1 – CULTURA EM PESO (CEP) – Como surgiu a ideia de formar a Moranna? E qual é o significado do nome da banda?
A Moranna surgiu em meados de 2016, quando a Layra Souza (guitarra) compôs seu primeiro riff e saiu atrás de outras garotas para formar a banda. Foi quando, em uma reunião, na mesa de um bar, Naty Reis curtiu a ideia e aceitou o convite de entrar na banda mesmo sendo iniciante no meio musical. Sabíamos que iria ser tudo do zero, mas a energia foi tão positiva, que instintivamente, sentíamos que ia dar ce
rto. Desde então, uma forte parceria foi criada, e todas foram aprendendo a tocar e compor juntas, até a banda se firmar. O nome da banda vem da Deusa mitológica Morana, Deusa da morte, da chuva e do inverno. A Layra já tinha em mente a ideia de uma figura feminina para o nome da banda e acatamos. O nome tinha um significado forte e feminino, encaixava perfeitamente. O curioso é que na estreia da banda choveu! Ficamos impressionadas, então adotamos ela como nossa guardiã Rs’.

Da esq. p/dir.: Naty, Layra e Rick.

2 – CEP – Desde o início a intenção era uma formação exclusivamente feminina?
Inicialmente sim, mantivemos esse
ideal nos primeiros anos da banda, até porque na época haviam poucas bandas femininas na cidade, e a gente queria fazer parte do meio musical, tocar com mulheres inspiradas por tantas outras divas que vieram antes de nós e fizeram acontecer rompendo todas as barreiras que apareciam. Quando a Moranna foi criada, todas as integrantes começaram a tocar do zero. Foi com a intenção de fortalecer a cena feminina na cidade, principalmente no Heavy Metal autoral, que havia poucas bandas. Hoje em dia, a cena vem crescendo, a presença feminina idem, e temos muito orgulho de fazer parte de tudo isso.

3 – CEP – Quais foram as dificuldades de se encontrar meninas músicas na região de Santarém?
Com o passar do tempo ganhamos experiência e nós mesmas como banda começamos a entender o que realmente a banda, como um todo orgânico necessitava pra crescer. Com isso, percebemos que as dificuldades de encontrar integrantes, é diretamente relacionado aos ideais, filosofia e objetivos da banda. Tivemos integrantes, que são excelentes musicistas, porém o trampo de banda é por vezes cansativo e exige muito tempo, e total sintonia musical. Principalment
e nos dias atuais, cada vez mais corridos, é mais difícil encontrar musicistas do mesmo estilo, com a mesma visão e disponibilidade pra ensaios, reuniões, por vezes abdicar de compromissos pra viajar e tocar. Diante disso, a dificuldade de encontrar integrantes sejam homens ou mulheres não é tarefa fácil, mas é o que amamos fazer, e na hora certa, tudo se encaixa! Rs’

4 – CEP – Por que a escolha pelo estilo Heavy Metal?
Layra – Bom, quando eu fundei a Moranna, havia acabado de compor meu primeiro riff. Em seguida, escrevi a primeira letra, que conta a história da deusa Moranna. Foi através dessa ideia que surgiu o nome da banda e também por meio da pegada do primiero riff o gênero foi definido. Mostrei pras meninas na prim
eira reunião da banda e todas concordamos que que era um riff com uma pegada bem Heavy Metal, e que surgiu naturalmente. Hoje, depois de 4 anos, continuamos compondo seguindo o feeling que a música pede no momento. Nos consideramos em constante evolução, tanto é que hoje em dia temos uma pegada Heavy Death com elementos de peso incrementados pelo bumbo duplo com a chegada do Rick e o amadurecimento dos vocais guturais no front.

5 – CEP – Além do Heavy Metal, a Moranna tem um toque de Death Metal, principalmente quando usam vocais mais guturais e rasgados. Quais são as principais influências?
Nos inspiramos muito em bandas femininas como Nervosa, Hysterica, Sinaya, Doro Pesch entre outras. Bandas com mulheres fodas e com atitude, isso nos incentiva a querer melhorar e mantém o nosso sonho vivo.

