Anoushbard, formados em 2017, são provenientes de Teerã, que é, digamos, exótico para o mundo do metal pelo facto de que no Irão, o heavy metal é ilegal. Portanto, independentemente de terminar com uma pontuação alta ou não, parabéns à banda por ter a coragem de produzir este tipo de música no seu clima político! 

Até o momento, Anoushbard lançaram dois álbuns independentemente. O novo trabalho contém oito faixas, sendo que as três primeiras fluem umas para as outras, formando um enorme épico de onze minutos.

O que me chamou mais a atenção foram as melodias de guitarra folk e os vocais incrivelmente limpos que incorporaram na composição.

Apesar de se considerarem uma banda de metal progressivo, utilizam elementos do death metal cruzados com melodias orientais e guitarras clássicas, elementos de percussão folk, para além de alguns truques técnicos, grunts que lembram My Dying Bride com vocais claros contrastantes.

Existe claramente uma adoração a Opeth, mas com um sabor persa. Fui reconhecendo riffs emprestados por vezes. Embora compensem com composições fortes, a maioria das músicas carece de direcção. Riffs que são repetidos muito além do seu valor, interlúdios folk aleatórios e muito midtempo em particular.

“The Righteous Ardaviraf”, encanta-nos com lindas melodias folk persas entrelaçadas com uma percussão saltitante e vocais limpos. Poderiam atingir um clímax melhor, pois gastam muito tempo a construir algo para depois não haver muito retorno para quem está a ouvir, mas às vezes a jornada em si é boa o suficiente.

A faixa seguinte, “Destructive Spirit”, dá-nos a intensidade, o valor climático que faltava nas faixas anteriores, com um turbilhão de solos de guitarra emprestados do trash metal. Em termos mais gerais, os vocais são ásperos, mas bem executados, e a banda tem um fantástico sentido de melodia e ritmo. Alguns dos momentos mais fortes do álbum vêm quando se inclinam para essas mesmas qualidades. A letra também merece destaque, sendo este um álbum conceptual ligado ao misticismo, onde parece haver um tema comum de bem contra mal recorrendo a imagens mitológicas.

Uma música que se destaca, na segunda metade do álbum, é “Blacksmith’s Apron”, de sete minutos, que começa com uma passagem em árabe, que continua a aumentar à medida que a música avança. 

Apesar de serem uma amálgama de referências e estilos, Anoushbard não perderam o fio da meada e o álbum funciona bem como um todo. A produção é bonita, limpa e transparente, claramente merecedora de mérito mas, no geral, “Abandoned Treasure” é uma oferta amadora.

São um diamante em bruto com muitas boas ideias mas, precisam de aprimorar mais a técnica e composição para se distanciarem mais das referências. Contudo não deixem que a minha pontuação baixa os impeça de os ouvir, porque estou de olho no próximo álbum e vocês também deveriam estar.

Veredicto final: 4/10

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