Graspop Metal Meeting 2024 ocorreu entre os dias 20 e 23 de julho na cidade de Dessel, Bélgica. O festival deste ano reuniu grandes nomes da música, proporcionando quatro dias intensos de performances memoráveis.
A previsão do tempo indicava chuvas intensas durante o evento. Partimos de Bruxelas em direção a Dessel logo na manhã do primeiro dia, 20 de junho. Ao chegarmos à entrada do camping Boneyard, fomos informados de que o acampamento estava quase lotado. Precisamos aguardar por uma possível vaga ou considerar o deslocamento para uma nova área de camping, que seria aberta devido às condições climáticas. Felizmente, após cerca de meia hora de espera, conseguimos nos instalar no Boneyard. Já era possível ouvir o soundcheck das bandas que se apresentariam naquele primeiro dia, e ao som de um trecho de “Elected” do Alice Cooper, a ansiedade pelo que estava por vir aumentava.
Após uma longa caminhada até a área de check-in, pegamos as pulseiras de credenciamento e retornamos ao festival. Embora a chuva tenha começado logo em seguida, não comprometeu a programação do primeiro dia de evento, permitindo que o público aproveitasse as performances em grande estilo.
A Graspop Metal Meeting 2024 reafirmou seu lugar como um dos principais festivais de rock e metal da Europa, oferecendo uma experiência inesquecível para os fãs, apesar das adversidades climáticas.
Dia 1
Logo em seguida, a North Stage recebeu a lendária Doro Pesch, conhecida como a rainha do metal. Sua apresentação foi marcada por uma energia contagiante, reforçando seu status como um dos maiores ícones do heavy metal. Com sua atitude inconfundível e carisma, Doro cativou o público desde o primeiro momento.
O setlist foi uma verdadeira celebração de sua extensa carreira, incluindo clássicos da época do Warlock como “I Rule The Ruins”, a eletrizante “Earthshaker Rock”, a emocionante “Für Immer” e o hino “All We Are”, que fez o público cantar em uníssono. Doro também trouxe faixas do seu álbum mais recente, incluindo a poderosa “Time for Justice”.
Um dos momentos mais marcantes do show foi a performance do cover de “Breaking the Law”, em homenagem ao Judas Priest, que se apresentaria no dia seguinte. Essa escolha mostrou não só o respeito de Doro pelos grandes nomes do metal, mas também sua habilidade em reinterpretar clássicos de maneira única, proporcionando um espetáculo inesquecível para todos os presentes.
No South Stage, a apresentação poderosa da banda solo de Kerry King, o icônico guitarrista do Slayer, foi um dos grandes destaques do festival. King entregou uma performance brutal e eletrizante, reafirmando sua posição como um dos maiores nomes do thrash metal.
O setlist do show mesclou novas composições do seu projeto solo com clássicos do Slayer, incluindo faixas como “Repentless”, “Disciple” e a icônica “Raining Blood”. Essas escolhas agradaram profundamente os fãs devotos da banda, proporcionando momentos de pura intensidade e nostalgia.
A performance também provou que, mesmo com a aposentadoria do Slayer, Kerry King continua a criar músicas com a mesma intensidade e ferocidade, garantindo uma experiência inesquecível para os fãs do gênero.
Após a apresentação de Kerry King, o palco South Stage recebeu o enérgico show do grupo japonês Babymetal. Apesar de inicialmente não ser um grande fã da banda, a apresentação foi uma agradável surpresa. Com uma fusão única de metal e J-Pop, o trio entregou um setlist envolvente, cheio de coreografias sincronizadas que a plateia acompanhava com entusiasmo. A performance foi enriquecida por pirotecnia, criando uma atmosfera eletrizante.
Um dos momentos mais marcantes foi “Brand New Day”, que contou com a participação especial dos guitarristas Tim Henson e Scott LePage, do Polyphia. Essa colaboração destacou a capacidade do Babymetal de integrar diferentes influências musicais em seu estilo característico. Além disso, a execução de “RATATATA”, um cover da parceria entre Babymetal e Electric Callboy, adicionou um elemento inesperado ao show, mesclando influências de ambas as bandas de forma harmoniosa e eletrizante.
