Há uma grande sensação que o Matanza Inc traz uma versão mais crua e violenta sonoramente que o o Matanza e com pitadas de Horror Punk, foi esta a intenção do grupo?

O Matanza INC realmente traz uns elementos mais sombrios em relação aos trabalhos anteriores do Matanza mas isso foi uma evolução natural das coisas. A cada disco é preciso dar um passo adiante em alguma direção justamente pra não ficar fazendo a mesma coisa, repetindo o mesmo disco. O passo do Matanza INC foi numa direção bem obscura mas é algo que já vinha se anunciando desde o álbum anterior, o “Pior Cenário Possível”.

O sentido das letras segue o mesmo caminho, falar de bêbados, loucos e psicopatas, o que o fã pode conhecer de novo no grupo?

Eu acho mais assertivo dizer que as letras tratam das idiossincrasias dos homens e de todo o teatro que se constrói para acomodar nossos vícios de atitude. Trata do quanto nos enxergamos nos erros que apontamos e o quanto isso no fundo nos perturba. Essa abordagem nas letras é algo que venho desenvolvendo ao longo de toda a carreira do Matanza e que pretendo continuar no Matanza INC.

Como foi feita a escolha de Vital Cavalcante? Como chegaram a escolha comum dele para assumir os vocais?

O Vital é um camarada de muitos anos, viemos do mesmo Underground carioca… Quando pensamos em um vocalista, sabíamos que tinha que ser um cara de muita personalidade, que não copiasse ninguém e que tivesse alcance vocal pra abrir para banda novas possibilidades. Soubemos já no primeiro ensaio que era o cara certo!

“Crônicas do Post Mortem – Guia Para Demônios & Espíritos Obsessores” é mais uma obra que tem o seu selo de criação. Essa mistura do Hardcore, Country e letras subversivas é algo único no cenário nacional e que você vez escrevendo a mais de duas décadas sempre com entusiasmo e qualidade altíssima. De onde vem suas inspirações, de onde surgem as idéias? Quais as influências que te movem?

As ideias surgem de todos os lugares: dos filmes que assisto, dos livros que leio, dos quadrinhos, de conversas, de cervejadas… É um trabalho ininterrupto. Estou sempre gravando riffs, anotando ideias, escrevendo trechos, frases soltas que podem vir a fazer algum sentido algum dia.

Como tem sido a recepção pelo disco? Tem alcançado os objetivos da banda?

A recepção do disco tem sido excelente! Existem aqueles que são fãs da nossa música e em sua grande maioria estão muito felizes que continuemos os trabalhos. Também existem os que nos odeiam, mas esses odeiam todo mundo, então não faz diferença.

Destaco “A cena do seu enforcamento” como uma das melhores canções do disco, mas é inevitável dizer que ele esta excelente do inicio ao fim. Como foi o trabalho de criação, produção e gravação levando em conta que vocês moram em cidades com relativa distância?

O trabalho de composição eu faço basicamente sozinho em casa. Sempre foi assim porque eu simplesmente não sei trabalhar de outro jeito. Depois que a música está relativamente pronta, eu apresento pro pessoal e juntos vemos o que funciona e o que não funciona com a banda. Daí, com os arranjos resolvidos eu escrevo a letra. Mas é importante que todos acompanhem o processo, por isso trocamos muitos arquivos pela internet. Até pra otimizar o pouco tempo que temos quando nos encontramos fisicamente, porque eu moro em São Paulo, o Maurício em Santos e o resto da banda no Rio de Janeiro. Não temos uma rotina de ensaios, então quanto melhor preparados chegarmos no estúdio, melhor.

Jogo rápido:

4 bandas nacionais: Enterro, Lâmmia, Jason e Os Estudantes

4 bandas internacionais: Black Sabbath, Mayhem, MC5 e Mano Negra

Matanza: Missão cumprida

Matanza Inc: Só alegria

Brasil: Um país que poderia ser maravilhoso

Country: Grande influência

Hardcore: Coeficiente de pressão

Psicopatia: Válvula de escape

Humanidade: um equívoco da natureza

Bar: Causa e solução de todos os problemas

Família: Nosso bem mais precioso

Música: Necessidade

Um disco: “You Can’t Stop Rock n Roll” (TWISTED SISTER)

Uma música: “Rubber Biscuit” (BLUES BROTHERS)

Uma frase: “Kick out the jams, motherfuckers!”

Como está a agenda do grupo na divulgação do disco? a próxima parada é no Festival de Tattoo em Osaco (9º edição). Qual a expectativa do grupo nessa tour?

Todos os shows hoje em dia são uma festa e estamos fazendo tudo com muita calma exatamente pra que não deixe de ser uma alegria. Em Osasco vamos dividir o palco com o Pavilhão 9 e o Golpe de Estado então será incrível, com certeza!

Os fãs podem esperar alguma novidade para o segundo semestre?

Estamos muito felizes desenvolvendo os trabalhos com o Matanza INC então os fãs podem esperar novidades sempre!

Rodrigo Lima, Marcelo Schevano e Vladimir Korg foram os convidados para as gravações. A qualidade dos mencionados dispensa avaliação, mas na sua visão, o que eles agregaram ao disco e a temática imposta pela banda em suas canções?

Ter esses grandes amigos participando do disco, só pelo astral já teria valido demais, mas todos acrescentaram muito às músicas. O vocal do Rodrigo ficou perfeito em “O ELO MAIS FRACO DA CORRENTE” que é a música mais Hardcore do disco, assim como o do Korg em “PARA O INFERNO”, que é mais Thrash Metal. A participação do Marcelo Schevano foi algo que pintou no dia da gravação e devo dizer que abrilhantou “PODE SER QUE EU ME ATRASE” porque um piano num Southern Rock sempre cai muito bem!

 

A saída do Jimmy da banda foi uma decisão comum de todos, ou uma decisão particular dele?

Foi uma decisão da banda.

Qual o principal sentimento que a música te dá?

Plenitude. A arte de um modo geral é algo que pode extrapolar fronteiras, alterar estados emocionais, oferecer opções de entendimentos e de visão desse mundo em que vivemos todos. É por isso que um artista não mede esforços nem poupa trabalho quando se trata da sua obra, porque ela é maior que sua própria vida.

Quem é o Donida por trás da música? O que ele tem embarcado dos personagens criados nas suas letras?

Alguém que gosta muito de ler, de escrever, de tocar, de compôr, de desenhar, e que é muito agradecido ao Destino pela oportunidade de dedicar a vida a tantos processos criativos. Os personagens que povoam o meu imaginário são fractais do mundo como eu o vejo, são reflexões do meu entendimento da sociedade e de tudo o que me afeta de alguma forma.

 

Qual o principal conceito que vocês quiseram trazer com a capa do disco? O Diabo tem alguma conotação de expressão para você?

O Diabo é um símbolo de liberdade criativa, exatamente aquilo que a sociedade conservadora não quer que as pessoas desenvolvam. Se trata da velha estratégia de manter o controle através do medo, e quando você traz a imagem do Diabo pra si, você rompe esse paradigma. Porque o mal está no coração dos homens e não em alegorias.

Contatos , links , merchan?

www.matanza-inc.com.br é o nosso site oficial. De lá você encontra links para todas as redes sociais e plataformas, além da nossa loja on line: www.lojamatanzainc.com.br

Mensagem final:

Agradeço a oportunidade de falar sobre o trabalho do Matanza INC e espero que possamos em breve nos encontrar num show pra curtir um som e tomar umas geladas!

 

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