Conversar com Claudio “Tano” Marciello é como falar com uma parte viva da história do heavy metal argentino. Sua guitarra foi a espinha dorsal do Almafuerte, onde ele e Ricardo Iorio marcaram uma era. Mas sua jornada não começou nem terminou aí: com uma carreira de décadas, Tano é sinônimo de sensibilidade, técnica e comprometimento artístico.

Hoje, a todo vapor, ele se prepara para lançar um novo álbum solo que o torna mais relevante do que nunca. Com um som que respeita suas raízes, mas não tem medo de explorar, Marciello retorna ao presente com a mesma autenticidade que o tornou um nome conhecido. Nesta entrevista, falamos sobre o presente, o passado e a paixão que continua a motivá-lo a criar.

Você está vivendo um grande momento, com muitas apresentações e shows de altíssima audiência que lhe dão significativa visibilidade nacional. Seu tão aguardado novo álbum será revelado no Teatro Vorterix no dia 9 de julho.

Como você está vivenciando esse momento da sua vida, tanto pessoal quanto musicalmente? Como esse momento influencia o processo criativo do seu novo álbum?

Tenso. Tenso… Sou um cara que tem dificuldade para dormir. Às vezes preciso comer alguma coisa para conseguir dormir. Mas isso já acontece há muitos anos. Estou assim. Como vai ser?

Todo o processo de produção já está pronto. O álbum precisa ser lançado em breve. Estou torcendo para que ele seja lançado nas plataformas em junho. E aí farei algumas cópias físicas. Então é isso que está me causando tensão. Porque a produção, o ensaio e a gravação fazem parte da minha arte, do meu trabalho. Isso é gratificante e me dá prazer. Todo o resto não depende mais de mim. Depende das pessoas responsáveis. Toda a papelada, a fotografia e tudo mais. Então é aí que fico com a incerteza, esperando por respostas. E isso realmente me estressa.

O que podemos esperar, o que encontraremos neste álbum? Há alguma diferença na abordagem que vocês deram a ele em comparação com seus trabalhos anteriores?

O álbum é um álbum de heavy metal rock, um álbum pesado, com muitos arranjos, muito trabalho de guitarra, e o trabalho de bateria da Melina é realmente digno de reconhecimento. Leo (Radaelli) canta duas músicas.

As músicas foram compostas por mim, tanto as letras quanto as músicas. Não há envolvimento de Melina Marciello, Leo Radaelli ou Giuliano Noe. É o álbum mais espontâneo e cru que já fiz.

Gravar um álbum e preparar uma turnê nacional em homenagem a Almafuerte não é algo que se faz sozinho. Quem te apoia nesse processo hoje?

Estou fazendo tudo relacionado à coprodução com a TDR, Juampi Lafontain, e, obviamente, tenho meu empresário, Lautaro Bustamante, e o coordenador, Ezequiel Rojas. Eles são as pessoas que indiquei. E então temos, por exemplo, na próxima quarta-feira, uma reunião entre nós quatro. E bem, a clássica. Ok, Tano, o que você precisa? O que você quer fazer? Enfim, todas essas perguntas. Então, tenho que estar atento para que, quando você fizer pedidos depois, não se esqueça de nada ou se arrependa.

Como você reúne e prepara sua equipe para os desafios de um novo álbum e uma turnê nacional?

E quanto à equipe, é algo que discutimos e resolvemos antes do início da turnê, tudo porque não pode haver nenhuma besteira nisso. Sou uma pessoa muito, muito flexível quando se trata de humor. Na verdade, estou sempre perdendo meu tempo. Sou o pior tocando; sou o ridículo. Tenho muita dificuldade de concentração, às vezes minha memória é complicada, mas sempre procuro o lado humorístico e sou até um pouco bobo, um pouco louco. Mas, enfim, vejo que todos estão se divertindo e que as coisas estão indo bem.

O que falamos em turnê, tanto com o coprodutor quanto conosco, é que todos se divirtam e se divirtam (porque a música em si já é divertida só pelo fato de você estar fazendo isso e poder viver naquela atmosfera). E lixo, não, loucura, lixo em outro lugar, loucura. Não aqui, não há espaço para isso.

