Apesar de uma trajectória meio irregular, tendo-se separado já por duas ocasiões, os CANCER são ainda assim um dos nomes grandes do death metal europeu, e parte importantíssima da sua história. Famosamente, foram a primeira banda de death metal a assinar por uma major label, para o seu álbum de 1995, «Black Faith», mas foi com clássicos como «To The Gory End» ou «Death Shall Rise» que estabeleceram a sua reputação impecável. Depois de se terem reunido em 2013, ofereceram-nos o fortíssimo «Shadow Gripped» em 2018 e têm andado por todo o lado a provar que ainda são parte do pelotão da frente. Calha agora a vez a Barroselas, que vão visitar com uma formação renovada baseada principalmente em Espanha, mas sempre com o inimitável John Walker a liderar as tropas. Mal podemos esperar!

O duo formado em Seattle em 2010 tomou progressivamente as rédeas de um género que se pensava adormecido. Em 2015, “Four Phantoms” foi um dos álbuns mais unanimemente exaltados pela imprensa que se rege pelas leis do gesso. Os riffs são lentos, pesados, colossais, maiores que a vida ou até que a própria morte, crivados a toques de heroísmo numa carapaça de letargia e vozes cavernosas e de um ritualismo primordial. Então em 2017, “Mirror Reaper” quebrou o molde. Um melancólico épico meditativo de mais de uma hora onde forças opostas são colocadas frente a frente num exercício de imensurável tensão e excepcional controlo dinâmico. Esse trabalho ainda hoje ecoa fortemente entre qualquer devoto de paredes de amplificação, mas os BELL WITCH estarão no SWR para apresentar o recente “Future’s Shadow Part 1: The Clandestine Gate”. As comparações com o trabalho anterior serão inevitáveis, mas este possui os seus próprios méritos. Talvez não tão esmagador e ambientalmente opressivo, mas mais diverso e instrumentalmente exploratório.

Estes germânicos debitam thrash como os deuses antigos os ensinaram, sempre com o pé no acelerador, a uma velocidade ameaçadora, e a brotar intenção visceral por todos os poros. Foi exactamente o facto de entregarem o género de uma forma tão convincente que, com apenas quatro anos de carreira, deram o salto da High Roller para a Metal Blade, com a reputada editora a lançar-lhes o segundo álbum de longa-duração. «Ghastly Waves & Battered Graves» deu seguimento ao destilar de referências old school, compactado em ataques da rapidez serrilhada e frenética que já tinha dominado a estreia «The Guillotine», lançada há três anos. Portanto, toca a vestir os melhores jeans, os ténis-bota, um casaco de couro e pulseiras de picos – vais precisar deles no embate com estes thrashers.

 

Criados inicialmente como um duo, os nacionais NECROBODE surgiram em cena com «Metal Negro da Morte», uma demo editada em 2018 via Iron Bonehead. Mostrando desde logo uma abordagem crua e rude às frequências mais antigas do death/black metal, os músicos invocaram um delírio selvagem apoiado num transe hipnótico e, sem perderem muito tempo, expandiram a sua formação a trio e voltaram à carga com o muito elogiado álbum de estreia dois anos depois. Intitulado «Sob o Feitiço do Necrobode», o LP intensificou ainda mais a base firme e imunda do registo anterior – bestialidade pulsante, riffagem estridente, vocalizações encharcadas de efeitos que soam como um demónio a vomitar no abismo, a ocasional textura sintetizada e apenas a dose de melodia necessária para manter o ouvinte atento – e apresentou dez temas que resultam como uma sublime cacofonia que emerge directamente das masmorras da podridão. Se és fã de bandas como Beherit, VON, Archgoat, Profanatica e outros que tais, não vais querer perder a descarga sónica protagonizada por esta gente com créditos bem firmados no underground nacional. Inicialmente previstos para a edição de 2023, será em 2024 que terminaremos a maldição que tem afastado os Necrobode dos palcos de Barroselas.

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