Na sequência, o South Stage foi palco de um espetáculo inesquecível com o icônico “pai do Shock Rock”, Alice Cooper. Acompanhado por sua talentosa banda, composta por Tommy Henriksen, Ryan Roxie, Nita Strauss (guitarras), Chuck Garric (baixo) e Glen Sobel (bateria), Cooper entregou uma performance teatral e cheia de energia.
O show começou de forma dramática, com dois personagens vestidos com capuzes pretos e máscaras, lembrando a Peste Negra, tocando sinos para anunciar o início do espetáculo. Uma cortina caiu, revelando outra com os dizeres: “Banned in Belgium: Alice Cooper” e “Trial Set: For deeds against humanity”, aludindo à introdução da faixa que viria a seguir. A voz sinistra que se seguiu acusou Cooper de “atos contra a humanidade”, ao que ele respondeu com um decidido “Guilty!”, antes de rasgar a cortina e aparecer triunfante no palco para a abertura com “Lock Me Up”.
O show seguiu com uma seleção de clássicos como “No More Mr. Nice Guy”, “I’m Eighteen” e “Under My Wheels”, que foram recebidos com grande entusiasmo pelo público. Alice Cooper também apresentou faixas mais recentes, como “Welcome To The Show”, demonstrando que, apesar dos anos, ele ainda sabe como dominar o palco.
Entre os momentos mais notáveis estavam a performance de “Billion Dollar Babies”, com Cooper empunhando uma espada de esgrima e distribuindo notas de dinheiro com seu rosto para a plateia, e a emblemática “Snakebite”, onde ele interagiu com uma grande serpente, cativando a todos.
A teatralidade atingiu seu ápice em “Feed My Frankenstein”, com um monstro gigante surgindo no palco, criando um espetáculo visual impressionante. O solo de guitarra de Nita Strauss foi ovacionado, e a transição para “Ballad of Dwight Fry” trouxe drama e emoção, com Cooper encenando uma fuga desesperada de uma camisa de força, antes de ser “executado” em uma guilhotina, em um dos momentos mais teatrais da noite.
O show culminou em uma sátira política com “Elected”, onde Cooper, vestido como candidato, satirizou políticos com humor ácido, antes de encerrar a noite com uma combinação festiva de “School’s Out” e “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd. O grand finale foi uma explosão de balões gigantes e confetes, fechando o espetáculo de forma gloriosa.
Dia 2
A manhã do segundo dia do Graspop 2024 foi marcada por uma chuva intensa, mas que felizmente cessou no início da tarde, permitindo que os festivaleiros seguissem a programação do dia. Um dos primeiros destaques do dia no North Stage foi a apresentação da banda de power metal HammerFall, que entregou uma performance energética e memorável, confirmando seu status como uma das bandas mais respeitadas do heavy metal melódico.
Com um setlist cuidadosamente escolhido, HammerFall levou o público a uma viagem pelos maiores sucessos de sua carreira. A abertura com “Brotherhood” estabeleceu uma conexão imediata com a plateia. O vocalista Joacim Cans, com sua voz poderosa e carismática, comandou o público com maestria, enquanto o guitarrista Oscar Dronjak entregava riffs afiados e solos cativantes.
A energia permaneceu alta com “Any Means Necessary”, cujo refrão contagiante fez o público cantar em uníssono. “Renegade” trouxe uma onda de nostalgia, sendo uma das canções mais queridas pelos fãs de longa data, que responderam com entusiasmo.
“Hammer High” e “Last Man Standing” destacaram a habilidade da banda em criar hinos empolgantes, que funcionam tão bem ao vivo quanto em estúdio. A interação entre os membros da banda e o público foi um ponto alto, com Cans constantemente incentivando a participação dos fãs.
O clássico “Let the Hammer Fall” foi um dos momentos mais marcantes do show, com uma execução impecável que elevou a energia no palco e na plateia ao máximo. Em “Hail to the King” e “(We Make) Sweden Rock”, a banda homenageou suas raízes e a cena do metal sueco, o que foi muito bem recebido pelos fãs.
Para encerrar a apresentação, “Hearts on Fire” foi a escolha perfeita. Este hit atemporal sempre é um sucesso ao vivo, e no Graspop 2024 não foi diferente. A energia era palpável, com o público cantando junto em coro, criando um momento de pura celebração.
