Crônica do show de COBRA SPELL + NURCRY + EXILER na Sala Even (Sevilha) – 11/03/25
Sevilha, uma cidade sob um temporal de chuvas e ventos que deixou a região em alerta. Parques fechados, galhos de árvores caindo… Mas outra tempestade chegava à cidade, e essa o clima não iria deter: a de COBRA SPELL, junto a NURCRY e EXILER.
Desde cedo, o público já se aglomerava na porta para tentar ver seus artistas favoritos. Aos poucos, formou-se uma fila considerável, mesmo sendo uma tarde de terça-feira e em um horário pouco usual.
Com a abertura dos portões pontual, começava o show do EXILER. A banda de Jaén, do ramo do metal industrial, iniciou com uma introdução solene para então explodir com Dominus Servorum, seguida por Ministry. Após as apresentações, não deram trégua e continuaram com Last Dance e Fear, Love and Hate. Com um som potente e cativante, até quem não conhecia o grupo se deixou levar – e a ótima qualidade do áudio facilitou tudo.

O ambiente misturava solenidade e brutalidade, com os quatro membros da banda incitando o público a mover a cabeça no ritmo das músicas – embora também pedissem mais movimento na plateia. Seguiram com Psyko e Loverman, e, como anunciaram, “tudo de bom chega ao fim”. Encerraram com Rising, despedindo-se de Sevilha e abrindo caminho para as próximas atrações.
Como abertura da noite, e considerando seu estilo distinto em relação às outras bandas do line-up, o EXILER entregou um show com artilharia pesada: som poderoso e performance elaborada. Goste ou não de metal gótico com toques industriais, eles são uma banda que vale a pena ver ao vivo.
Após um breve intervalo para respirar e se hidratar, era hora de reassistir ao NURCRY, que retornava pouco mais de um ano depois para apresentar seu novo álbum, Renacer.
Como de costume, a introdução deu lugar a Destino, Yo te Busco, seguida por uma pausa breve antes de Contra Viento y Sol, saudando o público. A sincronia entre os membros é fascinante – qualquer palco parece pequeno diante deles. Combinado com sua habilidade de comandar a plateia, conquistam todos desde o primeiro momento, como provado em Siete Brujas e Salto al Vacío (a primeira música do novo trabalho).

Continuaram com os lançamentos: Megalomanía e Indómito, mostrando sua qualidade musical com um som impecável na sala. Aos poucos, sinalizaram o fim do set, agradecendo às bandas, ao local e ao público antes de tocar mais dois novos temas: Galileo e Cuestión de Rock & Roll. Saíram do palco brevemente, mas os gritos por “mais uma” os trouxeram de volta para encerrar com tudo em Latidos de Pasión.
NURCRY é sinônimo de qualidade no heavy metal espanhol. Quase não cometem erros ao vivo (exceto um breve problema com o baixo, rapidamente resolvido pela união do grupo) e combinam perfeitamente seu som potente com a energia no palco, mostrando o quanto se divertem a cada show.
Com o palco pronto, chegava o momento pelo qual o público havia se deslocado naquela terça-feira: a vez do COBRA SPELL, retornando à capital andaluza após dois anos.
Sua entrada foi uma declaração de intenções: começaram com The Devil Inside of Me e Satan is a Woman, recebidos com um rugido da vocalista CRISTINA. Com a plateia ávida por mais, seguiram com Bad Girl Crew e S.E.X.. O poder dessa formação é admirável – dos solos de guitarra de SONIA ANUBIS e ADRI, ao baixo preciso de BEL, a bateria de HALE e a voz impactante de CRISTINA.
Fechando os olhos, a sala era uma festa dos anos 80, com um sonido avassalador. Parecia que o teto desabaria durante Love Crime, Poison Bite e You’re a Cheater. A energia do grupo contagiava todos em Love = Love. Após uma pausa, o final se aproximava, e eles o coroaram com três hinos: Warrior From Hell, Accelerate e Addicted to the Night.

Se ainda há quem diga que não existem bandas que capturem a essência do rock e metal dos anos 80, COBRA SPELL é a resposta. Eles mantêm viva essa filosofia, tanto musicalmente quanto no palco.
Mais uma vez, Sevilha provou que o dia da semana não importa – se o line-up é atraente, o público comparece. E quando se junta bandas que, segundo muitos, são raras de se ver hoje, o resultado é uma noite memorável.