A noite chuvosa em São José dos Campos trouxe consigo uma atmosfera carregada, perfeita para o que estava por vir no Hocus Pocus Studio & Café. Sob chuva constante e intensas rajadas de som, o evento prometia ser uma celebração do metal extremo, com três das bandas ferozes representando a cena underground nacional. Entre acordes brutais e letras incendiárias, Los Suffers, Thanathus e Crânula mostraram que, mesmo diante das adversidades, a chama do metal continua queimando com força total.
Los Suffers abriu a noite com um set contendo faixas do seu álbum mais recente, Espírito Mofado. A banda trouxe à tona temas sociais e políticos com uma pegada moderna e vigorosa, explorando nuances do death metal contemporâneo. Músicas como “Extinção da Burguesia” se destacam, mostrando o equilíbrio entre peso e crítica. Apesar do clima mais introspectivo da noite, a presença de palco de Luiz Dias, Jean Carreira e Brendan Kitchen foi inquestionável, mantendo a conexão com o público.
Logo depois, foi a vez de Thanathus mostrar sua força com uma performance brutal. Apresentando faixas do EP …In Death e o single “Curse, Blood and Pain”, a banda entregou uma experiência sonora imersiva. Com guitarras afiadas e vocais ferozes, Thanathus mostrou sua competência em criar atmosferas pesadas e envolventes. A banda demonstrou domínio técnico, reforçando o brutal death metal nacional.
Foi uma noite em que cada acorde e batida reforçaram o compromisso dessas bandas com a cena underground, mostrando que, independente das condições, o metal extremo continua pulsando com força total.
Após a apresentação das bandas Los Suffers e Thanathus, o Crânula trouxe seu entitulado Death de rua para o palco do Hocus Pocus Studio & Café. Combinando brutalidade e técnica, a banda entregou uma performance que, apesar da atmosfera intimista, foi capaz de estremecer o ambiente com sua força sonora. O setlist incluiu faixas dos dois álbuns lançados pela banda: “Paralaxe” e “Human Savage”. “Paralaxe”, é uma obra carregada de crítica social e introspecção, com faixas que exploram o isolamento urbano e a alienação moderna. O peso dos riffs e a bateria avassaladora se destacam, e a energia dessas músicas ao vivo é simplesmente esmagadora. Já “Human Savage”, eleva ainda mais a agressividade da banda, trazendo letras mais diretas e um som ainda mais cru. A execução dos dois álbuns pela banda, com sua velocidade e riffs cortantes, foi um dos momentos mais marcantes da noite. “Mulher Diabo”, com seus vocais ferozes e presença de palco magnética, comandou o show, interagindo intensamente com o público. Rodrigo Buitoni, por sua vez, mostrou todo o seu domínio nas guitarras, com solos que combinam técnica e visceralidade. João Lima, com batidas precisas e esmagadoras, garantiu uma base rítmica que manteve o impacto das músicas constante do início ao fim.
Mesmo com um público reduzido, a banda não poupou esforços para oferecer uma experiência única. Crânula reafirmou sua posição como mais uma das forças autênticas e implacáveis do underground brasileiro. O show foi um lembrete de que o metal extremo vive e batalha a cada dia, especialmente quando bandas como esta continuam a executar performanes consistentes e entregam apresentações ao vivo de pura devastação sonora.