Logo após a performance de HammerFall, o North Stage recebeu Bruce Dickinson, que recentemente lançou seu novo álbum, “The Mandrake Project”. O show foi um espetáculo à parte, destacando a habilidade inabalável do vocalista, que aos 65 anos, após vencer uma batalha contra um câncer na garganta, ainda possui uma voz poderosa.
Dickinson cativou a plateia com uma seleção variada de seus maiores sucessos, proporcionando uma experiência memorável. O concerto começou com a energética “Accident of Birth”, uma introdução perfeita para o público, que rapidamente se envolveu na performance. “Abduction” manteve a intensidade alta, enquanto “Laughing in the Hiding Bush” adicionou uma camada de teatralidade típica dos shows de Bruce.
A profundidade emocional foi explorada em “Afterglow of Ragnarok”, do novo álbum “The Mandrake Project”. “Chemical Wedding” e a tão aguardada “Tears of the Dragon” foram os pontos altos do show, demonstrando a versatilidade de Dickinson, que combina a grandiosidade do heavy metal com uma pegada lírica.
“Book of Thel” e “The Alchemist” ofereceram aos fãs uma rara oportunidade de ouvir essas faixas ao vivo, mergulhando mais profundamente no repertório solo do artista. Finalmente, o show foi encerrado com a poderosa “Road to Hell”, que trouxe uma conclusão triunfante e deixou o público em êxtase.
Um dos destaques do dia e uma grande surpresa foi a apresentação do grupo Electric Callboy, anteriormente conhecido como Eskimo Callboy. Ao combinar elementos metalcore com eletrônicos e apresentações teatrais, a banda criou um ambiente vibrante que encantou o público. Cada música transmitiu uma energia contagiante, mantendo a plateia envolvida do início ao fim. O grupo consolidou seu lugar como uma das bandas mais empolgantes da cena moderna com um setlist bem selecionado, proporcionando um show inesquecível repleto de surpresas e muita diversão.
Iniciando o show com “Tekkno Train”, Electric Callboy rapidamente envolveu a plateia em uma festa de ritmo acelerado e batidas contagiantes. Seguindo com a sequência de hits, a banda trouxe “MC Thunder II”, cuja mistura de riffs pesados com uma pegada eletrônica fez com que todos dançassem e cantassem juntos. “Spaceman” manteve a energia alta, destacando tanto a musicalidade quanto o carisma dos membros da banda.
“Hate/Love” ofereceu uma mudança de ritmo, trazendo uma abordagem mais melódica e introspectiva. Um dos momentos mais explosivos do show foi, sem dúvida, a apresentação de “Hypa Hypa”, além do sucesso em colaboração com BabyMetal que havia sido tocado no dia anterior, “RATATATA”. A mistura interessante de estilos funcionou surpreendentemente bem ao vivo, fazendo o público cantar em uníssono. A fusão de kawaii metal e electronicore proporcionou uma experiência sonora diversificada e emocionante.
Encerrando o show com “We Got the Moves”, Electric Callboy deixou o público em um estado de euforia, criando um gosto de “quero mais”.
A seguir, no mesmo palco, aconteceu um show épico da banda clássica de heavy metal Judas Priest.
O espetáculo começou com uma explosão de energia, com a intro de “Panic Attack”, um dos singles do mais recente álbum “Invincible Shield”. A cortina com os dizeres:
“United we stand Divided we fall
Defenders of metal
For one and for all
Keeping the faith
Honour and pride
Strength in this bloodline
God on our side
Eternal immortal
Metal burns bright
Lifting our horns
Ready to fight
Stand and bear witness
With all of our might
As we raise the invincible shield”
foi puxada, fazendo com que o público gritasse de emoção ao ver os “Metal Gods” no palco. Em seguida, “You’ve Got Another Thing Comin'” elevou ainda mais a energia do público, que cantou em uníssono o hino que se tornou um marco no repertório da banda.
O show prosseguiu com “Rapid Fire” e a clássica “Breaking the Law”, onde todos bradaram o refrão de um dos maiores clássicos da banda. A plateia fez uma verdadeira viagem no tempo com clássicos como “Turbo Lover” e “Victim of Changes”, dos primórdios da banda e, na opinião de muitos, um dos melhores álbuns da banda: “Sad Wings of Destiny”.
