Velharia
Do Dicionário:
Tudo o que é próprio de pessoa idosa.
[Pejorativo] Objeto velho de pouco valor; traste.
Uso ou costume antigo, ultrapassado.
Termo obsoleto.
Mais de 60 anos… essa é a idade estimada (e muito variada) do nosso querido rock and roll. E apesar desse tempo, com várias mudanças, novos estilos, nova roupagem e novos personagens ele ainda está por aqui.
Mas o objetivo dessa coluna não é falar do atual e sim do que já foi, do que já passou e principalmente o que influenciou as pessoas nesse singular estilo (e modo de vida) que continua firme e com cara de que ainda vai ter muito chão pela frente.
Espero que gostem da jornada e continuem a nos acompanhar por essas histórias.
Fitas K7, as mp3 do passado
No início existiam somente os discos de vinil. E apesar de toda a magia que eles traziam com eles vinha um grande problema: eram grandes, frágeis e principalmente não davam para ser levados para escutar em lugar que não houvesse um toca discos (Que era maior ainda e muitos raros os que funcionavam a pilha).
Em 1964 na Alemanha começou a produção dos cassetes compactos. Os primeiros com músicas pré-gravadas foram lançados no Inglaterra em 1965 e nos EUA em 1966.
Para quem nunca viu uma fita K7, ela é assim:
Dois carreteis, uma fita em uma caixa de 10 x 7 cm. Basicamente isso. Uma engenharia que somente necessitava de uma caneta BIC para melhorar. Mas que conforme vídeo abaixo gera dificuldade as novas gerações entenderem seu conceito:
Apesar da praticidade, as fitas K7 tinham uma qualidade por muitas vezes (MUITAS) questionáveis e só caiu nas graças do grande público com a invenção de umas das maiores inovações tecnológicas da música: o walkman.
Essa invenção da Sony fez com que finalmente pudéssemos levar as músicas que tanto gostávamos aonde quer que fossemos.
Mas as fitas K7 tinham outras vantagens, além da praticidade também era muito mais baratas e nos permitiam fazer uma coisa que antes não conseguíamos: copiar músicas de discos, outras fitas ou até mesmo da rádio, ou seja, o precursor da pirataria musical da grande massa. Não que a pirataria musical não existisse, mas a pessoa tinha de ter um pouco mais de grana para investir em equipamento. Mas um K7? Isso tinha em todas as lojas de música e principalmente nos camelôs da sua cidade.
Quem com mais de 30 anos nunca ficou grudado ou ligando várias vezes para a rádio para pedir a música que tanto queria para poder gravar? Que atire a primeira pedra.
O K7 também pode ser considerado com o maior precursor do underground. Quantas pessoas que começaram a ouvir e curtir bandas por causa de fitas trocadas com amigos ou via correio com pessoas de várias partes do mundo? Lembrando que na década de 80 muitas vezes um lançamento demorava para chegar no Brasil, mas graças as fitas, acabavam chegando em menos tempo.
Além da divulgação das grandes bandas, os K7 foram os responsáveis pela divulgação de TODAS as novas bandas que surgiam, porém que não tinham dinheiro ou gravadoras para sustentar seus lançamentos. Em uma época em que os estúdios eram poucos e caros, isso fazia com que as bandas gravassem somente 1 cópia de suas músicas e as copiassem e vendessem através fitas cassetes para fãs e para envio para revistas e gravadoras. Não foram poucas as vezes que comprei fitas na antiga revista Bizz (falaremos dela mais para frente) e trocava e copiava para outros e assim fazendo que as bandas tivessem uma maior divulgação.
O reinado das fitas K7 encerrou-se no final dos anos 80 e início dos anos 90 com a chegada do CD, que além de tão compacto, possuía uma qualidade de áudio infinitamente melhor e assim fez com que as fitas fossem sendo esquecidas.
Porém assim como o vinil ressurgiu, o K7 começou a voltar com movimentos undergrounds de bandas. Se vai durar, só o tempo dirá.
Um grande abraço e até a próxima.