6 – CEP – Na parte lírica, vocês abordam letras de protesto com forte cunho crítico social, algo que nos remete às bandas de punk/hardcore. Algum(a) de vocês fazem ou fizeram parte de alguma banda deste estilo? Ou apenas curtem letras mais diretas e agressivas?

Naty – Eu, particularmente, sempre gostei de letras bem trabalhadas e críticas, como grande fã de Pink Floyd e Black Sabbath, as minhas influências de críticas sociais vieram, em primeiro momento, de outros movimentos além do hardcore. Poderia destacar desde o movimento da contracultura, do surgimento do Rock n’ Roll, que já nasceu em sua essência crítica num momento de revolta contra a sociedade belicista e conservadora da época. Lembro que algumas das coisas que mais impactaram
minha vida foi The Wall do Pink Floyd, e War Pigs do Black Sabbath, poderia citar também Masters of War do Bob Dylan! Gêneros tão diferentes e com críticas tão fortes e convergentes que me causou a mesma revolta que eles
sentiam com a sociedade! Hoje, os mesmos temas continuam atuais, as mazelas sociais se repetem e a música é a forma que eu encontrei pra demonstrar meu ponto de vista crítico sobre o mundo.

7 – CEP – Como cada integrante iniciou suas atividades no meio da música? Como se deu o primeiro contato?
Naty- Comigo iniciou com aquele velho e bom violão surrado emprestado do tio. Lembro quando ainda não tocava nada e ele ficava de enfeite na sala, encontrei uma palheta no meio da rua, perolada e muito bonita! Ali, senti que despertou o chamado e decidi começar a tocar sozinha, até que um
dia fui chamada pra entrar na banda e, encontrei meu lugar nesse mundo! Rs’

Layra – Desde criança eu sempre sonhei em ter uma banda, é um dos meus maiores sonhos de vida. No momento em que eu tive o primeiro contato com o mundo do Rock, eu percebi que nasci pra viver tudo aquilo. No meu aniversário de 15 anos eu e minha mãe conseguimos comprar minha guitarra. Foi um dos dias mais importantes, eu já namorava minha guitarra a mais de um ano, todas as vezes em que passava por aquela loja. Quando cheguei em casa, passei a noite mexendo naquele instrumento maravilhoso, mesmo sem entender nada, aquele foi o meu primeiro contato. Tive que ir
aprendendo aos poucos sozinha, com muito esforço. Passei por algumas bandas da cidade, mas foi somente quando a Moranna subiu no palco pela primeira vez que eu senti que ali era o meu lugar, eu tinha me enc
ontrado no meio musical, e era meu sonho se realizando. Então, hoje, eu ainda sinto que a Moranna é a realização de um sonho e eu não pretendo desistir nunca, quero levar até o último dia da minha vida. Até o fim.

Rick – Meu primeiro contato com a música, foi em casa mesmo, ainda na infância, na minha cidade natal (Terra Santa/PA). Minha mãe tinha um violão que ficava de “enfeite” na parede de casa, então, eu decidi desempoeirar ele. Tentava mandar uns acordes sem saber o que eu fazia só pra impressionar minha mãe quando ela chegasse do trabalho. Era algo inocente, mas já com a intenção de fazer. Anos mais tarde, com muito esforço, tive minhas primeiras aulas de violão e a paixão pela música só aumentou desde então, até eu decidir me tornar baterista por amor (risos). Compartilhando do mesmo sonho comum que o da Layra (e sem dúvidas, o da Naty também), o desejo de ter uma banda e crescer como músico começou ali. Já aqui, na cidade de Santarém, meu foco já era totalmente ligado à música e afins. Integrei vários projetos até me encontrar na Moranna e hoje eu visto a camisa todos os dias! Visto do lado avesso se necessário for.

