Terminou no passado domingo mais uma edição do Vagos Metal Fest, num ano do tudo ou nada, onde a desconfiança pairava no ar, mas com um cartaz a acalmar as hostes!
O evento começou no dia 0, com a recepção ao campista, onde já muitas t-shirts pretas chegavam à capital do metal, trocavam bilhetes por pulseiras, montavam tendas e bebiam cerveja para entrar no ritmo festivaleiro. A adesão foi bastante elevada no campismo do Vagos, como já seria de esperar. Muito convívio, muita diversão, muita camaradagem e ainda muita música, com o DJ Valholl, com muito folk para entrar no espírito festivo.
Já o arranque das bandas iniciou no dia 02/08, sexta-feira, e a incerteza era grande. Como será um concerto tão cedo? Será bom um dia de festival ter tantas horas de duração? Isto porque devido à existência de só um palco, foi necessário o dia arrancar mais cedo. No entanto, esta questão que foi alvo de críticas será resolvida no próximo ano, onde voltarão a ser dois palcos: informação avançada pela organização.
GODARK
A primeira resposta foi obtida logo com a primeira banda. Vindos de Rio de Moinhos, Penafiel, os Godark mostraram que um concerto tão cedo pode ser igualmente poderoso e com boa afluência. Foram a primeira banda do festival e não poderia ter tido um arranque melhor!
Como já nos vêm a habituar, os Godark apresentam o seu Death Metal melódico com energia e grandiosidade como uma verdadeira banda grande! Mas, nesta performance, com uma surpresa: uma nova música que eleva ainda mais o nível épico da sonoridade da banda. Sei que a luta não é fácil mas o novo álbum está prometido e cá se espera ansiosamente.
Em seguida um intervalo de 15 minutos, isto porque, tal como tinha escrito inicialmente, esta edição voltou a ter só um palco, o que, por um lado, pode causar algum transtorno e até ter um efeito anti-climax, mas por outro lado, dá algum tempo ao público para respirar, esticar as pernas, hidratar-se, algo que numa tarde quente como a que se fazia sentir até dava bastante jeito. Dessa forma, pode-se dizer que todos os males fossem os festivais terem só um palco.
THOLA
Tudo a postos para os suíços Thola pisarem o palco e rapidamente avisarem o público do que esperar deles. Metal rápido, melódico e alto. Assim o fizeram e fizeram-no com qualidade. Individualmente, cada elemento da banda se destacou a nível técnico. Uma boa banda para fãs de Helloween.
AT WAR
E mesmo com o pequeno intervalo de 15 minutos, os americanos At War fizeram por não deixar o público baixar as armas e aceleraram ainda mais os ritmos. Acrescentaram uma agressividade bélica, característica do Thrash/Speed e clara inspiração de Sodom. Uma banda com uma larga carreira- tocaram até um tema que remete para 1985 para os mais antigos fãs- mas que nos deu porrada como uns jovens, enquanto decorria um espetáculo de Wrestling num ringue numa outra zona do festival. É caso para dizer que foi adequada a banda sonora do combate.
MEGGERA
De seguida foi a vez dos brasileiros Meggera pisarem mais uma vez um palco em Portugal, e num espaço de tempo relativamente curto. Iniciaram o seu espetáculo com um pequeno atraso, mas que não abalara a energia e juvenilidade desta banda de Nu-Metal. A ginga certa, toda a imagem criada em torno da banda com as suas máscaras, fazem voltar aos anos 90, quando houve o boom de bandas como Slipknot, Mudvayne, etc.
Mas houve um pequeno/grande detalhe na atuação dos Meggera: o pequeno atraso inicial obrigava-os a reduzir a sua setlist, algo perfeitamente compreensível devido ao horário que estava a ser seguido rigorosamente pela organização. Claramente não era a vontade da banda que estava cheia de vontade de mostrar ao público o que tem para dar, mas horários tinham de ser cumpridos e a organização acabou com a sua atuação forçosamente. Ignorando esse pequeno detalhe (que não passa apenas disso comparando à atuação apresentada), foi mais uma performance vibrante do grupo brasileiro em palcos portugueses, cheia de energia à qual eles já nos têm vindo a habituar. O público presente ficou, claramente, sedento por mais!
