Era uma Sexta-Feira…
19:00h, os portões do Carioca Club abriram, logo os primeiros punks e bangers já se acomodavam na grade, enquanto aguardavam as cortinas do caos…Afinal, após a semana de caos, o proletário deseja rever seus camaradas , umas cervejas, ouvir música de peso para espantar os males, em resumo, quer apenas diversão, mesmo que tenha que trabalhar no dia seguinte.


Às 19:30h, prata da casa, banda brasileira, o Manger Cadavre? Iniciou as atividades, com a faixa “insônia” e em seguida “Imperialismo“, faixa que dá o nome ao seu trabalho mais recente, faixa agressiva e rápida, som bem na linha Crust. “Hostil”, “Iconoclastas”, “Retórica do Silêncio“, e “Peregrinos” seguiram na mesma linha, porrada na orelha e sem tempo pra respirar.
A faixa “A Raiva Muda o Mundo” do álbum “Decomposição“, trouxe a sonoridade mais próxima ao Death Metal, guitarras incendiando tudo.
Das últimas faixas tocadas, encerraram com as canções “Como Nascem Os Monstros“, “Tragédias Previstas” e “Encarceramento e Morte“, finalizando esta excelente apresentação do Manger.
Por conta do horário, o público presente estava um pouco tímido, mas agitava e respondia bem as interações da vocalista Nata De Lima.

Sinceramente, o Manger Cadavre merecia um show mais cheio, afinal é um som que tem muito a ver, inclusive com a proposta do próprio Discharge, mas totalmente compreensível a questão do horário.
A banda trouxe o seu som, com críticas ácidas ao estabilishment, som com consciência política e de atitude.
Este foi o último show do Manger Cadavre, antes da sua tour pela Europa que ocorrerá em breve.

Com a casa já mais cheia e pontualmente às 20h:30m, o sistema de som da casa começou a tocar a abertura do próximo show, nada mais e nada menos que eles…
Havok, banda de Thrash Metal norte americana, que já chegou com os dois pés na porta, a faixa “Point Of No Return”, iniciou o show de forma avassaladora, com baixo brilhando e dando as boas vindas.

Na sequência vieram as faixas, “Fear Campaign” e “Hang Em High“, O baixista desceu o degrau do palco e “bangeou” insanamente ao executar as faixas.
Nota: Em momentos achei que o baixo fosse voar na platéia (risos), baixistão brabo demais retribuindo ao público toda a força que recebia.
Som rápido e cheio de energia, fazendo o público ir ao delírio com sua pancadaria sonora.

Em seguida foram tocadas “Prepare To Attack”, “D.I.A.I”, “D.O.A” e “Intention To Deceive”.
Os “mosheiros” de plantão, ficaram bem satisfeitos.
De forma alguma poderia faltar “Phantom Force“, faixa insana… que a galera ainda gritava “Toca mais rápido” (risos), humanamente impossível, Thrash Metal muito bem tocado e de consistência, som pesado e com solos que não deixou ninguém parado. Faixa insana!
Mantendo e incendiando ainda mais o que já estava pura destruição, se e é que é possível, vieram as faixas “From Cradle To The Grave”, faixa cantanda em plenos pulmões.
Covering Fire” e “Give Me Liverty… Or Give Me Death” já davam a noção de que o show já estava perto do fim.

A faixa ” Times Is Up” encerrou a belíssima apresentação do Havok.
Em algumas vezes, o vocalista agradeceu ao público presente falando em português e o guitarrista veio vestido a caráter, trajando o manto sagrado do Sepultura!
(Mais um ponto para os caras do Havok).
Rolou até brinde por parte da banda ao público, em bom tom… “Saúde”!
Fantásticos!!!
Pouco antes das 22h, tocaram as badaladas do sino infernal, na faixa instrumental ” Funeral Bell”.

O pecado, a luxúria e toda a sinfonia caótica infernal que estava por vir, era anunciada.
Em sua vez, subiram ao palco, os profanos do Midnight.
A seguir foram tocadas as baixas: “Black Rock’n’Roll“, “Lust Filth and Sleaze”, “Endless Slut” e “Expect Total Hell”.
Sons que na minha singela opinião trazem muito de referência ao Venom e Motörhead.
A seguir a destruição não parou por ai, o bombardeio prosseguiu com as faixas: “Mercyless Slaughtor“, “F.O.A.L
“Fucking Speed and Darkness”, “.
A faixa “Szex Witchery”, baita som, não ficou de fora do set.
Seguida de “Evil Like a Knife” e “Satanic Royalty”.
Sendo tocadas também as faixas “Violence on Violence”,All Hail Hell”, “You Can’t Stop Steel” e “Who Gives a Fuck?”
Midnight encerrou com a poderosa “Unholy and Rotten”.
Este com certeza foi um daqueles que deu aquele gostinho de quero mais na galera, baita apresentação.
Os Bangers e punks de diferentes gerações presenteadas com uma apresentação memorável, incendiária.Com direito a fã subindo no palco e fazendo pela segunda vez, o stage diving, se ele passa bem? Acredito que sim! (Risos).
Speed Black Metal muito bem executado e com mestria.
O vocalista arriscou algumas palavras em português e se saiu muito bem.
Apresentação destruidora, sem dúvidas!
Podia se sentir as chamas do inferno! Destruição infernal.
A medida que cada banda iria tocando, a casa foi enchendo cada vez mais,  ainda mais observável ainda quando o Midnight subiu ao palco.

