Perguntas: Cremogema
Respostas: Rédson

Como foi exatamente o início do Cólera?

A banda começou em outubro de 1979, depois que eu já tinha montado 4 bandas de rock. Formei a banda com Helinho na guitarra, Pierre (meu irmão) na bateria e eu no baixo e vocal,esta formação durou de out/79 a abril/80, quando eu passei a tocar guitarra e continuei nos vocais, e entrou o Val no baixo.

Havia estrutura necessária para uma banda naquela época?

Quase nenhuma… era preciso praticar o faça você mesmo, e nós fizemos caixas de som com madeiras velhas de construção, auto falantes de segunda mão, e tínhamos amplificadores caseiros feitos por colegas, não haviam
recursos na área da música. O pouco que tinha era muito caro e a maioria de baixa qualidade.

E para aprender a tocar? Foi na raça mesmo? Ou tinham professores?

Na raça nem professores, nem produtores ou pessoas que dissessem qualquer coisa sobre montar e manter uma banda.

E a questão financeira? Vocês trabalhavam com alguma coisa? Como era a manutenção dos instrumentos?

sempre tivemos que trabalhar pois não dava para viver de música…e até hoje, gastamos muito para manter a banda funcionando. Manutenção dos instrumentos era feita por nós mesmo, nem havia essa coisa de luthier e tals.. tinha que comprar os acessórios/peças e se virar para consertar, trocar.

Repressão policial.. como era enfrentá-los naquela época?

Uma paranóia diária. Nem precisava ser punk, pois naquela época (até meados de 84) qualquer grupinho de 4 ou mais pessoas reunidas na rua era chamado de “GRUPO SUBVERSIVO” e representava perigo ao estado. Então a gente vivia tomando geral e, sendo punk, ganhava humilhação e muitas vezes cheguei a tomar 5 gerais numa só tarde.
Durante anos participei de todas as passeatas anti-ditadura: de estudantes, bancários, professores, enfim toda passeata que rolava, eu estava lá.

Quando surgiu a idéia de lançar um álbum da banda?

Quando o Fabião (vocal do Olho Seco e dono da loja/selo: Punkrock Discos ) sugeriu fazer um disco com 3 bandas atuantes da época. O Grito Suburbano teve suas gravações realizadas no segundo semestre de 1981 e foi lançado em março de 1982. Foi minha primeira “produção técnica” de um disco. Em seguida, fiz o SUB, não só a parte técnica, como toda a produção e lançamento, que foi em 1983.

A 6 anos atrás estava de passagem em uma loja de revistas e livros, em uma das revistas que abri (na qual não me lembro o nome), tinha uma reportagem do cólera, nela o conteúdo dizia que vocês se consideravam melhores que o Ratos de Porão, que tinham o melhor single do punk nacional, o melhor álbum entre outras coisas, e uma série de comparações. Já houve algum atrito entre as bandas? Ou foi somente um mau entendido da revista?

Nunca foi dito isso e nem gosto dessa forma de comparação. Não nos consideramos melhores que ninguém. Este tipo de estupidez na imprensa que provoca intrigas entre bandas. Não jogo este jogo. Deleto!!! Num creio que seja mal entendido, e sim uma ação típica de quem vive sob o estigma da auto-afirmação, que precisa se mostrar e acha que, porque o Cólera cresceu, que a gente tem esta mesma doença. Não precisamos provar nada, precisamos continuar nossa história.

O punk morreu? O que está acontecendo com a nova geração do movimento? Se dividiu demais? Há algum motivo para tanta violência? Como nos casos de pouco tempo atrás em São Paulo?

Punk não é ganguismo e nem prega ou faz violência gratuita. Não sei se isso é coisa de uma nova geração, diria que é mais coisa de uma cidade violenta. Coisa de pessoas desnorteadas. Não rola uma “divisão”, rola mesmo centenas e milhares de bandas, ativismo, prática intensa e espetacular do “Faça Você Mesmo”, só que isso tudo não sai na imprensa, pois não tem nada de violento em fazer shows, zines, coisas edificadoras que não vende nas vitrines das grandes redes de comunicação. Logo, parece que está tudo ruindo, quando na verdade é um momento em que a violência das ruas, foi captada pela mídia,e esta violência tinha pessoas com visual punk envolvidas. Não sei se elas são ou não punks, o que sei é que
sou contra a violência, pelo menos enquanto os 2 lados do meu cérebro funcionarem!

Influências da banda?

Influências no ínicio: The Clash, Stiff Little Fingers, U.K.Subs. Influências atuais: Mestre Ambrósio, New Model Army e musica em geral, embora hoje, temos uma identidade e sons bem próprios, Cólera é Cólera!

