O passado dia 23 de Março será para sempre um marco na história do Bourbon Room e da Sonic Slam: um espetáculo com 4 enormes nomes do death metal e thrash que esgotaram a sala e tornaram cada minuto intenso e memorável para os fãs.
É difícil expor em palavras aquilo que se passou durante as 5h do evento (apenas quem lá esteve saberá) mas violento, marcante e potente parecem-me três bons adjetivos para descrever a experiência que os fãs portuenses (e não só) vivenciaram na tarde/noite quente de primavera no porto.
Apesar do pequeno atraso inicial, a festa não poderia ter começado melhor se não com a performance dos suíços Kassoghta. A banda, que neste concerto se apresentou apenas com 4 elementos devido à ausência do baixista Valerian Burki, e formada em 2018, apresenta um death metal mais melódico com traços progressivos mas com bastante peso provocado pelas precursões rápidas de Dylan Watson e guturais violentos de Stéphanie Huguenin, intervalados com mudanças de ritmo mais lentas e melódicas de Martin Burger e Mortimer Baud, que por vezes são acompanhadas de vozes limpas.
Apesar da curta duração do concerto, afirmo com total certeza que quem não conhecia a banda, ficou impressionado e curioso por conhecer mais do que os 5 temas apresentados. Quem conhecia, teve mais uma oportunidade de deslumbrar a criatividade e qualidade dos suiços em palco.
Setlist: 1– The infinite; 2– Drown; 3– Venom; 4– Rise; 5– Complacency
Seguiu-se a agressiva performance das brasileiras Nervosa. As deusas do thrash/death metal que contam já com 14 anos história, destruíram o palco numa atuação completamente feroz pulverizando tudo e todos. A banda multinacional feminina composta atualmente por elementos oriundos do brasil e grécia, apresenta-se como um quarteto infernal com a sua fusão do death e thrash metal. A deslumbrante diva satânica e fundadora da banda Prika Amaral apresentou uma performance vocal de tirar o fôlego, com o suporte das guitarras rápidas da talentosa Helena Kotina e precursões aceleradas de Gabriela Abud. A dar grande consistência aos temas, o baixo tocado por Emmelie (guitarrista de Sisters Of Suffocation) que acompanha as Nervosa nesta tour. Em resumo, a banda conseguiu infringir aquela dor agradável nos pescoços de todos os fãs devido ao headbanging obrigatório.
Setlist: 1-Seed of Death; 2– Death; 3-Venomous; 4-Kill the Silence; 5– Perpetual Chaos; 6-Jailbreak ; 7-Guided by Evil; 8-Endless Ambition.
Já perto das 21h, os enormes Incantation pisam o palco acompanhados por gritos unânimes dos fãs. Uma das principais atrações da noite, John McEntee (vocalista, guitarrista e fundador da banda), a máquina de death metal de New Jersey, acompanhado por Kyle Severn (baterista), Chuck Sherwood (baixista) e Luke Shively (guitarrista) iniciaram aquilo que foi uma carnificina e violência absoluta em palco. O círculo selvagem (conhecido por circle pit) parecia que ia durar para sempre! Os novos temas lançados em 2023 do álbum “Unholy Deification“, como “Invocation (Chthonic Merge) X” e “Concordat (The Pact) I” funcionaram muito bem misturados com alguns dos seus mais demolidores clássicos, como “Blasphemous Cremation” do primeiro álbum de estúdio “Onward to Golgotha” lançado em 1992. Uma performance que foi capaz de aquecer todos os vasos sanguíneos através da música dos veteranos mais vibrantes da história do death metal.
Setlist: 1-Carrion Prophecy; 2– Shadows of the Ancient Empire; 3– Concordat; 4-Vanquish in Vengeance; 5– Fury’s Manifesto; 6– Blasphemous Cremation; 7-Blissful Bloodshower; 8-Invocation; 9– Ibex Moon; 10– Impending Diabolical Conquest.
Quando a energia parecia já ter-se esgotado após 3h30 de violência musical, calor humano, circle pits, mosh pits, crowd surfing e headbanging… os gigantes Decapitated pisam o palco e um recharge imediato de energia apoderou-se de todos os fãs presentes no Bourbon. Um concerto que se torna difícil descrever por palavras (mas vou tentar!).
Os polacos e lendas do death metal técnico iniciaram com o glorioso álbum “Nihility” tocando-o na sua íntegra ocupando a primeira parte do espetáculo. Era difícil fazer qualquer outra coisa para além de recuar no tempo e deixar o momento tomar conta de nós mesmos enquanto aquele álbum, lançado em 2002, era tão grandiosamente apresentado. Quando o set the “Nihility” terminou com “Symmetry of Zero“, entramos num best of de Decapitated, onde trouxeram o arsenal com eles para esta segunda metade. Rafal Rasta Piotrowski (ou simplesmente Rasta) libertou violentamente os seus vocais para que eles nos atacassem e destruíssem no bom sentido da palavra. O tema “Earth Scar” foi completamente arrasador e aniquilou-nos com cada movimento hipnótico da palheta de Waclaw Vogg Kieltyka, cada acorde e cada movimento.
Com a noite a terminar, foi com felicidade e nostalgia que observamos o último acorde de Vogg, a última martelada de James Stewart, e o último vocal de Rasta. Num concerto verdadeiramente histórico e marcante, a banda despede-se com incontáveis agradecimentos, com sorrisos de orgulho honestos e a promessa de voltar em breve!
Setlist: 1-Perfect Dehumanization; 2– Eternity Too Short; 3– Mother War; 4– Nihility; 5– Names; 6– Spheres of Madness; 7– Babylon Pride; 8– Symmetry of Zero; 9– Suffer the Children; 10– Intro (From Nothingness…); 11– Cancer Culture; 12– Just a Cigarette; 13-Earth Scar; 14– Never; 15– Iconoclast; 16– Last Supper.
Um agradecimento ao Bourbon Room e à Sonic Slam pela oportunidade de vivenciar uma noite inesquecível!