O Setembro Negro, festival bastante conhecido pela cena extrema do Brasil, tem em sua XV edição um “tempero” a mais…sim eles resolveram fazer uma pré-festa dessa edição e para tal chamaram os Canadenses do Voivod para animar o baile, que teve também a presença dos Noruegueses do In the Woods…, além dos Brasucas Leviaethan, Warshipper, Burn the Mankind e Erasy. Só por ter o Voivod, aí entra uma vírgula, quem me conhece sabe o quanto essa banda fez parte da minha formação como headbanger, eu já iria bater o ponto no Carioca Club, mas tinha curiosidade de ver principalmente o Warshipper ao vivo, visto que os discos de estúdio são matadores, queria ver o Leviaethan após tantos anos de batalha pelo Metal no Brasil e lógico, conhecer as outras bandas, porque já me surpreendi muito com isso (positivamente).

Porém devido a problemas de trabalho, só consegui chegar ao Carioca Club por volta das 17:30 e, antecipadamente, peço desculpas às bandas Burn the Mankind e Erasy por não ter chegado a tempo de assisti-los. Foi fácil estacionar, o Carioca Club, já disse isso em outras resenhas, é muito bem localizado, fácil de chegar, bom de estacionar nas redondezas, perto de metrô (que em uma cidade do porte de São Paulo ajuda muiiiiito). Nas redondezas barzinhos lotados de camisetas pretas faziam o esquenta do lado de fora, mas como eu já tinha acesso ao cronograma dos shows, me apressei a entrar, pois o Warshipper já estava entrando no palco.

O Warshipper acabou de lançar seu novo álbum “Essential Morphine”, recentemente resenhado por esse que vos fala, e como esse disco é muito bom, a minha curiosidade em vê-los “ao vivo” era muito grande e os caras não decepcionam. A banda tem uma presença de palco muito boa, equipamentos de banda grande desde os  instrumentos, microfone, todos de Inear, assistir o show deles no palco deve ser estranho, só vai ouvir a bateria, mas a massa sonora que se ouvia ali embaixo era de uma qualidade impressionante, também é fácil, o técnico de som que trabalha no Carioca Club não demora muito para acertar o som das bandas, até porque a acústica ajuda muito e o sistema de som da casa é de outro planeta. O show deles é potente, pesado e, apesar da casa estar enchendo ainda, fizeram um show muito bom, provando que cada vez mais estão prontos para alcançar mais dentro do cenário Death Metal, essa banda é uma grata surpresa, que continuem focados e lançando bons discos e fazendo shows desse nível.

O Leviaethan veio a seguir e, cumprindo à risca o horário, sobe no palco. O Leviaethan é uma banda Gaúcha bastante conhecida no cenário Underground, também pudera, a banda, capitaneada pelo baixista e vocalista Flávio Soares, comemora quarenta anos de resistência no Metal. O som estava estranho na primeira música, mas o técnico de som ajeitou rapidamente tudo e som se igualou ao padrão Carioca Club. Mesclando músicas do Smile e Disturbed Mind, com músicas inclusive inéditas, fizeram um show conciso e enérgico, apesar da frieza do público, Flávio até tentou fazer a galera abrir a roda, mas o povo queria vê-los tocar, mas de longe isso ter tirado o brilho do show deles e o recado foi dado.

Os Noruegueses do In the woods… vieram na sequência. A banda, apesar de já estar na estrada a muito tempo (formada em 1991) e com 6 discos na bagagem, vieram substituindo o Primitive Man, banda Americana que cancelou sua participação nessa pré festa. O som dos caras é uma mixórdia a ser compreendida, eles fazem uma mistureba de Black Metal com Ghotic, progressive e faz com que, em uma primeira audição, torne-se estranhos aos ouvidos, quero poder ouvir com calma essa banda, as vezes fazia lembrar Paradise Lost, mas tem vários elementos interessantes nas músicas deles, os mais radicais torceram o nariz, eu sinceramente não conhecia  a banda e vou querer ouvir os álbuns para ter uma melhor opinião a respeito, mas foi um show morno, apesar da estrutura estar perfeita e o público já estava enchendo o Carioca Club para assistir a atração principal e a banda mais esperada do evento o Voivod.

Se você me perguntar qual banda eu ouvi mais vezes na vida, certamente a resposta será Voivod. Tenho uma admiração muito grande pelos Canadenses, uma influência muito grande na minha história musical. Já tinha assistido eles no Hangar (se não me engano em 2014) e foi um show impecável, até porque o baixista Blacky tinha retornado para banda e ele foi um dos meus maiores influenciadores para que eu tocasse baixo, sim, as linhas de baixo do Voivod são impressionantes. Mas Blacky não está mais com a banda e eles vieram com Snake (vocais), Chewy (guitarra), Rocky (baixo) e Away (bateria).

No horário previsto o show começa, alguns barulhos de máquina no fundo, as cortinas vão se abrindo e os caras me mandam um dos seus maiores clássicos “Killing Technology” logo de cara, para derrubar tudo. o Show do Voivod é algo sempre irrepreensível, cada nota dissonante de Chewy faz lembrar com saudosismo o eterno Piggy (guitarrista da banda que faleceu em 2005) e que Chewy faz o papel de substituto com muito gabarito, a perfeição se faz inclusive nos timbres, na maneira de tocar, não tem quem não comente essa semelhança entre os fãs da banda. Tenho que destacar também que Rocky no baixo é um monstro, a banda que já teve o Blacky, Jason Newsted nas 4 cordas não vai substituí-los por qualquer um também e Rocky fez muito bem seu papel, inclusive no visual, os baixos do Voivod sempre foram bem estilizados e ele veio com um Flying V todo cheio de pontas, bonito demais.

O Voivod é uma banda que sempre surpreende e o destaque para o setlist explorando bem a trajetória da banda, que faz a Tour de 40 anos de existência, tocaram ao todo 13 músicas de 11 álbuns diferentes, meus destaques pessoais vão para “Macrosolutions to Megaproblem” , “Pre- ignition”, impressionante e eu não esperava alguma música do disco “The Outher limits” (na minha opinião um dos melhores álbuns deles) e foram com “Fix my Heart” e derrubaram tudo com “Voivod” no bis. Foi um show curto, executado com perfeição, com um setlist para coroar a ampla carreira dessa excelente banda.

Foi muito fascinante para mim ainda encontrar andando pelo meio da galera o baterista Away, dono da identidade visual da banda (que por sinal é muito foda) e membro formador da banda, que toca com uma energia surreal e é uma simpatia, tirou foto com a galera, distribuiu autógrafos e conversou com quem quisesse falar com ele. Além disso, assistir a um show desses, uma certeza eu sempre tenho, de que vou encontrar muitos amigos que não vejo a muito tempo, pessoal de vários estados Brasileiros e saí do Carioca Club com a alma mais leve, uma palheta (que consegui pegar do Rocky) e a recordação de um show inesquecível.

Setlist do show:

Killing Technology

Obsolete Beings

Synchro Anarchy

Macrosolutions to Megaproblem

Rise

Rebel Robot

Thrashing Rage

Holographic Thinking

Nuange Fractal

Sleeves Off

Pre- Ignition

Fix my Heart

Voivod

 

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