Depois de quase 40 anos, músicas da Detrito Urbano, banda punk rock caxiense de 1986, uma das precursoras do estilo na cidade, são regravadas e disponibilizadas gratuitamente em diversas plataformas digitais, como Spotify, YouTube e iTunes.
O insight se deu a partir de uma postagem nas mídias sociais, em 2017, feita pelo vocalista e fundador da banda, o engenheiro de produção Roberto Marcon, 52, em comemoração aos 30 anos do primeiro show realizado, que aconteceu na escola estadual Melvin Jones, em junho de 1987.
“- Postei despretensiosamente as fotos nas redes e um dos guitarristas que tocou na banda, o hoje músico Gilberto André (Gilblack), me procurou com a proposta de produzirmos um álbum com as canções, a fim de registrar essa história – conta Roberto Marcon.”
Entre a ideia embrionária e a conclusão do trabalho, em dezembro de 2022, transcorreram cinco anos e foram regravadas nove músicas: Detrito Urbano, Vampiros do Poder, Alcoólatras, Dia a Dia, Homens do Amanhã, Potência do Ano 2000, Vômito, América Latrina, INSS, e mais uma faixa bônus, Hilário – o Punk, regravada pela banda caxiense UFO, em 2002.
“- Não segui na área musical, mas percebo que a Detrito Urbano foi mais do que música, mais do que punk, é a história da cena cultural underground caxiense, e representou a luta de muita gente que se identificava e queria dizer aquilo que não conseguia exprimir na individualidade: a luta por eleições diretas, o fim da ditadura militar, o fora Sarney. Expressar para a elite caxiense, uma cidade que se sentia europeia, toda a exploração, todo o silêncio velado pelo medo no período da ditadura. Enfim, o “lado B” da cidade” – acredita Marcon.
As letras foram compostas por Marcon, que na época tinha 16 anos e morava na Vila Ipiranga, local em que ensaiavam, e os arranjos feitos em conjunto com os demais integrantes da Detrito. Para ele, as letras não perderam a validade no tempo, pois não retratavam momentos voláteis.
“- Vampiros do Poder, por exemplo, fala da cultura política brasileira; Alcoólatras, aborda causas que geram a ponta do iceberg de uma droga lícita; Dia a dia, como o nome diz, é um diário do trabalhador brasileiro; América Latrina, trata da exploração dos povos originários pelos europeus, e por aí vai – explica.”
Segundo o historiador e pesquisador da cena punk em Caxias, Alisson Oliveira da Costa, a Detrito Urbano foi a primeira banda punk que começou a realizar shows, inclusive fora da cidade, informação que registra em seu trabalho de conclusão de curso, feito na Universidade de Caxias do Sul, no ano de 2022.
“- Tocamos na escola Melvin Jones, em 1987 e 1988; na escola Imigrante, em 1987 e 1988 (2ª Ópera Rock Imigrante); no Salão da Igreja Cristo Operário, em 1989 (1º MJ Festival); no calçadão de Caxias, em uma gincana estudantil, em 1988; em uma festa da juventude, no bairro Universitário, em 1988, e em dois festivais Punks em Novo Hamburgo, no ano de 1990 (os últimos e derradeiros shows)” – relembra Marcon.
Foto acima: Roberto Marcon no vocal e Gilblack na guitarra.
E acrescenta:
“- Aqueles meninos de 15, 20 anos, não tinham como dimensionar o quanto suas canções e seu estilo, que movimentaram a segunda metade dos anos 1980, serviriam como inspiração para surgimento de novas bandas, e que até hoje ainda reverberam no underground caxiense.”
Participaram da regravação: Roberto Marcon (vocalista), Gilberto André – Gilblack (guitarra, contrabaixo e sax), que integravam a Detrito Urbano, e Gui Mello (Bateria), músico parceiro do projeto.
Tem essa foto também que é tri da banda. Eles estão em um lixão que existia perto da antiga Fras-le, no
Cristo Redentor, descida pra Vila Ipiranga
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