Bate e volta :

4 bandas nacionais: Mestre Ambrósio /Ação Direta/ Torture Squad/ Orquestra de Pífanos de Caruaru
4 bandas gringas: New Model Army /Negazzione /Tom Waits /Ella Fritzgrald
1 cd : Pé no samba (M Ambrósio)
1 livro: Ponto de Mutação (F Kafka)
uma frase: Tudo é possível
nos tempos livres: leitura/natação/caminhada/reflexão

Sobre o show do Uberlândia, como foi para vocês tocarem aqui?

Embora o Sr Adilson(que fez o evento)tenha trapaceado com a banda não pagando nem a van, nem alimentação, não misturamos as coisas, então a marca de um show nota 10, um pessoal firmeza, cheio de energia, numa noite bem legal, não foi apagada, mesmo com estes furos.

Sobre o senhor citado acima, houve alguma ação judicial contra ele?

Já tentamos, mas ele está foragido de Uberlândia.

Projetos do Cólera para 2008?

Um novo CD com músicas inéditas, turnê pelo Brasil todo e Europa e o lançamento do DVD de 25 anos, que já EStá atrasado…rsrsrs

Em 28 anos de banda, quais foram os piores e melhores momentos da banda?

Dá pra citar alguns…piores: na tour européia de 2004 passamos muito frio e decepção na Eslovênia, num show que aceitamos fazer beneficente pra cena local, mas fomos largados num squat sem luz (tivemos que comprar óleo diesel para ter eletricidade) e sem banheiro; Bons momentos são milhares, mas a Virada Cultural de São Paulo, em Maio de 2007, onde tocamos as 09:30 da manhã de um domingo para 5000 pessoas na Rua Br de Itapetininga, no centro de SP, em frente ao prédio,, onde nos anos 80, funcionava a minha gravadora Ataque Frontal.

O botinada deixou lacunas sobre o que foi o punk em seu ínicio no Brasil?

Não. Mas a história tem tantos fatos, que precisaria de pelo menos mais 2 DVDs para passar a idéia clara. Faltou citar o Alemão da Mack, responsável pelo título do primeiro álbum: Grito Suburbano, faltou
homenagear quem realizou coisas.

Ainda é adepto das fitas k-7?

Não…os aparelhos não funcionam mais. Mas tenho muitos vinis.

Qual a profissão de cada integrante da banda e qual a formação atual?

Sou prof. de canto/produtor técnico para gravações sonoras e terapeuta , o Pierre trabalha numa corretora de grãos e o Val na prefeitura de SP (CEU),e está é a formação atual,tal qual nos primeiros álbuns.
Contatos da banda para shows, ouvir material, adquirir produtos da banda,….

shows: [email protected] 011 9251-4465
site: www.colera.org

Para finalizar a mensagem da banda para todos os fãns, e pessoas que ainda não conhecem o som de vocês também!

O Cólera tem uma história de 28 anos sem parar, com 11 álbuns, participação em 15 coletâneas no Brasil e exterior e mantém sua filosofia própria de idéias e som. Nossa raiz é o rock pesado e o punk rock, sendo que hoje, não nos intitulamos diretamente como uma banda assim ou assada, mas somente: Cólera é Cólera. Sugiro que você ,leitor, tente fazer o seu projeto por si mesmo e não espere que as coisas caiam do céu. Faça você mesmo, faça para entender! Deixo um salve para todos os admiradores da banda e também para quem está fazendo alguma atividade. Saúde!!!

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Cremo
Sejam bem-vindos ao meu mundo onde a música é pesada, a arte visual é uma paixão e a tecnologia é uma busca incessante pela excelência. Sou um aficionado por Death, Thrash, Grind, Hardcore e Punk Rock, trilhando os ritmos intensos enquanto mergulho no universo da fotografia. Mas minha jornada não para por aí; como programador e analista de segurança cibernética, navego pelas correntes digitais, sempre sedento por conhecimento e habilidades aprimoradas em um campo em constante mutação. Fora do reino virtual, vibro intensamente com as cores do Boca Juniors, e meu tempo livre é uma mistura de leitura voraz, exploração de novos lugares e uma pitada de humor. Seja nas areias da praia, nas trilhas das montanhas, acampando sob as estrelas ou viajando para terras desconhecidas, estou sempre pronto para a próxima aventura. E claro, não há nada que eu ame mais do que arrancar um sorriso do rosto das pessoas com minhas piadas e brincadeiras. Junte-se a mim nesta jornada onde a música, a tecnologia, o esporte e o entretenimento se entrelaçam em uma sinfonia de diversão e descobertas. E lembrem-se: Hail Odin e um firme 'foda-se' ao fascismo e ao nazismo!