No dia 6 de dezembro, Porto Alegre foi palco de uma celebração épica do metal brasileiro, com um lineup que uniu tradição e inovação no Opinião. O evento foi liderado pela Crypta, uma das maiores representantes do metal extremo nacional, que entregou uma performance irrepreensível. Como abertura, as bandas Phornax, do Rio Grande do Sul, e Paradise in Flames, de Minas Gerais, aqueceram o público com intensidade e energia.
As 19h30, a Phornax tomou o palco do Opinião com uma energia avassaladora, mesmo diante de um público inicial modesto e ainda se aquecendo. A banda, formada em 2011 e retornada à ativa em 2023 após um hiato de 12 anos, abriu com “Silent War”, faixa que rapidamente quebrou o gelo e incitou as primeiras rodas de headbanging.
Com sua fusão envolvente de heavy , power metal e thrash metal, a Phornax entregou uma performance carregada de técnica e atitude. Enquanto o público crescia e se deixava levar pelo ritmo pulsante das músicas, a banda intensificava ainda mais a entrega. Destaques como “Ghosts From the Past” e a recém-lançada “A Matter of Time” foram recebidas com entusiasmo, mantendo o clima de euforia e a sinergia entre banda e plateia.
Cristiano Poschi, nos vocais, demonstrou um alcance impressionante, remetendo em certos momentos à potência de Bruce Dickinson, do Iron Maiden. Já Uesti Papee, no baixo, brilhou com linhas pesadas e uma presença de palco magnética, sempre em movimento, sem comprometer a consistência sonora da banda.
A apresentação foi uma declaração de força do metal gaúcho, mostrando que a Phornax não apenas está de volta, mas também mais relevante do que nunca. Com performances como essa, a banda reforça o legado do metal sulista e seu papel crescente na cena nacional.
Aos poucos, o público do Opinião foi preenchendo os espaços e se deixando envolver pela atmosfera única que a Paradise In Flames trouxe ao palco. A banda mineira, conhecida por sua fusão de metal extremo com elementos sinfônicos e góticos, entregou uma performance carregada de teatralidade e musicalidade refinada, conquistando a atenção do público gaúcho.
Abriram a apresentação com a imponente “Concert No. 6 in C Minor, Cold Spring”, precedida por uma introdução instrumental que mergulhou o ambiente em uma aura sombria e dramática. Desde o primeiro momento, ficou evidente o talento e a criatividade do tecladista Guilherme de Alvarenga, cuja habilidade em criar texturas sinfônicas elevou as composições da banda a um patamar quase cinematográfico. Combinando guturais profundos, vocais líricos e uma base sólida de metal extremo, a banda revelou uma identidade única.
Os vocais, divididos entre Guilherme, o guitarrista André Damian e a cantora lírica Nienna Ni, formam um dos grandes trunfos da banda. A interação vocal entre os três, especialmente em faixas como “Unseen God”, hipnotizou a plateia, enquanto a mistura de melodias e agressividade mantinha o peso característico do estilo. “Black Wings”, com sua inesperada influência de baião incorporada ao instrumental, destacou-se como uma das performances mais ousadas da noite, mostrando a capacidade da Paradise In Flames de mesclar tradição e inovação.
Embora ainda pouco conhecida no cenário do sul, a banda claramente ganhou novos fãs com sua apresentação cheia de personalidade. Paradise In Flames não apenas impressionou, mas também deixou um marco como uma das bandas mais criativas da cena atual do metal extremo nacional.
Sob gritos ensurdecedores de “Crypta! Crypta!”, a banda subiu ao palco com a força de um furacão. Abrindo o show com “The Other Side of Anger”, o quarteto garantiu imediatamente uma plateia de punhos erguidos e coro uníssono. A brutalidade e energia visceral do som da Crypta ganharam destaque desde os primeiros acordes, mas o que realmente prendeu a atenção foi a destreza técnica e a brutalidade impecável de cada integrante.
Fernanda Lira, com sua voz potente e riffs de baixo sólidos, comandou o palco com carisma e intensidade. Ao seu lado, as guitarristas Tainá Bergamaschi e Jéssica di Falchi entregaram solos precisos e riffs cortantes, enquanto Luana Dametto na bateria trouxe uma força esmagadora, mantendo o ritmo com precisão e energia. A interação entre as integrantes no palco refletia não apenas entrosamento, mas também paixão pelo que fazem.
O público não parou por um segundo. Faixas como “Under the Black Wings” e “Lullaby for the Forsaken” alimentaram rodas de mosh e uma tempestade de headbanging que tomou conta do Opinião. Fernanda, em particular, hipnotizou a plateia com suas expressões e movimentos agressivos, uma presença que parecia intensificar a cada batida e riff.
Um dos momentos mais marcantes foi a conexão emocional da banda com os fãs. Em meio ao caos sonoro, Fernanda mencionou as recentes enchentes que devastaram o estado, reconhecendo o impacto na comunidade local e reafirmando a importância de Porto Alegre para o cenário metal nacional. Essa sensibilidade reforçou ainda mais o vínculo entre a banda e a plateia.
O show foi encerrado com “Lord of Ruins” e a aclamada “From the Ashes”, do álbum Echoes of the Soul (2021). Ambos os momentos foram explosivos e emocionantes, deixando a sensação de catarse coletiva.
Ao final do show, enquanto o público bradava em coro ensurdecedor “Olê, olê, olê! Crypta, Crypta!”, Fernanda protagonizou um momento de pura conexão com os fãs. Empunhando seu celular, a vocalista e baixista capturou a energia avassaladora da plateia, antes de descer do palco para sentir de perto o fervor daqueles que tornaram a noite ainda mais memorável.
A Crypta se consolida como um dos grandes nomes do metal extremo brasileiro. A admiração do público por elas era palpável, com fãs de todas as idades e gêneros entoando cada verso e vibrando a cada acorde. O quarteto não apenas representou as mulheres no metal com força e orgulho, mas também reafirmou seu papel como um dos principais expoentes do metal brasileiro, mostrando ao vivo por que são uma banda indispensável na cena atual.
Link fotos