Do lado de cá da linha do Equador as coisas acontecem de maneira diferente, é uma outra dinâmica e em alguns casos uma percepção bem nebulosa da nossa situação em um mundo que foi globalizado por forças antigas, as mesmas que iniciaram essa globalização com as grandes navegações e invasões de territórios. No início invadiam locais, terras e territórios já povoados há séculos, globalizaram pela força da espada e da pólvora. A globalização contemporânea não se limita a invasão de territórios, salvo alguns casos, principalmente no Oriente médio lugar onde a intervenção tem obtido mais resistência, a globalização é ideologicamente neoliberal e hoje usam meios de intervenção cultural e de modelos a serem seguidos, usam da arma mais letal do capitalismo moderno e globalizado, os embargos contra países e governos que não se alinhem a suas políticas, geopolíticas e econômica, dessas mesmas potências de séculos atrás, novela, culturas e o modo de percepção de mundo, fazendo com que um Planeta tão heterogêneo, se torne um lugar apropriado para a homogeneidade do capital financeiro e direcionamento político, não tem espaço ou voz, qualquer pensamento ou cultura que não se modele , não se adapte ao deles.
Do lado de cá do Equador nos entendemos e aceitamos tudo que eles nos forçaram a aceitar, nunca o nosso País foi solo tão fértil para ideias que caminham até além do neoliberalismo que nos influenciou, hoje o retrocesso intelectual promove um retrocesso de identidade, retrocesso político e a falta de percepção de quem foram os verdadeiros vilões da nossa curta história de pouco mais de 500 anos, chegando ao ponto de o país que sofreu com sua formação escravista, exaltar, comemorar , acompanhar, divulgar e reproduzir um dos governos mais decadentes e opressor do Ocidente, um governo de fantasia que não exerce o poder político faz tempo, um país, uma família real responsável ( alguns podem alegar corresponsáveis ) por cerca de mais de 12 milhões de mortos africanos um país que enriqueceu e se fez potência nas riquezas geradas pela escravidão e colonizações de Nações e etnias , me causa extrema estranheza e uma dificuldade imensa de entender por que do lado de cá do mundo comemoramos um casamento real de uma dos exploradores e geradoras de fome, miséria e guerra no mundo ? Como se identificar com um conto de fadas (que também não passa de uma criação ocidental) de um País que manteve colonizações violentas em dezenas de países da África e outros continentes? Como se identificar com uma nação que promoveu o apartheid na África do Sul e liderou ao lado dos EUA, o avanço do capitalismo mundial em formato neoliberal, de uma família real que mantém uma fortuna gigantesca, criada pelos motivos de expropriação citados acima, e patrimônios de terras e negócios na Inglaterra, Escócia, país de Gales e Irlanda do Norte, pode causar admiração em um povo da América do Sul, que sofreu com seu escravismo, que foi negligenciado na falácia do fim do tráfico negreiro ( os principais piradas da épocas das grandes navegações ou eram ingleses ou financiados pela coroa britânica, que afundaram navios lotados de escravos para justificar o poder inglês em mandar e se fazer obedecer, que lucrou ainda mais com o fim do tráfico, mas isso porque já tinham avançado na sua revolução industrial, impulsionada pelas mãos dos escravos. Esse mesmo país romantizado com o casamento de Meghan e Harry, mantiveram colonizações violentas em vários países da África e outros. Então em primeiro lugar, todo aquele luxo e glamour tem origem em toda essa exploração e mortes, invasões e escravidões. Também não vejo motivos para comemorarem como uma “humildade” da coroa britânica, o sonho de princesa, afro , é uma representatividade vazia, assim como o ex- presidente norte americano Barack Obama ( mesmo eu considerando ele o presidente norte americano mais próximo da realidade ) também o é, não representam o que querem atribuírem a eles, são apenas peças “manufaturadas” ou “ criadas “, que servem muito bem ao sistema de cada país neoliberal e imperialista.
O problema do nosso povo é confusão intelectual e histórica ( isso graças a nossa educação desde sempre ) captam muitas informações e não conseguem assimilá-las e transforma-las em pensamentos racionais e coerentes, não apenas no caso da idolatria ao casamento de uma Monarquia europeia, mas também durante uma das mais significantes paralisações realizadas em nosso país nos últimos anos, quando os caminhoneiros entraram em greve, reivindicando pautas justas e principalmente os valor exorbitantes cobrados pelos combustíveis, graças a nova política de preços da Petrobrás, ( política essa arquitetada pelo senhor Pedro Parente ( PSDB ), que é de agradar investidores internacionais e facilitar a venda de ativos, além de reduzir a carga de refino interna, causando maiores gastos para o país, mas isso é um outro assunto … ) e o que poderia ser uma vitória popular histórica, onde o povo se juntaria com as ideias da causa e não iriam abastecer, nem comprar nada , não sairiam por falta de abastecimento e transporte,( não me venha falar que estava faltando medicamentos ou outros produtos essenciais, porque não estavam, não acreditem na publicidade do caos ) onde uma ação realmente popular ( a maioria do movimento inicial eram autônomos e não ligados com empresários, claro que alguns oportunistas e acéfalos se infiltraram , como a parcela de direitistas pedindo intervenção militar, políticos fascistas … ) poderiam ter mudado o rumo de todo o país, mas não … nossa burra classe média batedores de panelas correram para lotar os postos que ainda tinham reservas de combustíveis e super inflacionaram o valor do produto, quebrando completamente o sentido do início das reinvindicações e motivos da greve.

Não fomos construídos como um povo, uma unidade, Darcy Ribeiro falou merda, José Veríssimo você falou merda, José Pandiá Calógeras, você também falou merda, e com suas declarações equivocadas, deram base inicial, no início do século passado, para manutenção do racismo e demais mazelas que a população afro-brasileira sofre até os dias de hoje. Aqui nunca existiu democracia racial e nem miscigenação democrática de etnias que coexistiram e coexistem, não resolvemos nossos problemas milenares com os povos que aqui estavam antes, e ainda tratamos como ex-escravos os descendentes de africanos, nossa democracia foi moldada em padrões estrangeiros com realidades diferente das nossas, e como queremos achar, ter a prepotência de que construímos um Povo Brasileiro … Se aqui ainda é como na quinta década do século XVI … cada um por sí.

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