Dentre todos os discos que havia pego para resenhar eu confesso que não tive dificuldade, eis que escutei músicas dentro de uma linha de som que costumo escutar, mas apareceu na minha frente um desafio: uma banda de Black Metal, um estilo que apenas sei dizer, gosto e não gosto, nada mais.

Nem só de diversão vive este resenhista aqui, vi o desafio como algo positivo e me dispus a estudar sobre o estilo, e a entender tudo o que circula dentro do Black Metal. Não queria ser injusto com a Banda e com o estilo. Confesso que sempre achei um estilo complexo, pois é cercado de circunstâncias, clima, respeito ao estilo de som, temática sombria e a incorporação de tudo isso por conta dos membros.

Feito o meu dever de casa me inseri na audição da banda (horda) Eternal Sacrifice, vi um potencial incrível e a felicidade de conhecer toda história dela por meio do material que recebi. Os mesmo estão na estrada desde 1993 apresentando trabalhos influenciados por obras musicais e literárias que abordem o paganismo.

Em setembro de 2018 lançam aquele que eles chamam de terceiro álbum conceitual da banda, chamado Ad Tertium Librum Nigrum, pelo selo Hammer Of Damnation e posteriormente chegou as plataformas digitais via Sangue Frio Records.

Estamos falando de uma horda que conta com 25 anos de história meus amigos, logo criei uma grande expectativa quanto ao disco. O mesmo começa com uma sinfonia introdutória, ela consegue te inserir dentro da atmosfera existente dentro do disco, demonstra desde o começo a roupagem utilizada e a fidelidade ao clima pagão.

Na próxima música chamada The Three Mashu’s seals – The Conquest of the Ganzir and Arzir Gates – há a  inserção em um conto onde os vocais narram e ambientam o ouvinte dentro da história abordada no disco. E execução dos teclados elevam a ambientação conforme a narrativa e transformam a música em uma bela história musicada.

Dentre as referências que estudei percebo de cara uma sonoridade que me lembra Satyricon e Emperor, respeitando afinações, temática, estilo de sonoridade de uma fase embrionária do Black Metal.

A próxima faixa, chamada The Vision Of The Light Of The Sculptures In The Monument of Mashu (The Black Book of Signs) – trás um clima obscuro, com instrumental denso, conversações vocálicas, gosto muito da impressão rítmica feita pelas cordas. Mostra muita fidelidade ao Black metal pagão e cru. A velocidade e sincronia da bateria me impressiona positivamente é de fato muito boa. É um trabalho feito por quem realmente entende do assunto! Outra semelhança que me vem é o vocal do Abbath.

The Amulet, The Fire And The Seals Of Wisdom In The Course Of A Triple Life – aproveito aqui para fazer elogio para as letras desse disco, tá muito bem escrito, se eu narrar elas tirarei a curiosidade dos leitores, mas garanto, são muito boas, há uma temática incrível sendo abordada, estou falando de uma música ríspida, pesada, rápida e com um incrível trabalho de cordas, cada Riff sendo muito bem explorado e executado, na minha opinião a melhor música do disco! Aqui há umas pitadas mais modernas.

The Revelations Of The First Sigil, Lucifer, After a Saga Of Delusions And Battles  O refrão desta música ficou grudado na minha cabeça por uns 3 dias, outro som que tem pitadas de uma sonoridade mais moderna, como disse anteriormente os diálogos existentes durante o andamento da música estão muito bem ambientados, algo realmente impressionante, há o diálogo entre partes nesta música e vemos claramente um discurso ocorrendo na transcrição da música. Há neste disco elementos eruditos que me deixam de boca aberta.

O instrumental está violentíssimo, agressivo e muito bem executado!

When Angel of Light in Ur, In Invoking The Second Sign Agga – voltamos para uma temática mais rústica, versos e pegadas que conversam com os admiradores da horda chamada Eternal Sacrifice, entra na lista das minhas favoritas. Excelente música com andamentos bem diferentes um do outro, no entanto imprime a temática abordada até agora.

Nasha, Restitution Of Double The Light (Luce) And Harmony (Fer) – Pagans Calls – outra música com letra e temática muito bem elaborada. Me agrada muito a maneira como vão fundo nas abordagens das letras, e como exploram o som.

Introtorio, Interludium e Epilogue são músicas de ambientação, feitas especialmente para fãs do estilo.

The Emptiness, The Guard Of The Sortileges And The Time In Which The Dust Takes The Rites – Uma das letras mais bonitas que já vi, condizente com toda a temática que envolve o disco. Vocais muito bem encaixados, a soma ao instrumental lembra muito ícones antigos do Black Metal, algo que continua me chamando a atenção é como o teclado cria uma ambientação condizente ao som apresentado.

Um ótimo disco, com uma excelente temática e ambientação, inclusive com o material ilustrado, tudo feito para proporcionar uma ótima experiência ao escutar este disco.

Respeita muito os padrões do Black Metal e justifica os 25 anos de história, além de gerar uma curiosidade em escutar os outros discos, principalmente os conceituais para sacar se há uma parte anterior das narrativas tratadas aqui. É nítido também a presença de música clássica, elementos eruditos, há um grande estudo para a composição do disco. Está muito bem pensado e elaborado. Nada disso seria possível sem a ótima qualidade de gravação, somou e muito.

Justifica a preocupação do pagãos defensores do estilo utilizarem um ambiente em que se identifica de primeira como uma horda pagã. Parabéns e muito obrigado pela experiência e pela qualidade do material entregue, segue algumas informações da horda e links de contato.

FORMAÇÃO:

T. L. H. Anton Naberius: Vocal

Charles Lucxor Persponne: Lead Guitar

Marquis Orias Snake: Lead Guitar

Sado Baron Szandor Kastiphas: Keyboards

Frater Nigrvm Ayangá Ilasha: Bass

Frater Deo Sóror Comite Ferro: Drums

 

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