Depois de anos marcando o pulso da cena alternativa no México, Aurum entrou em um hiato indefinido que deixou seus seguidores com mais perguntas do que respostas. Rumores de separação, projetos pessoais e mudança no cenário musical cercaram a banda nesse período. No entanto, o seu legado continua vivo no seio do cenário local e nacional, e naqueles que aguardam ansiosamente um possível regresso a tempo inteiro, como antigamente.
Se um dia antes, em Cuerda, me sentia um velho rodeado de púberes da nova geração punk, no sábado, no Basement, me senti jovem entre os veteranos da primeira onda emo de Guadalajara. Aurum, juntamente com bandas como Rohan, Thermo e Insite, fizeram parte de um movimento que marcou uma época e que, ao que parece, se recusa a desaparecer. É engraçado: ano passado o Aurum também foi meu primeiro show do ano e agora o ritual se repetia.
Aurum conquistou seu lugar nos anais do rock mexicano ao se tornar a primeira banda nacional a se tornar famosa graças à Internet, no já distante 2004, quando alcançou 2 milhões de seguidores no MySpace, um feito e tanto para a época. Não tocavam desde 2018, até o ano passado, aproveitando a desculpa de comemorar 20 anos, fizeram duas datas em Guadalajara e na Cidade do México, algo que pegou todos de surpresa e deixou o público querendo mais. este ano com datas únicas em Guadalajara, Puebla e Cidade do México.
Atualmente, com a banda em um hiato por tempo indeterminado que muitos interpretam como “ainda não sabemos o que vem a seguir”, tivemos alguns minutos para conversar com Tano e Mike (vocalista e guitarrista) buscando tentar entender onde está sua bússola criativa. pontos. O que vem por aí para Aurum? Estas são as perguntas que todos queremos responder.
Durante este tempo em que regressou aos palcos, notou alguma mudança ou evolução na forma como o projeto foi desenvolvido?
Tano: Bom, no geral sim, em todos eles, para começar, são 20 anos de banda, em 20 anos você aprende muita coisa. Do show do ano passado para este também foi um ano de muitos shows com nossas respectivas bandas, Vela (segunda guitarra) com División Minúscula e eu com Insite, por exemplo. Acho que para esse show a gente veio mais preparado, foi mais fácil preparar as músicas e o show. Acho que hoje fluiu um pouco melhor que no ano passado, já entendemos do que se trata esses shows, não temos mais aquela pressão de “temos que continuar, temos que fazer…” sabemos que as pessoas vão estar lá no dia anunciamos um show e agradecemos muito por isso, então seguimos nesse ritmo.
Acabamos de ver que cada membro da banda tem seus projetos paralelos, por exemplo Tano com Insite ou Joseph (baterista) que passou 10 anos com Say Ocean. Esses projetos também influenciaram de alguma forma a Aurum?
Tano: Tudo serve de experiência e aprendizado. Todos no que estão fazendo ajudam você a melhorar esses programas. Mike sobre o que está fazendo agora para se preparar para esses shows. Vela e eu também vamos às nossas respectivas bandas para tentar fazer um show o melhor possível para o público, prepará-lo para eles aproveitarem. Acho que tudo serve para fazer algo melhor.
Mike: Todos os projetos não são apenas úteis criativamente, mas mesmo a nível pessoal e profissional, você cresce, entende como cada coisa funciona e amadurece. No final das contas, estar em projetos diferentes te ajuda a conhecer outras coisas, e a amadurecer e saber como você pode aplicar isso nesse projeto que todos nós amamos tanto por todo o tempo que leva.
Ainda hoje anunciaram que vão regressar ao estúdio, o que foi uma surpresa para todos, porque por exemplo, no ano passado correram rumores, que até eu acreditei, de que seria o concerto de despedida deles. nós sobre isso? O que eles estão fazendo no estúdio?
Tano: Sim, entramos em estúdio e gravamos algumas músicas, pelo menos até agora. Acho que não demorará muito para lançarmos uma dessas duas músicas em algumas semanas ou talvez um pouco mais. A ideia era tirá-los desses shows, mas o timing não funcionou como queríamos. Mas planejamos lançar essas músicas e estamos indo com calma, a idéia é lançar essas músicas e não sei se haverá um álbum ou algo parecido, mas vamos lançar mais músicas novas.
Você conhece a nova geração de bandas emo e pop punk que estão surgindo no cenário nacional?
Mike: Pelo que faço fora do Arum, sim, estou constantemente procurando por bandas. Vou ser sincero com você e acho que é o mesmo para todos nós que estamos em Aurum, somos caras com 35 anos ou mais, obviamente a música que fazemos não é a que as novas gerações estão ouvindo, mas sabemos que existem bandas que estão puxando massas, sabemos o que Blnko, San Venus, Luzer ou Moorelo estão fazendo, existem muitas bandas e é bom ver que mais do que a cena, o movimento continua crescendo apesar dos anos, é já é um gênero consagrado e sempre há narizes de 13, 14 ou 15 anos que pegam um instrumento pela primeira vez e ouvem uma banda do gênero e isso os motiva. O projeto deles vai sair e em algum momento esses narizes virão nos ouvir também. Estou tão feliz por eles existirem, por continuarem trabalhando, mesmo já estando uma ou duas gerações acima, ter essas bandas aqui trazendo mais público é sempre apreciado.
Aurum é aquele tipo de banda que, mesmo permanecendo em pausa, nunca para completamente. Seu nome continua ressoando em conversas, playlists e lembranças de uma cena que alguns consideram extinta, mas que continua encontrando formas de se reinventar. Talvez eles ainda não tenham todas as respostas, e talvez seja esse o ponto: não serem previsíveis, nem para seus fãs nem para si mesmos.
Se algo ficou claro é que o legado do Aurum não depende de turnês épicas ou anúncios bombásticos. É nessa conexão que parece tão válido quanto há duas décadas, quando a banda, estando no auge e alguns de nós sendo apenas crianças naquela época, cantávamos suas músicas como se fossem hinos. Talvez eles voltem com um álbum, talvez não. Talvez eles voltem a ver as cenas, ou talvez vivam apenas na memória daqueles que fizeram parte de sua história. Mas uma coisa é certa: Aurum, como um bom eco, não desaparece. Espere o momento perfeito para soar mais alto novamente.