Diante dos anuncios da saída de Fernanda Lira (vocal) e Luana Dametto (bateria) da banda Nervosa, foi anunciada também a entrada de suas mais novas integrantes. A espanhola Rocio Vazquez, mais conhecida como Diva Satanica, foi a escolhida para assumir os vocais do grupo feminino de Thrash metal brasileiro. Confira a seguir a entrevista que ela deu para o nosso site.
Primeiro eu gostaria de agradecer por conceder esta entrevista ao CULTURA EM PESO. Particularmente, eu acompanho bandas espanholas há muitos anos, tais como Stravaganza, Leo Jiménez em sua carreira solo, Angelus Apatrida (vi ao vivo aqui), Lujuria, Warcry, Mileth e Xerion, que também são da Galícia, entre muitos outros …
- Também acompanho sua carreira no Bloodhunter há um tempo e vi sua participação no programa La Voz, da Espanha. Fiquei muito feliz com a notícia de que você seria a nova vocalista da banda Nervosa. Como foi o processo de ingresso na banda?
DS: Muito obrigada por me dar esse espaço. Estou muito feliz por todo o interesse que a nova formação está gerando. Quando Fernanda e Luana comunicaram à Prika sua decisão de deixar a banda, ela começou a fazer testes para encontrar os novos membros da banda. Ela me escreveu para perguntar se eu estaria interessada em fazer o teste e não hesitei, para mim é um sonho tornado realidade, porque eu as admiro muito e as acompanho há muito tempo.
- A nova formação da Nervosa veio com membros de diferentes países. Você acha que podem surgir dificuldades com esse fato? Além disso, mesmo com a pandemia, vocês já tem algum plano de reunião/ensaio?
DS: Hoje, a maioria das bandas profissionais tem membros que vivem em diferentes países ou mesmo em continentes diferentes. Graças às novas tecnologias, o trabalho remoto é relativamente fácil: você pode compor e compartilhar instantaneamente. Quase todo mundo que tem uma banda tem equipamento para gravar em casa o essencial para fazer suas demos. Como você disse, com esta situação é muito difícil saber quando poderemos viajar, mas estamos tentando nos organizar com a previsão de que podemos, dependendo das circunstâncias.
- Quais são os planos e expectativas em relação ao futuro com a banda Nervosa?
DS: Nervosa é uma banda de primeiro nível e, por esse motivo, o ritmo de trabalho é muito alto. Só podemos trabalhar em uma direção, que é tentar manter o projeto crescendo ainda mais. Com todos os adiamentos que estão ocorrendo por causa da pandemia, se tudo correr bem, 2021 será um ótimo ano!
- Sobre o Bloodhunter, existem previsões de lançamento de material?
DS: Estávamos terminando a pré-produção do nosso terceiro álbum e atualmente estamos esperando para entrar no estúdio quando as circunstâncias nos permitirem gravá-lo. Enquanto isso, acabamos de anunciar a reedição do nosso primeiro álbum (que estava fora de catálogo), com novas obras de arte de Gustavo Sazes e 6 faixas bônus do show ao vivo que fizemos em Madri no ano passado. Nós estaremos lançando vídeos desse mesmo show, então fiquem ligados!
- Em 2017, você participou do programa LA VOZ, da Espanha, no qual surpreendeu os juízes e o público cantando Sweet Dreams em uma versão gutural, levando o metal à TV aberta. O que essa experiência significou em sua carreira?
DS: Ser o primeiro concorrente em 5 edições a trazer o registro gutural para uma plataforma mainstream tem sido uma fonte de orgulho e me proporcionou um nível de visibilidade que, de outra forma, seria impossível. É um programa que na Espanha tem milhões de telespectadores e que também é transmitido na América do Sul. Foi uma experiência muito bonita e uma que me lembrarei com carinho, apesar do fato de que, obviamente, tive minhas críticas.
- Na Espanha, existem muitas bandas conhecidas que participam de vários festivais e turnês ao redor do mundo. Mas também existem muitas bandas na cena underground que fazem um excelente trabalho e que muitas vezes não têm a mesma visibilidade que mereciam (como também acontece aqui no Brasil) … Como você vê a cena underground espanhola? As bandas se apoiam?
