Em setembro eles estarão presentes no River Rock Festival, que ocorre em Indaial/SC.
Cartel da Cevada, é uma banda gaúcha que mistura o rock’n’roll com a musica tradicionalista gaúcha, falando sobre cervejas, folclore dos pampas e também sobre o diabo, que é um dos integrantes. Com várias premiações, e sendo conhecida em diversos locais do país, a banda desses guris nos concedeu uma entrevista, para conhecermos um pouco mais da banda.
1. Da onde veio a idéia de trazer o Diabo para o palco?
A ideia surgiu logo depois do nosso primeiro encontro com o Capiroto, que se deu lá pros lados da Campanha Ocidental, numa beira qualquer do Rio Uruguai. Isso foi em um verão daqueles de 50 graus, logo depois da virada do milênio. As coisas andavam meio esquisita naquela época.
A banda estava de recesso por causa das festas de fim de ano e, como de costume, nos reunimos para churrasquear e fazer novas músicas. Em um fim de tarde deste verão, enquanto a gente preparava um ‘paiero’ bem verde pra fumá e já calculava a quantidade de lenha que ia cortar pra fazer aquele assado noturno (durante o dia o calor era tão intenso que só lembro da gente beber toda a cerveja que tínhamos e de se atirar no rio de minuto a minuto pra se refrescar), apareceu a figura!
Vinha meio oitavado, bufando e abrindo cancha, com cara de poucos amigos. Olhei atônito pro Nando e perguntei.
– “Peido pesa?”
Ele não me respondeu. Tremia feito vara verde e por sorte vestia bombachas marrom naquele dia. O Diabo carregava na guaiaca um punhal de prata que reluzia e a gente achou que era o nosso fim.
Mas não foi.
Acontece que o Diabo estava procurando por um bando de castelhano salafrário que tinham abusado de uma prenda, uma gauchinha muy linda e querida por todos na região, e queria saber se a gente tinha visto algum pelotudo por ali recentemente. Não vimos. Mas ficamos emocionados de saber que o Diabo, vestindo chapéu, boleadeira e guaiaca, era gaúcho, da fronteira e que travava guerra contra os malfeitores da área. Naquela noite, regados a cachaça e costela, eternizamos o mito em canção, escrevemos a música o Diabo é da Fronteira. Ao terminar o último acorde do som no violão o Troca Peles apareceu como em um passe de mágica para o “encagassamento” geral mais uma vez. Pediu um gole do trago, um pega da erva e falou que gostou da música. Se serviu de uma lasca da costela, e perguntou se a gente queria ouvir uma história. A gente ouviu a história dele, contamos a nossa, bebemos muita cachaça, demos várias risadas. Viramos amigos. Foi então que ele nos surpreendeu com outra pergunta:
– Por acaso não estão precisando de um outro integrante pra esta tal de Cartel da Cevada?
E eu disse.
-Que instrumento tu toca?
-Nenhum, mas eu sei cuspir fogo. E na trova, no truco, na boleadeira e no aço, comigo não há um vivente que aguente o páreo.
E daí o resto é história, o Diabo faz parte do Cartel da Cevada a muitos e muitos anos agora.desde os tempos mais primórdios.
2. Como é misturar a música tradicionalista gaúcha, e também o folclore daqui, com o gênero rock? E como veio essa ideia?
Pra nós foi o curso natural das coisas. Começamos compondo rock mas misturando o vernáculo gaudério e a tradição de trovas, contos e causos, a maneira peculiar de contar história aqui do nosso estado. Depois evolui para um entrevero de compassos e acentos característicos dos ritmos e das músicas gaúchas, além é claro, da inserção do timbre característico da gaita.
3. Como foi pra vocês as indicações ao Prêmio Açorianos de Música ?
Foi uma honra termos sidos escolhidos para entrar neste hall seleto de monstros da música gaúcha e brasileira. Ter o Igor indicado nestas categorias, o Nando indicado como melhor instrumentista e o disco “Cartélico Vol.1” apresentado como um dos melhores discos do ano foi sensacional. Mas a gente já sabia, tava escrito no contrato que assinamos com o mochila de criança.
4. Como foi pra vocês a gravação do primeiro dvd? E ainda mais com a participação de ícones da cultura gaucha.
Uma loucura total! Tudo produzido de forma independente, com apoio dos fãs, com apoio dos nossos ídolos que participaram com a gente deste projeto, com muito trabalho, muito suor, muita cerveja e muito rock n’ roll.
5. Alguma vez já tiveram algum problema, ou crítica com “o diabo”?
Várias.. Mas o cramulhão resolveu tudo na ponta da adaga.
6. Em 2017, vocês ganharam o edital ‘ocupação dos teatros municipais’, no que resultou a gravação DVD do ‘cartélico Vol. 1 – Fronteira, Trago e Querência’. Como foi pra vocês ganhar este edital?
Foi do caralho. Nos proporcionou tocar em um dos palcos mais tradicionais de Porto Alegre e assim conseguimos dar vida a um dos espetáculos mais fodas que estes pagos já viram.
7. Vocês comercializavam ‘a barbada’ uma pale ale, ela ainda será vendida? Já pensaram também em produzir uma erva mate com algum toque de cevada?
A gente produz as cevas como produz o nosso som. De forma independente. Então de tempos em tempos a gente faz uma leva e distribui pros bezerros sedentos. Já tivemos a Barbada, uma pale ale; a Fronteira, uma South American Pale Ale (que foi produzida em homenagem ao lançamento do Cartélico Vol.1. Além disso tivemos também uma cachaça com sabor de melancia que se chama “Lembranças de Melancia”. De tempos em tempo lançamos tragos novos ou relançamos estes petardos consagrados. A erva mate é um pensamento recorrente. Mas nunca pensamos em colocar cevada nela, mas agora que tu deu a ideia, quem sabe.
8. Vocês já possuem dois discos e um EP, além do dvd gravado no fim do ano passado, alguma previsão para o próximo disco?
Já estamos trabalhando em novos sons mas ainda sem previsão de lançamento. Entretanto, o mais provável é que lancemos material novo no primeiro semestre do ano que vem.
9. Fora do RS como é o público de vocês?
Loucos, embriagados, gente boas e parceiros de fazer uma festa e se divertir. Sabemos que temos fãs e amigos espalhados por todo o Brasil. Tem gente de Roraima, Paraíba, Rio de Janeiro, e tudo que é cidadezinha obscura que tu possa imaginar que compra nossos discos e baixa nossos sons. Mas o grosso do nosso público ainda está na região sul e sudeste, principalmente em São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Além do Rio Grande do Sul, é claro. Como tudo pra uma banda de rock independente, aumentar o seu público fora da sua região é bem difícil mas, aos poucos, estamos girando pelo Brasil em busca de mais gente parceira pra curtir um rock n’ roll com a gente.
10. Quando esperar por novidades, e shows?
A todo momento a gente atualiza nossos fãs e amigos através das redes sociais da banda (facebook, instagram e youtube) e também pelo nosso site www.carteldacevada.org. É só ficar ligado que a gente tem sempre alguma coisa nova pra contar por lá.
A formação da banda conta com:
Diabo
Igor Assunção – Voz e Guitarra
Fernando Rosa – Guitarra
Leonardo Bacchi – Baixo
Felipe “Galo Mystico” Freddo – Gaita
Alberto “Tino” Andrade – Bateria
Site:
https://carteldacevada.org/
Face:
https://pt-br.facebook.com/pg/carteldacevada
Insta:
https://instagram.com/carteldacevada
Spotify:
Entrevista realizada por Jessica Vuaden.