Dia 12/07 o tão esperado “sextou” aconteceu em família no Rio de Janeiro, com o show incrível do Suicidal Tendencies, abrindo oficialmente a turnê “NÓS SOMOS FAMÍLIA” no Brasil. O evento começou de maneira pontual e já com uma boa parte do público chegando para as primeiras bandas. Pavio, Eskrota e DFC, um lineup assertivo para aquecer um show do Suicidal Tendencies. A primeira banda a subir no palco e ficar responsável pelos primeiros mosh pits foram os cariocas da Pavio, que por estar tocando em casa, estavam bem a vontade e muito determinados a já começar a noite com força total.
A banda possui uma sonoridade que lembra um Hardocre Groovado, bem agressivo e com letras recheadas de críticas a classe social, racismo e facismo.A banda possui um forte posicionamento político muito bem expressados durante a performace de músicas como “Racista, você não é bem vindo aqui” que fez o Sacadura puxar um belíssimo coro, também é importante destacar aqui a faixa “Execução sumária” , faixa bem recebida pelo público e que fez estrago nas rodas, a banda também anunciou e executou uma nova música chamada “Sem anistia”, igualmente bem recebida. É importante destacar também o trabalho exímio da baterista Cynthia Tsai, quem é fã de gêneros como Hardocre, Grindcore etc, sabe como a bateria tem um papel importante na sonoridade, mas aqui ela foi o centro de tudo. Cynthia possui um talento e uma agressividade que faz ela ser a bomba por trás do pavio. Final do show se aproximando Marcelo Prol, vocalista da banda faz um inspirador e necessário discurso falando da crescente cena underground carioca. Show encerrado e os trabalhos da noite devidamente abertos, o Pavio com certeza fez fãs pelo sacadura, esperamos mais apresentações no futuro.
Seguimos então para a banda de Thrash “Eskrota”, liderada por Tamy Leopoldo e Yasmin Amaral. O show já começou com um grito de Yasmin anunciando mais um atração Antifa, seguindo apresentação com a música “Cena tóxica” que aborda o machismo e a toxicidade que hoje observamos na cena do rock e metal . A Eskrota conseguiu engajar muito o público tanto Yasmin como Tamy, constantemente puxam mosh pits e cobram engajamento do público, fazendo a experiência completa de um show de Thrash, “Não entre em pânico” abriu uma roda que já contava com um público maior e em seguida, a comando de Tamy, virou um belo Wall of Death que novamente se transformou em um mosh, mas dessa vez feminista, “Mosh feminista” levou de novo geral pra roda. Para apresentar a próxima música Yasmin começa um inspirador discurso feminista, em vários momentos a banda aborda o machismo durante sua apresentação, houve até um momento em que a vocalista ressaltou “Estou aqui fazendo o que amo com a minha melhor amiga” momento emocionante e inspirador, que foi amplamente aplaudido, e então, “Filha do Satanás” música inspirada pelo filme “Carrie, a estranha” trouxe a memória do sacadura para aquele fatídico baile de colegial clássico de filmes de terror, evento esse que fez muitos reassistirem o filme ao longo do final de semana, eu incluído. E para finalizar o show da Eskrota “Mulheres” e muitos gritos de “Machistas Não Passarão”. E assim encerrou-se a apresentação inspiradora e brutal da Eskrota.