Logo antes de iniciar “The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)”, um cover de Fleetwood Mac que se encaixou perfeitamente no estilo do Judas, Rob Halford fez “vocal warm ups” com a audiência, que respondeu a cada canto com entusiasmo à la Freddie Mercury, provando que o Metal God ainda possui uma impressionante potência vocal.
O público foi ao delírio quando Scott Travis fez a famosa pergunta: “O que vocês todos querem ouvir?” A resposta em uníssono foi um animado “Painkiller!” e logo a introdução de bateria da famosa e poderosa canção começou a ecoar pelos alto-falantes. A execução foi impecável, com Scott Travis dando um show à parte na bateria. “The Hellion” e “Electric Eye” continuaram a sequência avassaladora, mantendo a energia nas alturas.
Para fechar com chave de ouro, a banda trouxe os clássicos “Hell Bent for Leather” e “Living After Midnight”. Foi um final perfeito para uma noite inesquecível, com Halford subindo em sua Harley-Davidson para delírio dos fãs. A interação da banda com o público foi intensa, mostrando que Judas Priest ainda é uma força indomável no metal.
Dia 3
Logo no início do terceiro dia, a apresentação de Mammoth WVH impressionou o público. Liderado por Wolfgang Van Halen, filho do lendário guitarrista Eddie Van Halen, que infelizmente faleceu em outubro de 2020, o grupo entregou um show potente, demonstrando que tem tudo para se tornar uma grande força no rock moderno.
A abertura com “Mammoth” foi a introdução perfeita, seguida por “Mr. Ed”, uma das faixas mais marcantes do álbum de estreia, que destacou a habilidade de Wolfgang como guitarrista e vocalista. “You’re to Blame” foi outro ponto alto do show, com sua energia explosiva e refrão marcante. Em seguida, “Another Celebration at the End of the World” trouxe uma vibe mais festiva, mas sem perder o peso característico do som da banda. O público respondeu com entusiasmo, tornando esse um dos momentos mais interativos da apresentação.
Para concluir, “Don’t Back Down” deixou o público em êxtase com sua energia e refrão poderosos. A performance foi repleta de energia, técnica e emoção, provando que o legado do nome Van Halen continua vivo e pulsante, agora com uma nova e emocionante perspectiva.
Em seguida, a corrida para o North Stage levou a um dos shows mais divertidos do festival: Steel Panther. A apresentação foi um espetáculo de extravagância e humor irreverente, uma marca registrada do grupo californiano conhecido por sua paródia exagerada do glam metal dos anos 80. Com o público já preparado para o humor provocativo e as letras explícitas, a banda subiu ao palco com uma energia contagiante, fazendo com que a plateia se entregasse completamente à diversão.
O show começou com “Eyes of a Panther”, um riff poderoso e vocais marcantes deram o tom para uma sequência de hits carregados de energia. “Tomorrow Night” seguiu a animação, e logo a apresentação se transformou em uma mistura de stand-up e roast entre os integrantes. O guitarrista Satchel abriu o segmento dizendo: “Eu gostaria de apresentá-los a um dos maiores vocalistas de heavy metal do mundo. Gostaria de apresentar a lenda do heavy metal, um ícone do gênero. Um cara que inspirou toda uma geração de jovens a abandonar a escola no primeiro ano e usar c*caína durante suas vidas.” Michael Starr tentou agradecer ao público, mas foi interrompido por Satchel com: “Mas infelizmente o Vince Neil não está aqui hoje.” O público caiu na risada com a piada.
O novo baixista da banda, Spyder, e o baterista Stix Zadinia foram apresentados, com Stix realizando uma imitação hilária do baterista do Def Leppard, tocando a introdução de “Photograph” com apenas uma mão. (PS: Rick, te amamos!)
A banda chamou uma garota asiática que estava trabalhando no palco para a apresentação de “Asian Hooker”. Embora houvesse dúvidas sobre se a garota estava realmente feliz ou desconfortável com a letra, ela pulava durante toda a música. “Just Like Tiger Woods” continuou a sequência, com a plateia respondendo entusiasticamente às letras e ao espírito brincalhão da banda. “Friends With Benefits” foi executada com a habitual combinação de habilidade musical e irreverência, mantendo o público engajado e entretido.