TOXIKULL
E de novo, o palco do Vagos Metal Fest volta a ser pisado por povo lusitano, e que povo… Os Toxikull que têm gerado grande alarido em torno dos mesmos e que se entende claramente o porquê. Parece que fazem isto há décadas e décadas devido à postura mega profissional que apresentam!
Verdadeiros senhores do palco, super envolventes, cheios de raça. Essa energia é passada para o público a cada acorde, a cada ritmo e a cada grito presente nas suas músicas. O seu último álbum “Under The Southern Light” foi muito bem recebido e parece que isso lhes deu uma confiança adicional para tocar ao vivo e usam-na de forma facilmente transmissível.
NERVOCHAOS
Os NervoChaos são os próximos a ter o privilégio de pisar o palco naquela tarde quente de verão e fazem-no com um profissionalismo enorme. Uns verdadeiros senhores do Black/Death Metal. Carisma negro, como foi claramente demonstrado pelo vocalista ao dizer “Deus não está aqui hoje”, como a mais profunda caverna mas com um som perfeito e tudo impecavelmente audível. Foi a primeira banda do festival a conseguir esse feito. Tocaram ainda 3 covers e anunciaram que, brevemente, irá sair um álbum de covers. Aguardamos ansiosamente!
ELVENKING
E passamos duma ambiência cavernosa para uma aura mágica de uma floresta habitada por elfos com os italianos Elvenking e o seu Power/Folk com pequenos apontamentos mais harsh. Donos de uma caraterização bastante trabalhada que realmente nos faz crer que não se tratam de humanos, mas sim elfos a criar tão belas canções.
Apresentaram uma setlist bem escolhida que inclui temas obrigatórios como “The hanging tree” e “Pagan revolution“, mas para os verdadeiros fãs, ficaram a faltar alguns temas que sem dúvida teriam sido fantásticos ao vivo.
DYNAZTY
Os suecos Dynazty já usufruíram de 1 hora de espetáculo e viu-se claramente que muita gente ansiava por este concerto. O espaço já se encontrava bastante preenchido para uma atuação que é um bom exemplo de como um bom espetáculo de heavy metal deve ser.
INSOMNIUM
Já se fazia noite e os primeiros nomes verdadeiramente grandes pisam o palco para nos trazer o seu Death Metal Melódico com sonoridades mais góticas. E quem é conhecido para fazer isso de forma grandiosa? Os finlandeses Insomnium, que no alto da sua já vasta carreira, apresentam uma das suas melhores setlist (opinião muito pessoal).
OVERKILL
E em seguida, uma banda que dispensa apresentações, que por vezes se torna difícil de avaliar porque já nos habituou à mestria das atuações. Eles que foram os cabeças de cartaz do primeiro dia do Vagos Metal Fest, uns tais americanos de 44 anos de carreira.
UADA
E assim estava a chegar ao fim das atuações do primeiro dia do Vagos. E também para o fim ficou guardada a primeira grande surpresa desta edição, pelo menos para quem anda mais distraído. Os Uada deixaram os queixos caídos a muita gente que por lá se encontrava.
Passou a correr, e esse sentimento responde mais uma vez ao facto de que ter apenas só um palco não é um problema. Especialmente porque todas as trocas rondaram aproximadamente os 15 minutos, revelando uma eficiência fantástica por parte da equipa de palco!
Não que em termos de organização não tenha existido pequenas falhas (como é perfeitamente normal, principalmente quando se arranca com uma organização nova), algumas no camping, nos horários e algumas a nível de som (que nem sempre é responsabilidade do festival em si, mas também dos artistas) mas nada que “estrague a pintura” do que se pode dizer que foi um grande dia de metal e arranque de festival. Todos os presentes terminaram o dia de alma preenchida e ansiosos pelos restantes dias que, a seguir as pisadas do primeiro, tinham tudo para ser memoráveis.
O Vagos Metal Fest, organizado agora pela Illegal Productions, está bem de saúde e ainda foi capaz de surpreender muito pela positiva!