Com certeza, das bandas que abriram o show do Suicidal, o D.F.C, veteranos do underground nacional, são um dos mais inspirados nos californianos. O vocalista Túlio, ressaltou a honra de abrir para uma de suas grandes inspirações ao longo do show. O D.F.C abriu o set com o pau no c# do capitalismo, de maneira figuradamente literal, com a música “P.N.C Do Capitalismo”. Túlio também agradeceu a um colega da Possuído pelo Cão ,seu projeto paralelo, que estava substituindo o baixista da banda. Em seguida a banda tocou “Todos eles te odeiam” e em seguida “Conversa pra Boy dormir” do excelente “Sequência Animalesca de Bicudas e Giratórias” , ainda falando de clássicos da banda, tivemos a performace de “O Mal da Liberdade” do clássico “Igreja Quadrangular do Triangulo Redondo” em seguida Túlio falou de maneira humorada do preço da gasolina, que imediatamente fez o sangue de muita gente subir mais que o preço do petróleo, “Petróleo Maldito” abriu rodas que resolveram esse problema. E logo depois de “Censura” veio segundo Túlio : “Vai se foder…..na igreja” de maneira humorada a banda começa “Vai se foder no inferno” música resposável pelo clássico boné dos fãs do D.F.C, show quase acabando e somos surpreendidos pela presença de Vinny, vocalista da banda de Hardcore “Switch Back”, diretamente de Niterói, que subiu ao palco para encerrar o show ao lado do D.F.C com “Molecada 666”. O D.F.C trouxe muitos fãs ao Sacadura, e encerraram as apresentações nacionais de maneira espetacular, mostrando a força da nossa cena.
Seguimos então para a atração principal da noite, uma banda que certamente inspirou muitas que estavam presentes, como público ou como participante, “diretamente de Venice Beach”, Suicidal Tendencies. Após um intenso coro do público já totalmente engajado para o show gritando “ST, ST, ST” a banda começa com o clássico “You can’t bring me Down” chegando com os dois pés na porta e fazendo abrir uma gigantesca roda com direito a sinalizador. O engajamento do público estava monstruoso, e após uma abertura excelente a banda engatou com “Lost Again” , Mike Muir enalteceu a alegria de estar tocando no Rio de Janeiro, e alegou sempre exaltar a cidade entre colegas músicos, a banda engatou com “Send me Your Money” que fez geral cantar junto, Mike citou também sua participação em São Paulo na noite anterior com o Planet Hemp na celebração “Baseado em Fatos Reais 30 anos de Fumaça” trazendo muito orgulho pro público carioca. “War inside my head” trouxe de volta circle pits e mosh pits intensos e também tivemos “Memories of Tommorow” e ”Freedumb” trazendo muitos solos de baixo e ressaltando o talento de Tye Trujillo. “Subliminal” um dos grandes hits da banda fez um enorme circle pit no sacadura e muito engajamento com o público que cantou a música do início ao fim “Lovely” veio em sequência seguida de “Possesed to Skate”, que Mike dedicou aos skatistas da casa e assim seguimos para “I Saw Your Mommy” novamente fazendo todo mundo cantar a música do início ao fim. Subiram ao palco Yasmin Amaral (Eskrota) e Marcelo Prol (Pavio) até mesmo o produtor Luciano Tomarock foi convidado a participar e a banda apresentou “Nós somos família” faixa que promoveu a turnê em parceria a bandas nacionais, uma honrável e respeitosa atitude do Suicidal Tendencies, teve Wall Of Death principalmente quando a banda imendou “Cyco Vision”, seguindo para “How Will i Laugh Tommorow” e então…Aviso aos navegantes desse texto, a partir desse momento o show deixou de ser show e virou uma verdadeira festa, tudo aconteceu ao mesmo tempo e foi lindo de presenciar. Em meio a gritos de “ST, ST, ST” e solos de baixo Mike foi chamando pessoas ao palco que iam de influencers a fãs, e a banda começou a tocar “Pledge your Allegiance” e então mais pessoas subiram no palco, fãs, membros restantes das outras bandas, o palco virou uma celebração, e o sacadura gritava a plenos pulmões “ST….ST…..ST” foi uma execuçao orgânica, espontânea e sincera, trazendo um momento especial a todos que estavam presentes e encerrando a noite de maneira memorável. Um lineup coeso, uma apresentação intimista das bandas e muito engajamento por parte do público, foram a fórmula para um evento tão especial que conseguiu respeitar o espaço das bandas nacionais de maneira respeitosa e inteligente, mostrando porque o Suicidal Tendencies é até hoje um dos maiores expoentes do seu segmento até hoje.