A essa altura, o show já se estabelecia como um verdadeiro espetáculo, com os fãs cantando junto e rindo das interações e piadas entre as músicas.
“Community Property” marcou um ponto de virada no show do Steel Panther, onde a banda diminuiu um pouco o ritmo para uma balada. Durante a execução, milhares de vozes cantaram em uníssono, criando um momento tocante, mas ainda assim irreverente devido à letra da música.
O show foi encerrado com uma sequência eletrizante de “Death to All but Metal”, “17 Girls in a Row” e “Gloryhole”. Essas músicas capturaram perfeitamente a essência do Steel Panther: um tributo exagerado ao glam metal dos anos 80, com uma abordagem moderna e humorística que os diferencia de outras bandas. As duas últimas músicas, em particular, foram o clímax da apresentação, com várias fãs invadindo o palco após serem convidadas por Michael Starr, que mencionou querer quebrar o recorde de mais mulheres em um palco. O palco ficou lotado de fãs se divertindo e cantando, demonstrando a energia contagiante da banda.
Logo em seguida, no mesmo palco, a apresentação do supergrupo composto por Mike Patton (Faith No More) nos vocais, Trey Spruance na guitarra e teclados, Trevor Dunn no baixo, Scott Ian (Anthrax) na guitarra e Dave Lombardo (Slayer) na bateria, foi um espetáculo único. Formado em 1985, o grupo teve um hiato de quase 20 anos após fazer uma pausa em 2000 e retornou às atividades em 2019. A performance desafiou as expectativas, demonstrando a versatilidade e o talento da banda com uma mistura de gêneros, covers inesperados, participações mega especiais e a energia caótica característica do grupo.
O show começou de maneira inusitada com a execução de “Also sprach Zarathustra, op. 30” de Richard Strauss, mas em uma versão baseada na famosa (e caótica) interpretação da Portsmouth Sinfonia. Este início excêntrico prenunciou a noite de surpresas que estava por vir.
Após a introdução orquestral subversiva, o Mr. Bungle mergulhou em “Satan Never Sleeps”, um cover de Timi Yuro, trazendo uma combinação de intensidade e teatralidade que rapidamente capturou a atenção da plateia. Em seguida, “Grizzly Adams” e “Anarchy Up Your Anus” trouxeram a energia clássica e experimental que os fãs esperavam, com Mike Patton liderando o show com sua presença cativante e vocalizações variadas. O setlist continuou com “Bungle Grind”, demonstrando a habilidade técnica e a complexidade estrutural que caracterizam a banda.
A versão de “I’m Not in Love” da 10cc foi transformada em uma balada sombria e atmosférica, destacando a capacidade da banda de reinterpretar clássicos de maneira totalmente nova. A participação especial de Kevin Rutmanis em “Eracist” adicionou ainda mais profundidade à performance, enquanto “Hypocrites / Habla español o muere”, adaptada para “Speak Flemish or Die”, fez uma referência provocativa e bem-humorada ao público local, mostrando o humor afiado e a sensibilidade cultural da banda.
A participação de Wolfgang Van Halen em “Loss of Control” do Van Halen foi outro destaque especial, com a banda prestando homenagem ao legado de Eddie Van Halen enquanto infundia seu próprio estilo irreverente. O show foi encerrado com “All by Myself” de Eric Carmen, adaptada para “Go Fuck Yourself”, em um final cheio de humor e interação com o público, capturando perfeitamente o espírito do Mr. Bungle.
No Jupiler Stage, o show da clássica Uriah Heep foi uma verdadeira combinação de nostalgia e energia vibrante, mostrando que a banda continua a cativar fãs de diferentes gerações. A setlist, repleta de clássicos, fez com que os fãs cantassem junto com entusiasmo, hipnotizados pelo som.
A banda abriu o show com “Save Me Tonight”, uma das faixas mais recentes, que demonstrou que o grupo ainda tem muito a oferecer. A performance foi bem recebida, destacando a habilidade de Bernie Shaw nos vocais, que se manteve poderosa e expressiva, além do seu carisma e capacidade de se conectar com o público. “Grazed by Heaven” seguiu com entusiasmo, mostrando a habilidade da banda em manter seu som relevante.
