Segunda-feira, quem ia me dizer que a última segunda-feira seria uma das melhores que já vivi. A verdade é que pude ter uma ideia com a grande escalação que estava tocando, mas mesmo assim superou minhas expectativas.

Imagine terminar o trabalho, correr para pegar o transporte público e aparecer às 18h30 no Razzmatazz para ver um show. A verdade é que poucos o fariam, mas fiquei feliz por ver que quando entrei já havia bastante gente à espera que o Mantar saísse para jogar.

A dupla alemã mostrou pontualidade e começou às 13h30.

Até hoje ainda me surpreende ver bandas que só têm dois integrantes, a primeira coisa que me vem à cabeça é que faltam instrumentos, que talvez não tenham muita potência sonora… Mas não. Mantar sabe o que está fazendo e assim que começamos ‘Pest Crusade’ a parede de som explodiu em nossos rostos.

Cada batida da bateria ficava presa em seu peito e fazia você se mover quase instintivamente. O arranjo de Hanno (vocal e guitarra) e Erinç (bateria) é bastante curioso, eles se encararam e deixaram o público de lado. A verdade é que é uma encenação arriscada, mas divertida de assistir, embora os coitados tenham ficado bastante presos à beira do palco devido a tudo o que havia por trás deles (adereços e instrumentos dos outros grupos).

Eles continuaram sem parar com ‘Spit’ e ‘Age of the Absurd’. Ousaram usar o catalão, dedicando-lhe um Bon Día Catalunya e ficaram muito gratos por tocarem na hora em que tocaram, mesmo sendo segunda-feira, todos estavam lá apoiando-os. Eles continuaram com ‘Egoisto’ e ‘Hang ‘Em Low (So the Rats Can Get ‘Em)’. Hanno não parava de pular e aproximar a guitarra do amplificador para gerar mais ruído enquanto tocavam ‘Oz’, uma máquina.

Hanno comentou que há nove anos eles vieram para Barcelona e tocaram na sala Rocksound, e quando chegaram hoje perceberam que haviam demolido e construído, agradecendo pela oportunidade e afirmando que devemos apoiar bandas pequenas. O povo aplaudiu e depois deu lugar a ‘Era Borealis’, o público enlouqueceu e deu tudo de si. Eles terminaram com ‘White Nights’.

O primeiro aperitivo foi servido e chegou a hora de dar lugar ao primeiro prato principal.

The Halo Effect

Às 19h35 as luzes se apagaram e uma introdução começou a tocar enquanto um por um todos os membros deste supergrupo, The Halo Effect, entravam, enquanto todo o público aplaudia em uníssono.

A banda sueca, formada por ex-integrantes do In Flames, ofereceu um show vibrante, deixando evidente o seu talento e confirmando as expectativas geradas.

O grupo, liderado pelo carismático vocalista Mikael Stanne (também vocalista do Dark Tranquillity), fez um tour de seu único álbum até o momento, ‘Days Of The Lost’ (2022), tocando-o quase na íntegra.

‘Days Of The Lost’, ‘Feel What I Believe’ e ‘Shadowminds’, sendo este último o mais aclamado pelo público.

Numa de suas pausas para agradecer a energia do público, Stanne comentou que esta banda é “nova” já que foi criada em plena pandemia de COVID. Ele disse que de tudo de ruim que aconteceu naquele momento saiu algo bom, algo lindo, e é aí que está o importante, na resiliência e no seguir em frente.

Apesar de ter tempo limitado em palco (40 minutos) e espaço reduzido, The Halo Effect demonstrou o seu profissionalismo e dedicação, com uma proposta musical impecável e uma energia contagiante. A banda também apresentou seu novo single, ‘Become Surrender’, lançado em fevereiro, deixando um gostinho bom na boca dos presentes.

Stanne, com sua ótima gestão de palco e atitude positiva, conquistou o público de Barcelona, ​​que desfrutou de um show intenso e memorável.A banda se despediu com a promessa de voltar com um segundo álbum e, com certeza, com uma turnê própria que lhes permitiria mostrar todo o seu potencial.

E bem… finalizado o primeiro prato, foi a vez do prato estrela, outros suecos, mas com um estilo um pouco diferente, foi a vez do MESHUGGAH!

MESHUGGAH

Uma mensagem começou a tocar dizendo que o show estava prestes a começar, que as pessoas deveriam aproveitar o show, deixar seus celulares nos bolsos, colocar seus óculos escuros e protetores de ouvido e depois tocar ‘Careless Whisper’ de George Michael como uma piada, fazendo todo o público rir.

Terminado, as luzes se apagaram e como se fosse um inferno, um espetacular conjunto de luzes vermelhas começou a iluminar os membros do Meshuggah como se fossem aparições demoníacas.

Eles iniciaram o show com ‘Broken Cog’ de seu último trabalho. O público se arrasou ao ouvir ‘Rational Gaze’. A esta altura do espectáculo, que acabava de começar, não conseguia deixar de pensar que a qualidade sonora e técnica que este concerto me oferecia era única e inigualável.

Cada instrumento podia ser ouvido perfeitamente, os cenários de iluminação eram espetaculares, gerando visões dos integrantes que realmente davam uma atmosfera diabólica. Até hoje só tinha visto uma banda que fez tudo perfeito (Tool) mas sei que agora posso colocar o Meshuggah em segundo lugar no pódio. Eles seguiram com ‘Perpetual Black Second’ e ‘Kaleidoscópio’.

A essa altura do show o público já estava em êxtase do momento, quem via o grupo pela primeira vez (inclusive eu) estava pirando, mas os frequentadores também estavam, pois pelo que foi dito, isso poderia ser um de seus melhores shows.

‘God He Sees In Mirrors’, ‘Born In Dissonance’ foram os próximos. Eles fizeram uma pequena pausa enquanto tocava o instrumental ‘Mind’s Mirror’ para retornar com a dupla ‘In Death – Is Life’ e ‘In Death – Is Death’.

O que é preciso dizer, embora a encenação seja espetacular, a banda sente-se um pouco hierática em palco, o que não me parece mau porque dão mais importância à música do que à boa aparência, mas sim, talvez me tenha faltado um pouco interação com o público.

Eles continuaram com ‘Humiliative’ e a ótima música ‘Future Breed Machine’, que foi celebrada pelo público com um mosh que não parou por um segundo até a música terminar.

Eles fizeram o típico de partir para voltar com a bomba atômica ‘Bleed’. Não vamos negar a verdade se eles saírem sem tocá-la, as pessoas queimam Razzmatazz em protesto. Mas como não foi assim, as pessoas perderam os cabelos e quebraram o pescoço com uma batida de cabeça arrítmica (dada a dificuldade do assunto). Para finalizar o show, eles decidiram dar tudo de si e derrubar a sala com ‘Demigure’.

Ninguém, digo, ninguém, me preparou para o que vivi naquela noite.

E termino a crônica assim como comecei: maldita segunda-feira, você nunca será tão legal quanto a que vivi naquele dia…

Nota: 9

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