DS: Eu acho que a cena metal em quase todos os países tem muitas bandas de alto nível e isso torna a competitividade muito alta. Além disso, com o acesso a praticamente qualquer disco através de plataformas digitais, fica muito difícil alcançar as pessoas tendo elas muitas opções para escolher. Na Espanha, tendemos a ser bastante críticos uns com os outros, e pensamos que, como existem poucas oportunidades, temos que competir entre si por elas. Ultimamente, parece que há mais irmandade entre músicos de diferentes bandas, mas é algo muito específico. Observe que, quando começamos a quarentena, todos fizeram lives para se divertir, mas nenhum fez isso junto com outras bandas. Ocorreu a Mireia Fontarosa (vocalista de Knights of Blood con la que BLOODHUNTER compartimos Agencia de Management Duque Producciones) e a mim, tentando fazer uma série de lives toda quarta-feira com músicos de bandas que trabalhavam com a mesma agência, para o público conhecer. Acho que fomos os únicos a ter uma ideia mais colaborativa e foi bem-sucedida.
- Você já fez parceria com outros músicos e bandas como Mago de Oz, Leo Jiménez, Kamelot … Como você se sente quando te convidam para fazer parte de outros projetos?
DS: Fazer colaborações com outros artistas é uma das coisas que mais gosto porque aprendo muito: me força a sair da minha zona de conforto e tenho que me adaptar a outros estilos. É claro que estar com artistas que admiro tanto quanto os que você menciona é motivo de orgulho para mim e sou muito grata a eles.
- Você participou recentemente, juntamente com outros músicos, de uma música que ajudará a arrecadar fundos para o Estudo Piloto de Fatores Genéticos Envolvidos no curso clínico da infecção por SARS-CoV2 (COVID-19). Como esse convite surgiu e como o projeto funcionará?
DS: Foi uma idéia de Ix Valieri (Ángeles del Infierno, 037 …) e Carlos Escobedo (Sôber) arrecadar fundos, como você disse, para a investigação da possível vacina contra o COVID_19. Ix tem familiares que são profissionais de saúde e estão envolvidos no estudo e ele sabe que eu também trabalho na área da saúde, assim como nós já nos conhecíamos (ele estava encarregado de gravar o videoclipe do BLOODHUNTER “All These Souls Shall Serve…Forever” e “Delusion” do OUTREACH, outra banda em que eu cantei), ele me convidou para participar.
- Em tempos de pandemia, qual sua opinião sobre shows, eventos, festivais, turnês? Você acha que o público assistirá aos shows como antes ou haverá uma queda nas vendas de ingressos devido à crise econômica?
DS: No momento, está claro que a prioridade é a saúde e tivemos que parar nossas vidas para salvar os mais vulneráveis. Eu acho que será difícil para nos recuperarmos, mas todos queremos tanto voltar à normalidade que certamente todos vamos querer assistir a todos os shows que pudermos. Logicamente, com esse impacto no nível econômico, é muito possível que os preços de ingressos ou merchandising tenham que ser reduzidos. Teremos que ver como podemos nos adaptar a novas circunstâncias.
- Na cena metal brasileira … Que bandas você conhece? O que mais chama sua atenção?
DS: Eu curto muito o Torture Squad (eu realmente admiro Mayara, que é uma grande amiga), Nervochaos, Sinaya e, claro, Sepultura e Angra! Agora estou conhecendo muitas outras bandas underground graças a todas as pessoas que me escrevem me dando as boas-vindas ao Nervosa e me mostrando seus projetos. O Impetus é a banda do meu amigo Diego Linhares, que está me ajudando muito a aprender português haha.
Acho que o que mais gosto é a paixão pela qual eles abordam suas composições, transmitem muita força e muito sentimento.
- Mais uma vez, agradeço sua atenção e, em nome do CULTURA EM PESO, desejo sucesso em todos os seus projetos e que seja muito bem-vinda aqui no Brasil. \ m /
DS: Foi um grande prazer conversar com todos vocês. Estou chegando, Brasil!
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