Em seguida, “Rainbow Demon” trouxe uma atmosfera mais sombria e pesada, com Mick Box exibindo seus riffs icônicos, que influenciaram o rock progressivo e o heavy metal. A transição entre o novo e o antigo foi natural, evidenciando a versatilidade do grupo.
Momentos como “Stealin'” e “Rainbow Demon” trouxeram uma vibe mais sombria e mística, com a banda entregando uma performance poderosa e cheia de presença. “Free ‘n’ Easy” e “Hurricane” adicionaram um ritmo acelerado ao set, mantendo a energia do público em alta.
Encerrando com “Easy Livin'”, Uriah Heep proporcionou uma explosão final de energia, que foi o ponto alto da noite, deixando todos com um sentimento de euforia e gratidão por testemunhar um pedaço da história do rock. Em suma, a performance no Graspop foi um lembrete contundente do legado duradouro da banda e de sua capacidade de entregar um show memorável, mesmo após mais de cinco décadas de carreira.
No Marquee Stage, o show intimista da banda I Am Morbid foi um espetáculo poderoso que reafirmou o legado duradouro de Morbid Angel. Liderada pelos veteranos David Vincent (vocais e baixo) e Tim Yeung (bateria), com Bill Hudson e Kelly McLauchlin nas guitarras, a apresentação destacou o impacto contínuo da banda no death metal.
A setlist consistiu exclusivamente de clássicos do Morbid Angel, evocando a era áurea do death metal com álbuns icônicos como “Altars of Madness”, “Blessed Are the Sick” e “Covenant”. Faixas como “Immortal Rites” e “God of Emptiness” foram executadas com maestria, destacando o virtuosismo dos membros da banda, especialmente nos solos intensos de guitarra. A performance trouxe uma pegada fiel ao espírito original dessas músicas, adicionando uma nova camada ao brutal som que caracterizou Morbid Angel nas décadas passadas.
Os fãs presentes ficaram extasiados, e o vocal gutural de Vincent, combinado com a precisão rítmica de Yeung na bateria e as guitarras poderosas de Hudson e McLauchlin, ofereceu uma verdadeira aula de death metal. Apesar de um público menor, o ambiente no Marquee Stage foi carregado de uma energia palpável, com cada música sendo recebida de forma calorosa. A performance trouxe uma sinceridade e paixão que ressoaram profundamente com os fãs, mostrando que I Am Morbid é uma verdadeira celebração do legado da banda.
Em suma, o show foi um tributo à época de ouro do death metal, com a banda oferecendo um espetáculo avassalador tanto para os fãs mais antigos quanto para uma nova geração.
No North Stage, a performance da banda Avenged Sevenfold destacou-se como um dos grandes momentos do festival, mostrando a força e a versatilidade do grupo com um setlist que mesclou clássicos e material novo. O show começou com “Game Over” e “Mattel”, duas faixas do último álbum “Life Is But a Dream…”. Essas músicas, apesar de mais recentes, trouxeram uma energia renovada ao espetáculo, com M. Shadows conduzindo o público com sua presença marcante.
A terceira música, “Afterlife”, foi o primeiro grande momento nostálgico da noite, levando os fãs a um frenesi com suas melodias envolventes e o desempenho técnico impecável de Synyster Gates na guitarra.
O show continuou com “Hail to the King”, outro clássico que fez a multidão vibrar, reafirmando o status da banda como uma das principais no cenário do metal contemporâneo. A apresentação de “We Love You”, uma faixa mais experimental, surpreendeu os fãs com sua complexidade sonora, enquanto “Fiction” trouxe um momento mais emocional e introspectivo, criando um belo contraste com as músicas anteriores.
Logo após, a banda entregou “Unholy Confessions”, culminando em um solo explosivo de bateria de Brooks Wackerman, que foi um dos momentos mais intensos da noite. “Nobody” e “Nightmare” deram continuidade à energia, com Synyster Gates brilhando mais uma vez em um solo impressionante que encerrou “Nightmare”.
