Após um sábado intenso de concerto, não havia melhor maneira de terminar o fim de semana do que na mesma sala, a SALA X, porque estava marcado um encontro de metal extremo que chamava minha atenção desde que foi confirmado: as brasileiras “CRYPTA” estavam em Sevilha com sua “Shades of Sorrow European Tour“, acompanhadas por “PLAGUEMACE” e “NAKKEKNAEKKER“.
Sendo um domingo e com um jogo de futebol de grande importância, eu não esperava muita presença de público, mas tive que engolir minhas palavras quando cheguei à porta da sala, pois havia muito mais pessoas do que eu esperava.
Já com “PLAGUEMACE“, os primeiros a tocar, o público lotava bastante a sala, algo que me surpreende com o que eu mencionei anteriormente (e conhecendo o ambiente da cidade em geral). Desde o início com “Cannibalicious” e “Rhythmic Demise“, eles nos davam a entender como seria o show deles: uma verdadeira festa de metal extremo. A dose de adrenalina que esse grupo injeta é realmente impressionante e as pessoas já estavam maravilhadas com eles. Eles continuaram apresentando seu último disco com “Impenetrable Leather” e “Carnivore“, quando já começaram a surgir os primeiros moshpits e eles não paravam de se mexer no palco, o que também me encantou.
Com um som e iluminação perfeitos aliados à atitude da banda e do público, a festa que se montou quase não pode ser descrita com palavras. Eles fizeram uma visita ao passado com “Plagueface” sem deixar de lado a brutalidade. O público estava encantado com eles, não queriam perder nem um segundo, na verdade, com “Among the Fifth“, praticamente voaram o teto da sala quando ANDREAS desceu para cantar com eles “Missantropical Breed”. A cereja do bolo foi quando RUBEN também se juntou a eles para o moshpit que não parava, com seu baixo, para encerrar um concerto que ninguém queria que terminasse.
Sinceramente, eu não conhecia essa banda até este concerto, mas, assim como aconteceu com o resto do público, foi uma das maiores descobertas do ano para mim, principalmente ao vê-los ao vivo, já que é uma banda que tem uma combinação de som e performance que os torna realmente recomendáveis para os amantes do death metal de alta octanagem e atmosfera festiva.
Era a vez do “NAKKEKNAEKKER“, uma banda realmente jovem com um som de death metal da velha guarda. Ninguém esperava o início do concerto quando os cinco subiram ao palco, já que esperavam alguma espécie de introdução, mas quando o primeiro riff de guitarra de “Putrified Body Fluid” soou, todos os olhares se voltaram para o palco. O que eles deixaram claro desde o início foi que a idade não importa, já que demonstraram que os jovens podem fazer esse som old school do death metal que une os momentos pesados aos mais frenéticos. Com “Horizon of Spikes“, o movimento começou novamente no público, seja com headbanging ou com moshpits, porque com aquele som tremendo era impossível não se deixar levar.
Após uma breve apresentação, eles continuaram com “Nephilim“, que, com aquele som que ainda enchia tão bem a sala e o alto padrão deixado pelo “PLAGUEMACE“, souberam estar à altura, porque o público ainda estava alucinado e entregue à performance do quinteto dinamarquês. Pouco a pouco eles chegavam ao fim e, mais uma vez, a mesma coisa acontecia: as pessoas não queriam que terminassem tão cedo e a banda estava maravilhada com o público andaluz. Infelizmente, tudo que é bom tem que acabar, como diz o ditado, quando continuaram com “Unholy Inquisition” e “Absorption“. Para terminar, eles soltaram sua última bomba, “Face Splitting Madness“, com a qual colocaram o público na palma da mão após um grande concerto.
Parecia complicado ver algo tão incrível quanto aconteceu com a primeira banda, embora toda a sala, mais uma vez, NAKKEKNAEKKER tenha recebido ótimas críticas das pessoas quando estávamos no intervalo entre as bandas, por causa daquele som tão clássico que a banda tem sendo tão jovem com influências como “Morbid Angel”, “Bloodbath” ou “Entombed”. Muito recomendável para os fãs desse death metal old school.
Era a hora da verdade, pois o que as pessoas tanto esperavam estava chegando:
“CRYPTA“
estava indo a Sevilha pela primeira vez em sua carreira e queriam causar uma boa impressão no público. Desde a abertura das portas já havia bastante gente, mas no momento do quarteto a sala estava lotada.
O começo já mostrava a que veio com “The Other Side of Anger” e “Poisonous Apathy“, ganhando o público desde o início (embora não fosse ser uma tarefa difícil para elas). Com FERNANDA liderando, o death metal rugia novamente na sala alternando músicas de seu último trabalho com as do primeiro álbum. O público continuava a movimentar o pescoço enquanto tocavam “Lift the Blindfold” e “The Outsider“, embora também se visse alguns moshpits com “Lullaby for the Forsaken“.
As quatro estavam realmente impressionadas com a atitude do público enquanto continuavam com “Stronghold“. Se eu também tiver que destacar algo da CRYPTA, foi ver novamente ao vivo a LUANNA, já que é uma baterista de uma qualidade incrível que faz parecer fácil os ritmos tão frenéticos que ela compõe. Mas não podemos deixar de lado a habilidade e rapidez de TAINA e JESSICA na guitarra, porque é praticamente impossível seguir seus movimentos de mãos quando continuaram com “Trial of Traitors” e “Under the Black Wings“. Acho que não preciso dizer que o som continuava sendo 10 naquele dia, o que fez com que todos ficassem alucinados com o concerto que estavam oferecendo.
O problema era que já estava chegando ao fim do show deles quando interpretaram “Dark Clouds” e “Agents of Chaos” e as pessoas pediam mais e mais, o problema era a falta de tempo, infelizmente, já que não havia tempo para mais na sala. A sorte foi que houve tempo para ouvir as músicas que eram os destaques de sua discografia: “Lord of Ruins” e “From the Ashes” para encerrar.
As expectativas estavam altas com as meninas e elas não decepcionaram, o show que deram foi incrível e não falharam em nada, demonstrando que a qualidade da banda é realmente impressionante e que as datas que estão conseguindo ao redor do mundo têm sua explicação. Está bastante claro que as quatro têm uma experiência musical enorme, por isso sua união é tão perfeita.
Muitas das pessoas que estavam lá acabaram com um enorme desgaste físico, mas valeu a pena, já que as três bandas deram shows enormes, todas elas, sendo as bandas de abertura grandes descobertas para todas as pessoas que compareceram, pois era o que mais se ouvia na saída da sala, sem falar na quantidade de merchandising que venderam naquele dia. Sem dúvida, um dos melhores shows que vi em todo o ano e, sem dúvida, recomendo as três bandas que faziam parte do cartaz.