O relógio marcava 8 da noite quando o evento começou no Foro Landó, e foi El Rey de Todas las Ratas, um duo de post-punk e darkwave originário de Sonora, México, quem teve a honra de abrir a noite. Com um carisma cínico e uma presença de palco avassaladora, seu vocalista começou o show com um set que agradou ao público desde o primeiro minuto. El Rey Rata superou as expectativas, entregando um espetáculo vibrante, repleto de post-punk, piadas ácidas e muita energia. Se você ainda não os segue, recomendo procurá-los nas redes sociais para não perder nada.
Depois foi a vez de um trio que muitos não conheciam, mas que deixou uma ótima impressão no público do dia 25 de agosto: Nina Hologram. Com sua proposta irreverente, um som muito dançante e uma estética provocadora, Nina Hologram fez sua estreia na terra do deus Tolo, estendendo seu setlist além do planejado pela insistência do público, que pedia mais e mais. Finalmente, tiveram que deixar o palco para dar lugar à banda principal da noite.
E chegou o momento mais esperado: Hocico. Este duo, originário da Cidade do México, é uma das bandas mais influentes da cena do electro dark. Desde seus primeiros anos na década de 90, Hocico tem trilhado um caminho único na música eletrônica, destacando-se por seu som agressivo, letras sombrias e a criação de atmosferas sonoras que evocam emoções intensas.
Formada em 1993 pelos primos Erk Aicrag (vocalista) e Racso Agroyam (sintetizador), o duo se alimentou do caos urbano e do misticismo cultural da Cidade do México, que serviram como caldo de cultura perfeito para sua estética sombria e apocalíptica.
No seu setlist de quase duas horas, Hocico nos levou por uma jornada de seus mais de 30 anos de carreira, incluindo seu mais recente single, “Fallen Paradise”. A noite começou com “Symphony of Rage”, onde Erk Aicrag e Racso Agroyam ofereceram um espetáculo sonoro e visual que não deixou ninguém indiferente. O moshpit não tardou a se formar, e os cânticos em homenagem a Agroyam ressoavam desde o fundo do foro. O visual foi complementado com animações na tela, alternando entre imagens de aranhas, efeitos psicodélicos em tons escuros e muito fumaça.
Um aspecto a ser melhorado seria a ventilação do local, que não estava preparada para suportar a quantidade de fumaça gerada durante a apresentação, o que afetou o conforto de alguns presentes.
Para quem não pôde comparecer, aqui está o setlist da noite, uma amostra do poderio de Hocico no palco:
Desde seus primórdios, Hocico tem sido uma influência significativa na evolução do electro dark. Eles demonstraram que a música eletrônica sombria pode transcender fronteiras culturais e linguísticas, conseguindo ressoar com um público global. Seu sucesso inspirou outras bandas latino-americanas a adentrar na cena do electro dark, mostrando que não é um gênero restrito à Europa ou América do Norte.
Além disso, a longevidade de Hocico na indústria é um testemunho de sua capacidade de se reinventar e se manter relevante sem perder a essência que os tornou populares desde o início. A energia de suas apresentações ao vivo, combinada com sua produção consistente de música nova, garante que continuem sendo uma força dominante no cenário do electro dark.
Toluca, uma cidade onde o movimento dark tem declinado nos últimos anos e onde o metal predomina, demonstrou com este evento que ainda guarda um lugar especial para Hocico em seu coração. A relação entre o electro dark e o metal vai além de uma simples coincidência estilística. Ambos os gêneros souberam evoluir e encontrar pontos em comum, especialmente quando exploram emoções e temáticas humanas universais. Embora inicialmente separados, o electro dark e o metal se uniram em uma celebração do sombrio, do visceral e do inovador, criando uma simbiose que é tanto audível quanto visual e sensorial.
Em suma, a noite no Foro Landó foi um lembrete de por que Hocico continua sendo uma das bandas mais queridas e influentes na cena do electro dark, não só no México, mas globalmente.
Skol por Hocico, voltem logo!
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