Atrocitus é mais uma banda da grande malha de boas criações de Curitiba.
De bons shows e contagianets em 2018 , para o maramos da pandemia nos ultimos dois anos. Como a banda tem reagiado a esta parada obrigatoria?
Pra nós foi e ainda está sendo difícil se manter em meio ao caos. Primeiro ponto é a parte psicológica que óbviamente afeta à todos, mas em específico a falta dos shows abala bastante. Boa parte das bandas vieram à acabar neste tempo, justamente por não conseguir se sustentar. Estamos sempre conversando por vídeos-chamadas para não perder o fluxo de ideias ensaiando à cada 15 dias, e alternando em duplas. Por enquanto estamos afastados até de lives, para poder focar na divulgação do nosso novo EP.
Em pouco tempo vocês dividiram palco com importantes nomes do cenário nacional e internacional. Como a banda enxerga estes momentos? Trouxe bastante experiencia?
Com certeza sim. Uma das nossas vontades antes da pandemia era lançar um EP e tocar com bandas que são nossa influência. Bom… já realizamos um pouco desse feito, então agora nossa vontade é elevar o nível de qualidade, presença de palco, som. Novos sonhos entram em jogo e sempre nos espelhamos nas bandas grandes. (Sepultura, Angra, Krisiun, Torture Squad, Claustrofobia, Project46, Arch Enemy, Amon Amarth, Jinjer…)
O que a gente sempre aprende com as bandas fortes, é que sempre existe paciência e cautela nas ações. Todas as bandas tem uma equipe por trás, que auxilia em todo o trabalho. Aprendemos muito, desde uma boa composição até uma boa passagem de som.
Antes mesmo de lançar um EP ou disco, a banda já vinha lançado clipes, foi uma estrategia visual?
Honestamente… não! Esses clipes que lançamos no início foi meio ao acaso. Quando começamos não fazíamos ideia de como era um projeto de lançamento. Até então, sabíamos que para fazer uma boa produção, teria que investir igualmente. Os clipes que estão disponíveis no YouTube antes dos lançamentos oficiais, foram oportunidades que apareceram. Tivemos muitas outras no meio do caminho, e agarramos como se fosse a ultima. Afinal, a gente não sabia até onde iria dar certo esse tal de “atrocitus”.
A “realidade perturbadora” que o vive o Brasil e o mundo é fonte de inspriação para as criações da banda?
Sim! Na atual circunstância estamos fodidos. Pra onde você olha existe desigualdade, preconceito, opressão, miséria, morte, corrupção. Não conseguimos ignorar tudo isso. Seria muito legal poder escrever sobre flores, céu azul, amor… sabemos que são poucas as pessoas que realmente querem lembrar de tudo isso. O que fazemos com nossas letras é levantar uma crítica social, e deixar que esse assunto venha a debate em algum momento. Vivemos, não só no Brasil, uma política polarizada, que nos separa em bons ou maus, preto ou branco, esquerda ou direita, Deus ou Diabo. O mundo é muito mais que dois lados da moeda, e é essa reflexão que tentamos trazer conosco.
Jogo rápido:
4 bandas nacionais: Exylle, Decadência, Surra, Project46
4 bandas internacionais: Jinjer, Meshuggah, Animals as Leaders, Lost Society
metal: atitude
Curitiba: fria, chuvosa, às vezes depressiva
politica: Fora Bolsonaro!
religiao: Jesus era comunista
pessoas: Monja Coen, Rita Von Hunty, Viviane Mose
A capa de ep “O Que Será de Nós?”, trás um conceito de violência. Poderia nos explicar quais elementos vocês buscam expressar com esta arte? E quem foi o responsavel por faze-la?
A arte está sendo trabalhada pelo tatuador Johnn Allax. No quadro vocês verão a derrubada da estátua de Pedro Álvares Cabral. Isso simboliza uma nova geração que não apoia o colonialismo, racismo, escravidão, desigualdade social. O título “O Que Será de Nós?” é uma pergunta retórica. Quando os indígenas viram os europeus chegando na costa brasileira, a pergunta poderia ter sido feita. Na Era Vargas com a ditadura militar, com a crise dos anos 90, com o golpe de impeachment, com a pandemia, com a falta de vacinas, com um governo nos roubando… o que será de nos? Essa frase, virou um bordão entre a banda e amigos, por nos encontrármos várias vezes sem saída, sem opção, perdidos, desamparados.
Lula ou Bolsonaro serão provavelmente os elementos de um possível segundo turno ano que vem nas eleições brasileiras. Há horizonte com estas opções?
Como falamos antes, o cenário político brasileiro é polarizado, e é sempre a mesma disputa. Bolsonaro veio com uma política antiga, conservadora, armamentista que pisa na classe trabalhadora, e nos miseráveis. Ele ataca as universidades, a educação, os professores, a saúde, a ciência, a imprensa. Ele não fala para o país todo, ele fala apenas para seus eleitores. é um péssimo estrategista tanto militar quanto político. Fez da própria família um esquema político… quase um neo-imperialismo. Estamos presos com esse louco até 2023, e torcendo para que não faça o mesmo que Trump fez no capitólio com a sua saída. Lula conseguiu tirar o país do mapa da fome, falava por toda uma nação, lutou pela classe trabalhadora, a taxa de desemprego era baixa, as famílias tinham condições de incentivar a educação para seus filhos. Hoje as mesmas estão tendo de escolher entre comprar um caderno ou comprar um saco de pão. Não achamos que Lula sería a melhor opção para o Brasil, até porque já respondeu por dois mandatos na presidência. A questão é que o Governo Bolsonaro é Fascista e não mereceu ficar nem metade de um mandato. A verdade é que estamos desesperados, sem lei, sem um líder, somos órfãos na democracia… contra o fascimo, qualquer outra opção é mais saudável.
Como foi o processo de gravação do disco?
Começamos a pré-produção no começo do ano (2021). Por ser uma trilha sonora, tabalhamos em paralelo às gravações do curta. Gravamos as baterias na casa do Carlos Antonio Filho, produtor do curta. Separamos o sótão e fizemos todo o processo ali. Todos os outros instrumentos foram gravados no estúdio do Ideraldo Ferreira, que até então era nosso produtor, atualmente nosso guitarrista solo. Conseguimos fazer render tudo em um intensivo de 15 dias, com mixagens juntos.
Como as letras são em português e falam de temas pesados e atuais, sentimos uma energia muito forte no estúdio. Foi uma luta com o interior de cada integrante. A saída do Tom Cardoso, ex-guitarrista mexeu com todo o trabalho também. Gravar este EP foi caótico, e porque não seria… estamos retratando a realidade que vivemos.
Onde conhecer a banda?
Estamos em todas as redes sociais, mas nossa maior atividade é no instagram: @atrocitus_cwb siga também os integrantes, sempre estamos atualizando vocês sobre os trabalhos: @w._huanzera @ianschmoeller @idera.ferreira @pettrus_atrx
Mensagem final: Muito obriado ao Cultura em Peso pelo carinho, divulgação, à Roadie Metal que está nos proporcionando muita evolução. Aos fãs que vem nos acompanhando ano a ano, incentivando cada vez mais a crescer nesse sonho. E á você, caro leitor que aguentou nossas poucas e boas. Esperamos estar em uma próxima edição falando sobre nosso álbum que já estamos ansiosos para apresentar.