O quinteto de folk CELTIBEERIAN está de volta após mais de 6 anos sem lançar um álbum com seu último trabalho de estúdio, Nertos, um disco gravado e mixado em JFT PRODUCCIONES (ELUN, SCENT OF DEATH…). Além disso, para a capa, contaram com a ajuda de JOEL MARCO (DAERIA, ZENOBIA…), que, desta vez, foi muito mais simples ao reduzir-se à cabeça de javali, o logo que os acompanha há tanto tempo.

Antes de entrar no disco em si, é necessário olhar para os eventos prévios que ocorreram. Há dois anos, ainda com a formação de seu último trabalho, lançaram um single, chamado Rise, que já chamou a atenção de todos porque nos dava a entender que, pouco tempo depois, receberíamos informações sobre um possível novo disco. Nada mais distante da realidade. Tempo depois, Vity (ex baterista) e Patricia (ex cantora e violinista) lançaram dois comunicados nas redes anunciando sua saída da banda após mais de uma década, mas tudo isso com palavras de agradecimento à banda e aos fãs, embora Julián (ex guitarrista) não seguiria, como soubemos mais tarde pela ausência de comunicado por sua parte.

Essa dilatação no tempo resultou em uma série de publicações que confirmavam as novas caras na banda: Sergio Garay (SYLVANIA e CURIAL) na guitarra, Clara (EKYRIAN e UPSALA MEDIEVAL) contribuindo com a voz feminina, zanfona, tin e low whistle; e Ru Rodríguez (OCELON e DEVIL CITY CULT) na bateria.

Tendo já o contexto, vamos falar sobre o que importa, que é o disco que tem muito do que falar.

Assim como em seu trabalho anterior, começamos com uma introdução, Intro: Nertos Kartous, onde já começamos a nos inundar dessa sensação mística da banda e que te prepara para o que está por vir. Isso sim, não vêm sozinhos, já que contam com várias colaborações já neste primeiro momento, como David García (ex membro fundador) na segunda voz, Víctor Noriega (HIJOS DEL TERCER ACORDE) no didgeridoo e Lady Morte (TROBAR DE MORTE) nos coros femininos. Uma vez passado este momento, chega a hora de começar a dançar com Spread the Fire, onde vemos uma inclinação para sons mais potentes nos planos instrumentais. Mas se pensávamos que já até dentro de um longo tempo não voltaríamos a ter colaborações, nada mais distante da realidade. Nesta ocasião, embora não seja algo que se destaque muito, nos deparamos com Alexander Alonzo (ex GRIDHOLE) fazendo apoios nos vocais guturais de Gus e Dagda.

Ao chegar a Beerdrinkers on Duty e Face the Beast já podemos ouvir essa parte mais festiva e motivação por parte da banda que tanto os caracteriza depois de tantos anos (sobretudo na primeira, já que, embora conheçamos o grupo, o que mais gostam neste mundo é da cerveja).

Voltamos à casinha das colaborações, embora desta vez, sejam mais pessoais por se tratarem das pessoas que são em relação à banda: Victoria Fernández e Elnya Blood. Ambas colaboram em The End of the Sun aportando sua voz em apoio à de Clara quando entram as linhas de voz feminina, dando-lhe um toque muito especial e mágico à canção.

Seguindo com o disco, Stand and Breathe é uma daquelas canções em que se respira folk desde o início até o final pelos sons da zanfona e dos whistles. Sobretudo, se nos fixamos na letra, é a canção perfeita para a motivação para se levantar quando se necessita daquela dose extra de força para continuar o caminho que tem pela frente e, no final, está aquela tão desejada meta.

Se pensavam que a cerveja ia ser a única bebida que contaria com uma ode, estão muito equivocados, porque há outra que adoram: o Jack Daniels ou, como o titularam em sua canção, Old No. 7, uma canção na que se narra a história de como se criou o mítico whisy e das múltiplas maneiras que existem de poder desfrutá-lo (embora a melhor seja à base de shots em boa companhia como dizem eles). Embora a coisa não fique somente nesse detalhe, porque no refrão contam com a presença de Kevin Ridley (SKYCLAD e THEIGNS & THRALLS) no refrão junto a Gus.

As companhias extras não cessam, porque agora vem uma das melhores canções (a meu parecer) do disco a nível instrumental e vocal: The Last Witch. Isto não só tem um motivo, a lista é bastante ampla: a letra na que se fala como se queimava as supostas bruxas por seus diversos conhecimentos por culpa de uma religião mas como, mesmo assim, seu legado perdurou ao longo da história e essas linhas instrumentais perfeitas onde, a parte que trata sobre essa perseguição é mais pesada e, ao contrário, é muito mais folk a que fala sobre esse legado com o toque feminino nas vozes do coro com o apoio a Clara de Lindsay Schoolcraft (ex CRADDLE OF FILTH), Lady Morte (TROBAR DE MORTE) e, uma vez mais, Victoria Fernández.

E continuamos com as canções que ficaram marcadas deste disco. Swallow the Moon conta com a participação de Lander Lourido (INCURSED e MOONSHINE WAGON) e a de Daimoiniel (ex TROBAR DE MORTE). É uma canção de corte mais acústico e, com os tons das vozes, fica uma composição preciosa digna de se ouvir tomando uma boa bebida à luz das estrelas.

Para terminar, fechando como somente eles sabem fazer, é como melhor sabem fazer: perguntar onde está o lugar mais próximo para beber cerveja, Where the Beer Is, que, sem dúvida, é um tema muito festivo e faz que não queiras beber outra coisa que não seja cerveja.

O final, com seu Outro: Quebrantahuesos, é de um corte mais instrumental e celta, que poderia ser a típica canção que se escuta em uma taberna medieval enquanto se bebe um pint em uma mesa ao redor de gente batendo palmas.

Passaram-se bastantes anos mas o retorno de Celtibeerian foi por todo lo alto, com um disco que conta com uma grande produção às suas costas, com uns novos membros que souberam se adaptar à formação, já que parece que levam muito tempo dentro (já só falta vê-los em ação sobre um palco) que, no plano instrumental, notei uma inclinação mais ao metal que ao folk em relação aos seus anteriores trabalhos (embora sinta falta da presença de Dagda em toques guturais, me faltou um pouco mais), mas lhes restou um grande resultado.

Álbum: Nertos

Lista de canções:

  1. Intro: Nertos Katous
  2. Spread the Fire
  3. Beerdrinkers on Duty
  4. Face the Beast
  5. The End of the Sun
  6. Stand and Breathe
  7. Old No. 7
  8. The Last Witch
  9. Swallow the Moon
  10. Where the Beer Is
  11. Outro: Quebrantahuesos

NOTA: 8/10

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