A teatralidade de “A Little Piece of Heaven” foi um show à parte, trazendo um tom sombrio e dramático que conectou perfeitamente com o público, que cantava junto a cada verso. Para encerrar o set, “Save Me” e “Cosmic” levaram os fãs a uma viagem musical épica, com suas estruturas complexas e um clima quase cinematográfico, deixando uma impressão duradoura.
No geral, o show foi um espetáculo equilibrado entre o passado e o presente da banda, com momentos de pura intensidade combinados a passagens emocionais, mantendo o público cativado do início ao fim.
Dia 04
No último dia do festival, apesar do cansaço, a jornada continuou com intensidade. A maratona de shows começou no South Stage com Extreme, cuja apresentação foi marcada por uma combinação impressionante de virtuosismo instrumental e energia contagiante, cativando tanto fãs novos quanto antigos.
O setlist começou explosivo com “It (‘s a Monster)” e “Decadence Dance”, mostrando o groove e a complexidade técnica que a banda sempre trouxe ao rock. A nova faixa “#REBEL” também se destacou, mantendo o público engajado com a pegada moderna da banda e se tornando uma das favoritas do show.
Gary Cherone, o vocalista, manteve o público envolvido durante toda a apresentação, especialmente com “Kid Ego”, que remete aos primórdios da banda. Um dos momentos mais eletrizantes foi o cover de “We Will Rock You” do Queen, seguido por uma breve introdução de “Fat Bottomed Girls”, também do Queen, antes de tocar “BANSHEE”. Isso mostrou a admiração do Extreme pelo rock clássico e sua habilidade em prestar tributo a ícones do gênero.
Entre os momentos mais marcantes do show esteve a execução de “More Than Words”, o hit acústico que levou a banda ao estrelato nos anos 90. A plateia cantou junto, criando uma atmosfera intimista e emocionante, enquanto Nuno Bettencourt e Cherone dominavam o palco apenas com violão e voz. O show logo seguiu com uma explosão de energia em “Get the Funk Out”, onde o funk metal pulsante da banda voltou com força total.
Nuno Bettencourt brilhou com seu solo em “Flight of the Wounded Bumblebee”, uma demonstração pura de virtuosismo, seguida de “Midnight Express”, outra peça instrumental que destacou sua habilidade em dominar diferentes estilos e técnicas na guitarra. O encerramento com “RISE”, uma faixa do álbum mais recente, encerrou o show em alta, com uma mensagem de superação e resiliência.
Em seguida, a atenção foi para o North Stage, onde a apresentação da banda Black Stone Cherry no Graspop Metal Meeting 2024 foi um espetáculo eletrizante, repleto de momentos memoráveis que conquistaram a multidão presente. A banda trouxe um setlist que equilibrou grandes sucessos e novas faixas, mantendo o público engajado do início ao fim.
O show começou com “Me And Mary Jane”, uma faixa conhecida por sua energia vibrante, que imediatamente cativou o público. “Again” manteve o ritmo acelerado, com guitarras pesadas e um refrão poderoso. A nova faixa “Out of Pocket” também foi recebida com grande entusiasmo.
“Like I Roll” trouxe um momento mais reflexivo, onde o público pôde realmente se conectar com as letras e a melodia, demonstrando a habilidade da banda em equilibrar músicas pesadas com baladas mais suaves. “Cheaper to Drink Alone” incluiu um solo de bateria impressionante de John Fred Young, adicionando um toque único ao show.
“When the Pain Comes” e “Blind Man” reforçaram a capacidade da banda de entregar faixas emocionalmente carregadas sem perder a intensidade, enquanto “White Trash Millionaire” trouxe de volta a vibração enérgica.
O show culminou em uma explosão de energia com “Blame It on the Boom Boom” e “Lonely Train”, duas das músicas mais conhecidas da banda, que encerraram a performance com chave de ouro, deixando o público em êxtase.
No último dia do festival, a maratona continuou com uma visita ao South Stage, onde o Rival Sons entregou uma performance poderosa e cativante. Conhecidos por sua habilidade em misturar rock clássico com uma pegada moderna, a banda levou a multidão a uma jornada cheia de riffs e energia.
O show começou com “Mirrors”, uma abertura forte que estabeleceu o tom para o set. “Nobody Wants to Die” e “Tied Up” mantiveram a energia alta, mostrando a habilidade da banda em combinar vocais emocionantes com instrumentais intensos. “Too Bad” destacou o carisma do vocalista Jay Buchanan e a destreza do guitarrista Scott Holiday.
