Los 4eva – “Hoy” (2022)

Eu os conheci há cerca de 10 anos… ou talvez mais. Martin mayorga, o fundador e idealizador da banda era da minha escola e era alguns anos mais novo que eu, na época a banda se chamava 7/8 (sete oitavos) e tocavam esporadicamente no circuito habitual de
bares no bairro de Temperley, em Lomas de Zamora e geralmente para um público de
família e colegas de escola. O típico. O que não era tão típico era o quão bem
tocavam e a esperteza das letras, muito ácidas e sarcásticas.

Lembro-me de ir vê-los em algum bar decadente que não existe mais e ver os acenos de aprovação dos antigos frequentadores do lugar. Naquela época eles já tinham um som específico, a voz de Martin era bastante particular, nas primeiras apresentações era muito mais nasal do que agora, (uma voz que aos meus ouvidos adolescentes influentes soava como uma versão diabólica de Sebastian Teseyra de la Vela Puerca). Por outro lado, foram bem perceptíveis as influências do Radiohead nas partes lentas e do System of a Down nas partes pesadas, algo que com o passar do tempo conseguiu equilibrar.

 

Enfim, “Hoy” é o terceiro álbum da banda, mas até onde eu sei, só recentemente
voltaram a apresentar ao vivo. Reconheço que este disco tem duas faces, dois humores,
“lado A e lado B” (como emular aquela antiga configuração dos LPs de vinil) com 4 músicas cada; são 8 no total. O lado A é agressivo, mais duro e consistente, mais “apertado”, como dizem alguns. O lado B é mais descontraído, mais melancólico, com alguns balada por aí e às vezes experimental. Mais “descontraído” como outros dizem.

Alguns exemplos:

  • A primeira música, “4eva” é instrumental e passa despercebida. A combinação do som de baixa frequência, a distorção, o riff repetitivo cuidam disso e então as cordas mais adiante na música dão um contraste interessante. Além disso, o sintetizador no início não é nada ruim.
  • A segunda música “Diarréia” a primeira ouvida me lembra uma música da banda Massacre Palestino, particularmente o coro; coro que é precedido por um coro de vozes (quase) guturais. A letra satírica dessa música segue o estilo da banda, retratando a alienação e a mentalidade de rebanho. Uma crítica mínima a um aspecto técnico é que às vezes a voz não é ouvida claramente em algumas seções.
  • “Picapartes” me lembra às vezes At the drive in e outras vezes a Mars Volta, em especialmente no solo de sintetizador terrivelmente sinistro e espetacular.
  • “Difference2”, uma balada clássica, quase direto dos anos 1980. Guitarras por toda parte.
  • Camadas de som em todos os lugares. Solos de guitarra soam como solos deveriam. de guitarras. Uma crítica: talvez rock muito repetitivo, muito clássico.
  • “Boomerang*. Isso é no começo, não é? Passando para uma sessão tranquila. Vale a pena vale a pena ouvir pelo menos um par.
  • Um aspecto geral de toda a obra que deve ser notado é como ela alterna entre riffs de guitarras em afinações típicas do heavy metal com seções silenciosas e vozes delicadas e doces com detalhes guturais. E algo muito revigorante de ouvir são as diferentes efeitos e manipulações sonoras espalhados pelas músicas.
  • É verdade que para o bem ou para o mal a banda usa alguns clichês do gênero que por alguns ouvintes mais experientes, isso pode ser um ponto tedioso, mas para outros pode tornar-se familiar. Na minha opinião, esses clichês são montados em um forma bastante original e com critérios muito bons.

Em suma, é uma obra de arte do seu tempo e geografia. Gênero fluido e muito mais
interessado em expressar sua individualidade mais do que qualquer outra coisa.

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