Ao longo da sua carreira, você desenvolveu um som que o identifica. Sua marca registrada, onde você funde o metal com raízes no folclore e no tango argentino.

Bem, obrigado pelo som que me identifica, porque é isso que eu mais procuro, não ser o guitarrista mais rápido ou melhor do mundo. Sim, eu misturo metal com um pouco de folk, com um pouco de tango, com um pouco de jazz, com um pouco de blues, com um pouco de rock and roll, com algumas, sei lá, sei lá, coisas que ouço por aí que estão tão arraigadas em mim que nem percebo.

Como surgiu essa necessidade ou interesse em incorporar esses sons locais ao heavy metal?

Não foi uma necessidade que surgiu; enquanto eu viajava pelo país, conheci jovens que vinham e me traziam seus violões para eu autografar. Eu dizia a eles: “Ok, eu autografo a viola para você, mas toque alguma coisa”, e enquanto eles tocavam, começavam a tocar violão. E tocavam chacarera, ou pericón, ou carnaval cruceño, ou zambas, outros gêneros musicais que fazem parte do folclore, que os folcloristas definem muito melhor do que eu. E foi aí que eu descobri, uma loucura, que, bem, havia coisas no mundo do violão que eu também gostava.

Ou o que te motiva a continuar criando novas músicas? O que mais você tem a dizer como o violão na mão?

O que me motiva a continuar criando é que, bem, eu já terminei este álbum, estou gravando tudo e já tenho algumas coisas gravadas num pequeno gravador digital que tenho, que são improvisações. Certamente isso vai dar origem a algumas músicas novas. E é por paixão e amor que continuo criando música e sempre tentando dar um toque inovador, certo? Embora, bem, eu tenha meu jeito de tocar violão, e não vou mudar isso porque gosto de tocar violão; não estudo mais tanto assim.

Então, bem, acho que você vai encontrar coisas diferentes no Vive, no sentido de que também explorei outras harmonias que não estarão no Emergencia, nem no Crudamente, nem nos álbuns anteriores. Então, acho que estou em constante evolução.

Você é uma grande influência para várias gerações de guitarristas. Se tivesse que olhar para trás e escolher um momento decisivo na sua carreira, qual seria e por quê?

Todos esses momentos foram importantes e marcaram algo na minha vida. Digamos que Almafuerte abriu as portas para o continente inteiro.

Como você gostaria de ser lembrado daqui a muitos anos, quando a história do metal argentino for contada?

Quando você morre, cara, o tempo passa e você esquece. Tchau, alguma lembrança permanecerá nas pessoas. Acho que através da música, através das canções, é assim que permanecerá.

Depois que me queimarem e me jogarem na esquina da minha casa, onde sempre fiz música. E, quem sabe, debaixo de uma árvore.

Plantei duas árvores, uma Ceibo e uma Liquid Ambar. Eles podem jogar um pedacinho de mim lá, e depois um pedacinho de mim lá, e se não for no Rio Matanza, não tenho problema, deixem-nos fazer o que quiserem. Depois, essa lembrança permanecerá ou desaparecerá como tantas outras.

LO QUE HICE EN VIDA QUEDARÁ EN VIDA HASTA EL TIEMPO QUE DURE

Claudio Marciello não se acomoda na nostalgia. Ele prefere seguir em frente, violão na mão, trilhando novos caminhos sem trair sua essência. Seu novo álbum é mais uma prova de que a verdadeira arte não se apaga com o tempo: ela se transforma, se aguça e se aprofunda.

Enquanto se prepara para levar essas novas músicas por todo o país, El Tano continua fazendo o que sabe fazer de melhor: tocar com o coração, falar com as cordas e nos lembrar que a música não é apenas uma profissão, mas um modo de vida.

Muito obrigada, Tano!

Serviço: CTM no Vorterix

  • Data: 9 de julho de 2025
  • Horário: A partir das 19h
  • Local: Vorterix (Álvarez Thomas 3455, Buenos Aires)
  • Ingressos: www.allaccess.com.ar

 

 

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