8 – CEP – Vcs têm 10 músicas autorais, mas sem registros em CDs ainda. Qual é o plano? Gravar um álbum?

Primeiramente lançar nosso primeiro Single ainda esse ano, e, posteriormente, arrecadar fundos pro lançamento do nosso primeiro e sonhado EP.

9 – CEP – O single Destiny tem previsão de lançamento?
Tinha previsão pra sair no primeiro semestre de 20
20. Maaas, com tanta imprevisibilidade dessa pandemia, tivemos que paralisar as atividades, mas esperamos que consigamos lançar pelo menos esse ano! Rs’ Na verdade todos os nossos planos foram adiados, mas estamos firmes, compondo e planejando pra quando tudo isso passar podermos finalmente mandar nosso som ao vivo do jeito que a gente gosta e compartilhar com todos vocês!

10 – CEP – Agora como power trio, acham que facilita para organizar a banda para compor e ensaiar?
Naty- Bom, acho que pode facilitar em termos de conciliar horários de ensaios, viagens, etc. Mas por outro lado, é bom ter mais pessoas pra compor e ajudar em tudo. Acreditamos que o mais importante é o foco no som, compromisso com a música e o espírito da banda em cima do palco! E claro, com
o os integrantes da banda funcionam juntos. E nisso, a quantidade de pessoas pode até ajudar, pois são mais músicos tendo boas ideias para as nossas composições. Então, na verdade, a quantidade de pessoas em si, com seus prós e contras, depende do comprometimento, da energia, e a sintonia que elas passam umas pras outras e funcionam como banda. No fim das contas, tudo é uma questão de equilíbrio, organização, e claro muita paixão pela música e amor pelo que fazemos.

Da esq. p/dir.: Naty, Rick e Layra.

11 – CEP – Quais são os planos da Moranna depois que a pandemia do Coronavírus passar?
Nossos planos principais são lançar nossas músicas, nosso disco e fazer muuuuitos shows pra tirar o atraso de 2020, claro! Hahaha’

12 – CEP – Acham que mulheres no front de uma banda causam maior impacto? Por quê?
Então, talvez ainda sim. P
elo fato de, por algum tempo, ter sido menos comum em números absolutos, -vale ressaltar que isso tá mudando e as mina tão vindo com tudo, sim! – A própria tomada de iniciativa e protagonismo feminino, por si só já causa maior impacto também pelo fato da sociedade ter sido, e ainda ser muito machista, e infelizmente, isso transcender pro meio musical, quando a mulher sai do papel de coadjuvante e assume o protagonismo. Quantos talentos perdemos por falta de oportunidade e credibilidade? É uma questão complexa, estrutural e que buscamos combater a cada dia focando na nossa música e no nosso objetivo. Não deixamos nos abalar por nada e seguimos firmes com o nosso propósito que é mostrar nosso som, porque pra nós o impacto maior que queremos causar é totalmente voltado pra parte musical, fazer nossa mensagem chegar nas pessoas, para que nosso esforço valha a pena.

13 – CEP – Deixem seus contatos e uma mensagem para os leitores do Cultura em Peso. Sucesso sempre!

Primeiramente, gostaríamos de agradecer ao CEP, e a Débora Losna, pela oportunidade de poder mostrar nosso trabalho, falar um pouco sobre a banda, nossa história e nossos sonhos. Muito obrigada mesmo! E pra toda galera que tá lendo, nosso muito obrigado também! Satisfação demais compartilhar com todos vocês nossa história que tá só começando! Pra quem quiser acompanhar mais nosso trabalho, é só seguir a gente nas redes sociais, estaremos postando por lá todas as novidades que virão. Nosso Instagram é @banda_moranna, Facebook: @BandaMoranna. Pra quem quiser entrar com contato com a gente é só mandar msg no direct, ou no nosso whatsapp (93) 991919412.Um forte abraço para todos!
Long live to Heavy Metal!

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