“Open My Eyes” foi um momento de conexão com o público, que cantou junto em um dos pontos altos do show. A sequência com “Pressure and Time” e “Torture” manteve o ritmo acelerado, e “Do Your Worst” foi recebida com entusiasmo, com a plateia cantando cada palavra.
“Electric Man” e “Keep On Swinging” foram os grandes momentos de encerramento do set principal, com solos de guitarra arrebatadores e uma energia de palco contagiante. O show terminou com “Secret”, deixando o público eufórico e provando que o Rival Sons está em seu auge criativo e performático.
Depois, a atenção foi voltada para o South Stage, onde a apresentação da lendária Deep Purple solidificou ainda mais o status da banda. Com um setlist que abrangia desde clássicos intemporais até faixas mais recentes, o show foi uma celebração do rock em sua forma mais pura.
O show começou de forma explosiva com “Highway Star”, uma escolha perfeita para abrir e engajar a multidão desde o primeiro acorde. Ian Gillan, apesar da idade avançada, mostrou que ainda tem a habilidade vocal que o consagrou, enquanto Simon McBride, o mais recente guitarrista da banda, impressionou com sua interpretação dos solos icônicos.
“A Bit on the Side” e “Hard Lovin’ Man” mantiveram a energia alta, revisitando sonoridades que moldaram a história do hard rock. Um dos momentos mais marcantes foi o solo de guitarra de Simon McBride, que incorporou um trecho de “End of the World”, de Gary Moore. Este momento foi uma homenagem tocante que emocionou tanto os fãs de Deep Purple quanto os de Moore.
A banda também prestou tributo ao ex-tecladista Jon Lord com “Uncommon Man”, uma faixa introspectiva que capturou a essência do legado de Lord no som da banda. “Lazy” foi outro destaque, com Don Airey brilhando em um solo de teclado que fundiu elementos clássicos e rock progressivo. “Portable Door” e “Anya” mantiveram o público engajado com sua mistura de nostalgia e inovação.
O clímax da noite veio com “Space Truckin'”, que levantou a multidão em uma explosão de energia, seguida pelo hino “Smoke on the Water”. Esta última, talvez a mais icônica do repertório da banda, foi cantada em uníssono pela plateia, criando um encerramento épico para a apresentação. A banda provou que, apesar das décadas de estrada, ainda é capaz de entregar uma performance comparável aos seus dias de glória.
O show começou com “Coming Home”, que preparou o público para a energia que estava por vir, e rapidamente passou para “Gas in the Tank”, mostrando que a banda ainda tem muita vitalidade. Klaus Meine, mesmo após a cirurgia, demonstrou uma presença de palco poderosa, e sua voz se manteve clara e imponente. Rudolf Schenker e Matthias Jabs brilharam com seus solos, e Paweł Mąciwoda fez um trabalho notável no baixo, enquanto “Coast to Coast” destacou a habilidade técnica da banda com um momento instrumental muito bem executado.
A inclusão de “Delicate Dance”, com Ingo Powitzer substituindo Schenker, trouxe uma novidade refrescante e mostrou a capacidade da banda de se reinventar enquanto preserva sua essência. “Send Me an Angel” e “Wind of Change” proporcionaram momentos emocionantes e nostálgicos, com a plateia participando ativamente e cantando em coro.
O show ganhou nova energia com “Tease Me Please Me”, “The Same Thrill”, e “New Vision”, com destaque para o solo de bateria de Mikkey Dee, que deu um show à parte e reforçou seu status de um dos melhores bateristas da atualidade.
O final com “Blackout” e “Big City Nights” preparou o público para o esperado encore. “Still Loving You” trouxe uma carga emocional intensa, enquanto “Rock You Like a Hurricane” foi o grand finale perfeito, encerrando a noite com um estrondo e deixando a plateia em êxtase.
Foi realmente um festival recheado de lendas do rock e experiências inesquecíveis. Graspop Metal Meeting 2024 certamente ficará na memória de todos os presentes, e mal podemos esperar para a próxima edição. Dank u well, Graspop! Até 2025! 🤘