No inicio dos anos 90, um movimento cultural surgi em EUA, mesclando a energia rebelde do punk com uma mensagem de feminismo e empoderamento. O Riot Grrrl, nome derivado de uma Zine(folhetim usado na época para divulgar arte em geral) feminista que circulou a partir do ano 1991 e foi ganhando popularidade desafiando as normas sociais e deu voz à questões como sexismo, violência domestica, racismo e homofobia. O Riot Grrrl vem do cenário musical local de Washington, D.C., Olympia e etc. Bandas como BIKINI KILL e BRATMOBILE foram as pioneiras, utilizando suas musicas para expressar frustações e chamar para a ação, sempre evidenciando que o rock quando feito por homens é mais valorizado e relatando como as mulheres que curtem o estilo musical são hostilizadas e assediadas
O impacto da Riot Grrrl vai além de só musicas de garota, ele fomenta uma cultura de ativismo e conscientização que continua a inspirar, não era apenas um grito de guerra mas sim uma explosão de raiva, paixão e determinação de mulheres cansadas de serem ignoradas e subestimadas, um movimento que desafia status e confronta o patriarcado e ajuda a redefini o que significa ser mulher no cena musical. A vocalista do Bikini Kill , Kathleen Hanna é frequentemente citada como uma das principais figuras desse movimento e com o seu grito de guerra “all girls to the front” , convidando todas nós para que pudéssemos ir para frente do palco e curte livres o show sem risco de ser assediada. Hanna com sua energia explosiva, voraz e irreverente traz o riot grrrl e todo o seu peso que é reivindicar e confrontar seu espaço na sociedade e a luta com temas polêmicos como aborto, violência sexual, desigualdade salarial, discriminação de gênero de uma forma provocativa.
E é ai que o Movimento Punk de Calcinha entra , Hanna usava o seu próprio corpo como cartaz para o seus protesto, além de sempre se apresentar com ditos feminista como a palavra “slut”(vadia) escrita pelo corpo, Hanna sempre fazia suas apresentações só de calcinha o que causava indignação entre os povos conservadores, o que na verdade ainda causa neh, trazendo uma verdadeira guerra ao patriarcado que sempre dá sugestões de como a mulher deve ou não se comportar ou se vestir. O impacto do Punk de calcinha é profundo e duradouro, ele não só abriu espaço para mulheres na musica punk, mas também inclui um espirito de ativismo que inspira muitas outras formas de expressão cultural e politica. As letras inflamadas e a energia bruta o Bikini Kill se torna o símbolo do movimento com os hinos como “Rebel girl”, “When she walks” e a maravilhosa “I like fucking” que falam sobre o prazer da mulher, (Sim meus amores, mulher também sente prazer) e assuntos para lá de serio como violência sexual e relações abusivas na faixa “Feels blind”. Essas musicas são um chamado e um catalisador de toda opressão que sofremos por simplesmente sermos mulheres, mostrando que estamos em um indústria dominada por homens mas podemos criar nosso espaço e contar nossas historias inspirando novas gerações a lutar pelo seus direitos.
O Punk de calcinha é uma resposta a exclusão e a marginalização das mulheres na cena punk usando e ousando a voz para que sejamos ouvidas e inspirar outras mulheres a se levantarem. É sobre criar o espaço onde somos ouvidas sem ser estilizadas, e produzir uma conscientização de quem somos realmente, faz parte do processo de desafiar padrões impostos e criar uma rede de comunicação e apoio. Além de incentivar o faça você mesmo que ajuda mulheres a estarem sempre criando algo novo com as próprias mãos, seja cantando, produzindo ou organizando eventos em pro da causa.
O movimento é marcado por questões que são sempre atuais, é para que a emancipação das mulheres não seja um tabu mas sim uma pauta a ser discutida e levada a serio e que estamos disposta a desafiar quem continua vivo após cada acorde.