Na última segunda-feira, 10 de março de 2025, Lisboa teve o privilégio de receber Geoff Tate, a lendária voz do Queensrÿche, em um show memorável no RCA Club, encerrando com chave de ouro a The Big Rock Show Tour 2025, após seis datas na Espanha. Com sua voz única e poderosa, Tate levou o público a uma jornada épica repleta de clássicos do heavy metal e do progressivo, em uma noite inesquecível organizada pela Metals Alliance.
Mesmo sob uma noite chuvosa, a casa estava cheia e repleta de fãs fervorosos, que cantaram cada música com devoção e celebraram tanto o carisma do vocalista quanto a energia contagiante de sua talentosa banda de apoio.
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IVORY LAKE: Uma abertura intimista e envolvente

Às 20h, quem teve a missão de abrir a noite foi Josh Watts, ex-baterista de Geoff Tate, que se apresentou originalmente sob o nome Ivory Lake. Porém, por algum motivo, ele subiu ao palco sozinho, acompanhado apenas de seu violão e de sua voz poderosa. O que poderia ser uma limitação se transformou em uma apresentação emocionante e intimista, que rapidamente conquistou o público.
Apesar da ausência da banda completa, Watts impressionou com uma voz visceral e envolvente, cativando os presentes com sua presença de palco e entrega genuína. Sua setlist, de aproximadamente 30 minutos, incluiu músicas como “My Little Flowers”, “Don’t Talk”, “Fuck Around And Find Out”, “Pillows”, “Cigarettes” e finalizando com “Teddy Had a Temper”, onde demonstrou ainda mais sua potência vocal.
O público, embora ainda disperso no início, rapidamente se conectou à apresentação, aplaudindo calorosamente e criando uma atmosfera acolhedora para a grande noite que estava por vir.
GEOFF TATE: Técnica, emoção e clássicos eternos!

Após alguns minutos de espera e com a sala completamente lotada por um público ansioso, pontualmente às 21h15, Geoff Tate subiu ao palco acompanhado de sua incrível banda de apoio multinacional. Desde os primeiros segundos, os músicos — todos extremamente talentosos e carismáticos — arrancaram aplausos e gritos da plateia. Além de Tate, a formação contava com três guitarristas tecnicamente excepcionais, um baixista estrondoso e um baterista destruidor, garantindo uma performance de altíssimo nível.
Aos 66 anos de idade, Tate esbanjava carisma e presença de palco, enquanto sua voz continuava impecável e poderosa, com os agudos cortantes que marcaram sua trajetória. O setlist foi impecável, começando com a grandiosa “Empire”, faixa-título do icônico álbum de 1990 dos Queensrÿche. Desde os primeiros acordes, o público entrou em êxtase, cantando cada verso e celebrando cada nota.
A energia continuou em alta com “Desert Dance”, “I Am I” e “Sacred Ground”. Em “The Thin Line”, Tate se juntou aos seus instrumentistas com seu saxofone no início da música, levando os fãs ao delírio em uma divertida performance. Após, Tate interagiu bastante com o público, que respondeu com empolgação a cada pergunta e comentário.
Após essa breve pausa, o segundo ato do show começou elevando ainda mais a intensidade, com uma sequência de hinos clássicos: “Operation: Mindcrime”, “Breaking The Silence” e “I Don’t Believe In Love”. A última, em especial, transformou o RCA Club em um verdadeiro coral, com todos os fãs cantando a plenos pulmões, como o verdadeiro hino dos anos 80 que ela é.
Na sequência, vieram “NM156” e “Screaming In Digital”, seguidas de outra pausa para interação, onde Tate mostrou muito bom humor e arrancou boas risadas do público.
O terceiro ato trouxe mais um momento icônico com “Walk in the Shadows”, preparando o terreno para um dos pontos altos da noite: “Another Rainy Night (Without You)” e “Jet City Woman”, que trouxeram uma forte dose de nostalgia e fizeram os fãs cantarem cada refrão com toda a energia.
Parando mais um pouco para papear, Tate preparou o terreno para a tão aguardada “Silent Lucidity”, trazendo seu característico tom mais grave. Tate a apresentou como uma música especial, que já serviu de trilha sonora para casamentos, funerais e até concepções — incluindo dois de seus próprios filhos! Mas, para mim, foi um dos momentos mais emocionantes da noite. No Brasil, em 2013, tive a chance de assistir os Queensrÿche no Monsters of Rock, ainda com Tate nos vocais, mas o que presenciei no RCA foi uma experiência completamente diferente. Desta vez, senti uma conexão mais íntima e uma entrega muito mais coesa, sem a aura nebulosa que cercava a antiga banda e seus membros. E isso tornou tudo ainda mais especial.
Enquanto a sala inteira cantava em uníssono, imersa na magia dessa obra, era impossível conter as lágrimas. O refrão ecoou com força, reverberando no coração de cada fã presente. Ao fim da música, Tate e sua banda deixaram o palco, mas ninguém arredou o pé. Todos sabiam que ainda havia mais por vir…
Poucos minutos depois, eles retornaram, sendo recebidos por muitos aplausos. Tate aproveitou o momento para apresentar cada um dos músicos antes de iniciar uma impecável versão de “Welcome to the Machine”, dos Pink Floyd. Durante os solos, os três guitarristas brilharam individualmente, enquanto o baterista tocou de pé em dado momento,. Era impossível não se deixar levar por um espetáculo como aquele.
Para fechar a noite com chave de ouro, vieram mais dois hinos: “Take Hold of the Flame” e “Queen Of The Reich”, encerrando o espetáculo às 22h50. A palavra que define essa noite é: EMOCIONANTE!
Eu já esperava um show incrível, mas Geoff Tate e sua banda superaram todas as expectativas. Tenho certeza de que todos saíram do RCA Club com os corações cheios e o sentimento de ter presenciado um verdadeiro espetáculo.
SETLIST:
- Empire
- Desert Dance
- I Am I
- Sacred Ground
- The Thin Line
- Operation: Mindcrime
- Breaking The Silence
- I Don’t Believe In Love
- NM 156
- Screaming In Digital
- Walk In The Shadows
- Another Rainy Night (Without You)
- Jet City Woman
- Silent Lucidity
- Welcome To The Machine
- Take Hold Of The Flame
- Queen Of The Reich