos como foi o início) e, até que terminou, foi da mesma forma. A única crítica que poderia fazer seria o problema com a voz, que não estava clara até que o show avançou um pouco.

Chegava o último prato da noite com BEHEADING SAMSARA, que voltavam a pisar em uma sala sevillana após as férias de verão com seu ETERNAL AUTUMN.

Beheading Samsara atuando na Sala X

A sala ainda estava cheia de energia e o público não queria parar de dançar em um show onde os moshs não paravam e o death (embora cada um fosse de um estilo diferente). Após a introdução de Wetlands, começaram com Bright Deeps e Gorgora. Com certeza, demonstraram que já têm uma boa legião de fãs apoiando-os, cantando cada uma das canções. Logo no início, Guille (vocalista e guitarrista) teve um momento muito íntimo ao dedicar a canção Shepherd of Stones à sua irmã, que estava passando por uma fase difícil, algo que foi correspondido com grandes aplausos do público. Após esse momento pessoal, Gabrielle colocou tudo de pernas para o ar como se uma apisonadora tivesse invadido a sala. O público não parava de fazer headbanging ou de “dançar” na pista. Como não poderia faltar, também agradeceram às bandas presentes por terem feito um projeto que tentaram concretizar e finalmente conseguiram, para depois dar passagem a Neraka. Para finalizar a noite, Burning House acendeu a mecha para que tudo terminasse de explodir com Eternal Autumn.

Como é habitual nesse quarteto, BEHEADING SAMSARA mais uma vez demonstrou que têm a presença e atitude suficientes para fazer um grande show, se contarem com um ótimo som e uma boa iluminação, como foi o caso naquela noite.

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