Com a casa já cheia e o público já chapado, as cortinas se abriram e “The Blood Runs Red”(Hear Nothing See Nothing Say Nothing – 1982) ressoou no salão e com o empreendimento energético vocal extremo de Jeff Janiak nos vocais levou o público rapidamente à loucura total, soltou um “Fuck the System” e na sequência embalaram “Fight Back” (EP Fight Back – 1980) instaurou a bagunça na pista, um mosh pit grind e truncado rodava numa cadência bêbada, muito divertido por sinal.Seguindo de “Hear Nothing See Nothing” do album homônimo de 82, depois “The Nightmare Continue” e “Look at Tomorrow”, quando um punk muito doido subiu no palco tentando tirar o microfone de Jeff Janiak enquanto cantava ao mesmo tempo, Jeff resistiu e tomou o microfone de volta. Entorpecido pela vibe da música, o fã aproveitou para mergulhar sobre o público. O microfone desplugou do cabo porém Jeff, sagaz resolveu em questão de segundo, retornando com o vocal na estrofe final da música.
A cena toda durou cerca de 15 ou 20 segundo e o show continou sem maiores problemas, para a banda, já o segurança teve mais trabalho, pois algumas pessoas atravessavam o pit dos fotógrafos e invadiam o palco, o segurança gritava pra “pular logo p#rr4”, alguns pulavam e outros peidavam na tanga (risos).
Terry “Tezz” Roberts olhava tudo com cara de mau e no intervalo de cada música subia e descia continuamente o switch dos captadores da guitarra, causando certo efeito sonoro interessante.
Em seguida chegou a vez de A “Look At Tomorrow” do album “Why” seguiddo de “Drunk With The Power”,  a “Hell On Earth”, (faixa que dá nome a tour) e “Cries Of Pain”.
Jeff sentiu o calor do hemisfério sul e tirou a camiseta revelando sua tatuagem de esqueleto sobre seu próprio esqueleto. Tezz também derretendo, respingava o suor sobre sua Les Paul, de sonoridade crua, ardida e suja. O calor dos trópicos os aqueceu, permitindo-lhes uma avassaladora chamuscante apresentação.
Depois de “Acessories For Molotov” um outro fã furou o pit e subiu no palco, utilizando o microfone de Tezz pra gritar e c “Punk de Periferia”, conclamando o público presente a agitar mais e mais, e  depois vôou igual morcego em meio ao público, pulando do palco.
A pegada espancante continuou até os Ceifadores do Midnight, e Brandon Sánchez e Brandon Bruce do Havok entrarem na bagunça para cantar “You Deserve Me”, saindo para the “Possibility Of Lifes Destruction” e retornando na finaleira com “Decontrol” pra trincar a energica apresentação, que deixou a todos em êxtase, sinceramente um dos melhores shows que assisti nos últimos tempos.

Em resumo, foi perceptível que as bandas receberam e retribuíram com muita energia e empolgação a ovação do público brasileiro.
Houve uma troca muito bacana entre bandas e públicos.
Apresentações envolventes e de muito carisma.
E é isto, a sensação que fica é de que com certeza, esta foi uma noite que deixará saudade, mesmo para aqueles que só conseguiram voltar para casa às 04h da manhã, valeu demais a experiência de cada apresentação…
E quem precisou trabalhar no dia seguinte, dormiu pouco, mas que valeu demais ter feito parte de tão grandiosa celebração, seja por parte dos headbangers que ali estavam, quanto dos punks que tanto aguardaram esta data.
Uma vez que no passado foi adiado o show.
Tenho certeza de que todo o evento, as bandas e o público em geral, se sentiram bem satisfeitos e extasiados, a volta para casa foi leve e sublime.

 

Texto por: Argoth Rodrigues e Guilherme Ferraz;
Revisão por:
Fotos por: Guilherme Ferraz.

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